16 de julho, de 2024 | 08:10

No Dia do Comerciante, especialista explica baixa das contratações formais na região

Nesta terça-feira (16) é celebrado o Dia do Comerciante. No entanto, em meio às comemorações, o comércio do Vale do Aço apresenta uma queda na geração de empregos formais. Em entrevista ao Diário do Aço, o geógrafo e coordenador estatístico e de pesquisa do Observatório das Metropolizações Vale do Aço/IFMG Ipatinga, William Passos, explica o motivo da baixa.

William aponta que o comportamento do segmento pode ser uma influência. “O comércio, por si só, tem uma dinâmica muito sazonal: contrata no fim do ano e demite no início do ano seguinte. Isso tem relação com o aumento do movimento e do faturamento provocado pelo Natal e pela injeção do décimo terceiro salário na economia. Tem ano que o aumento das contratações e o início das demissões retarda um pouco, mas, em regra, essa é a dinâmica”, afirma.

Ele também destaca que a economia da região desacelerou acompanhando a indústria, que segue um movimento inverso ao do Brasil e de Minas Gerais.
“Enquanto a indústria mineira e nacional contratam, a do Vale do Aço demite. Os municípios com saldo positivo não cobrem os com saldo negativo. O resultado é menos massa salarial circulando e menos gente consumindo. O comércio regional sente a situação da indústria. Quando a indústria contrata, o comércio contrata. Quando a indústria demite, o comércio demite. O trabalhador da indústria consome no comércio e isso puxa as contrações porque o movimento nos estabelecimentos aumenta”, relata o especialista ao jornal.

Importância do comércio
O geógrafo também detalha que o comércio é fundamental para o aquecimento da economia porque faz o dinheiro circular nas proximidades. “De maneira geral, o funcionário do comércio trabalha mais perto do trabalho que o trabalhador da indústria, da construção civil e dos serviços. Com isso, o comércio fatura, paga salários e gera consumo numa proximidade geográfica muito maior que outras atividades. Por isso, é um dos mais importantes termômetros da dinâmica da economia local”.

“O comércio também é a porta de entrada de muitas pessoas no mercado de trabalho, sobretudo mulheres. A população empregada é predominantemente feminina. Nesse segmento da população, ele é muito importante na geração do primeiro emprego, tendo um papel crucial na sustentação da economia”, destaca o coordenador estatístico e de pesquisa.

Inovação
William ainda complementa que, com o enfraquecimento da indústria regional, o comércio assume naturalmente um importante papel, no sentido de “segurar” a economia formal de Ipatinga, Coronel Fabriciano, Timóteo e Santana do Paraíso. Para consertar o cenário desafiador, ele enfatiza que é preciso ser criativo.
“Não há muita alternativa: os empresários precisam ser criativos, inovadores e apresentarem novidades. Precisam, mais do que nunca, da visão estratégica e do espírito empreendedor de criação e de transformação que são típicos do espírito do capitalismo”, conclui.

Cenário atual
Conforme já publicado pelo Diário do Aço no início deste mês, as contratações de carteira assinada no comércio apresentaram um déficit em maio (-36). No acumulado dos cinco meses do ano a situação também não foi diferente, tendo em vista que o saldo continuou negativo, sendo de -103.

Os números são constatados no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Novo Caged) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A tabulação de dados locais foi feita pelo Observatório das Metropolizações Vale do Aço/IFMG e repassados ao jornal.

Já publicado:
Comércio do Vale do Aço apresenta saldo negativo na geração de empregos