07 de julho, de 2024 | 06:00

Pura imaginação

Fernando Rocha

A semana que passou não foi nada agradável para torcedores do Galo e da Raposa, que sofreram derrotas no Campeonato Brasileiro, por goleada e placar mínimo, respectivamente.

No caso do Cruzeiro tem havido, a meu juízo, uma confusão no modo de ver a equipe atual, cujo elenco é fraco e jamais poderia almejar algo melhor do que está fazendo até agora no Brasileiro.

Ansioso, o torcedor celeste vê o time atual como se fosse o outro, que irá se transformar a partir do dia 10, quarta-feira próxima, quando poderá registrar os reforços contratados.

O goleiro Cássío, o zagueiro Jonathan Jesus, os volantes Walace, Matheus Henrique e Fabrizio Peralta, os atacantes Kaio Jorge e Lautaro Diaz chegam para ser titulares, se não de imediato, mas aos poucos entrarão na equipe
principal, que já joga bem e está estruturada, o que facilita bastante.

O Cruzeiro terá - ainda não tem - uma equipe com nível técnico acima do atual, algo que tem tudo para dar certo ou errado, encaixar rápido ou mais devagar, mas o que dá para cravar é que, certamente, será um problema maior para os adversários do que é agora.

Mas, até chegar nesse ponto, é preciso que a China Azul tenha paciência, pois o que está sendo feito pelo time atual, sem os reforços, em se tratando de pontuação, já é muito melhor do que se imaginava.

Nova chance
Ainda bem que o calendário maluco do futebol brasileiro faz com que se jogue a cada três dias, sem tempo para lamentações, pois é assim que o Atlético, comandado por Gabriel Milito, encara o vice-líder Botafogo, fora de casa: uma nova chance para se reabilitar depois da derrota humilhante para o seu maior rival nacional, Flamengo, por 4 x 2, na Arena MRV.

Os inúmeros desfalques por contusões, suspensões e atletas servindo a seleções expuseram as fragilidades do elenco, que chegou a ser considerado um dos três melhores do país no início da temporada.

Isso tudo vem sendo agravado pelas improvisações do treinador argentino, Gabriel Milito, recém-chegado ao futebol brasileiro, sobretudo por insistir em utilizar Gustavo Scarpa na lateral esquerda, algo que pode até dar certo uma ou duas vezes, mas não em uma competição longa, que exige estabilidade do time, como é o caso do Campeonato Brasileiro.

FIM DE PAPO

A falta de bons resultados em casa tem incomodado bastante à torcida atleticana. Em sete partidas na Arena MRV, o Galo tem uma vitória - contra o rival Cruzeiro, em abril passado -, duas derrotas por 4 gols a favor dos adversários - Palmeiras e Flamengo -, além de quatro empates contra times considerados inferiores tecnicamente, como Criciúma, Bahia, Fortaleza e Atlético Goianiense. A culpa disso tudo, resumidamente, pode ser atribuída ao elenco deficiente que possui atualmente, não compatível com as exigências da competição, mas muito também às decisões e às escolhas táticas equivocadas do treinador Milito.

Um detalhe que tem chamado a atenção nas entrevistas coletivas pós-jogo do técnico do Cruzeiro, Fernando Seabra, é o seu palavreado, com uso excessivo de expressões técnicas do tipo “casca”, “pifador” etc., para explicar as suas decisões táticas e o modo da equipe atuar. Na década de 90, o ex-técnico Sebastião Lazaroni também era adepto desse estilo de linguagem, que ganhou o apelido de “lazaronês”. Só quem é analista de sistemas de jogo é que entende o que é dito por eles, no caso agora no “seabrês”. O jornalista pergunta e, ao invés de responder de modo simples que o torcedor comum entenda, o técnico inventa palavras sofisticadas passando a falsa impressão de superioridade, algo ridículo e que costuma entrar para o anedotário do futebol.

Treinadores estrangeiros que trabalham no futebol brasileiro, especialmente os argentinos, costumam falar bem devagar e entendível nas vitórias, mas nas derrotas aumentam a velocidade da fala e ninguém entende o que dizem. Já os portugueses se irritam facilmente com as perguntas dos jornalistas e apelam com respostas deseducadas, algo comum vindo dos nossos patrícios.

Nos anos 60/70 do século passado, o folclórico Neném Prancha, que dirigiu grandes clubes cariocas, imortalizou algumas frases que entraram para o anedotário do futebol -“jogador é o Didi, que joga como quem chupa laranja” ou “o goleiro deve dormir com a bola e, se for casado, dorme com as duas”. Mas nada que se compare ao que disse o inovador Martim Francisco, a quem se atribui a criação do 4-2-4 quando dirigiu o Villa Nova, de Nova Lima, e conquistou o Campeonato Mineiro de 1951:"Vou aplicar no meu time a fórmula mais moderna do futebol, que consiste em recepção e expulsão de bola, relevo e cobertura”. (Fecha o pano!)

Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário