30 de junho, de 2024 | 09:00
O sorriso de Sheilinha
João Senna *
Como a vida é uma nuvem passageira, vez ou outra somos surpreendidos com a partida de parentes e amigos supostamente antes da hora”.
Foi essa sensação que ficou na manhã dessa sexta-feira, quando soube do falecimento de Sheila Jorge Selim de Sales.
No comunicado divulgado pela Universidade Federal de Minas Gerais, para lamentar a morte da respeitada professora de Direito Penal da instituição, ela está sorridente, como sempre foi ao longo da sua vida.
Quem cursou a Faculdade de Direito do Vale do Rio Doce, em Governador Valadares, na década de 1980, jamais tirou da lembrança a presença da Sheilinha na poltrona do ônibus literalmente comendo” o livro. Mal levantava os olhos para cumprimentar os colegas e novamente se concentrava nos estudos.
Essa dedicação continuou após a formatura e a conduziu a uma trajetória marcante.
Títulos, medalhas, distinções servem para enaltecer o desempenho de uma pessoa no campo profissional ou em atividades de cunho humanitário. Mas estão no contexto do Sic transit gloria mundi”. De fato, as glórias mundanas são passageiras.
E todos que a conheceram vão se lembrar dela como a menina afável, atenciosa, solidária, e sempre com um sorriso fácil e espontâneo como o de uma criança”
O perene, o eterno, o que fica é o lado prosaico, o modus vivendi de cada um de nós. E todos que a conheceram certamente vão se lembrar dela como a menina afável, atenciosa, solidária, e sempre com um sorriso fácil e espontâneo como o de uma criança.
Devido aos inúmeros compromissos decorrentes da dimensão que a sua figura adquiriu junto ao mundo jurídico do nosso estado e do país, os contatos com a Sheila ficaram mais escassos ultimamente.
E sempre que falávamos, ela manifestava o desejo de, assim que surgisse uma oportunidade, reunir a minúscula equipe que decidiu encarar duas forças poderosas para levar o seu pai, Jamill Selim de Sales, ao terceiro mandato à frente da Prefeitura de Ipatinga. E todos que estiveram envolvidos na ferrenha disputa contra a incursão do Sistema Usiminas na política, e também do desafio de barrar as pretensões do então prefeito João Lamego, sempre se prontificaram a participar desse projeto. Infelizmente, com o falecimento da Sheilinha, esse desejo não será materializado nesse mundo.
Irrequieta e determinada como sempre foi, ela certamente vai realizar essa reunião quando a nuvem passageira levar o restante dos correligionários que se sentiram motivados a ajudar Jamill na conquista de uma memorável vitória nas urnas. Especialmente se Sheilinha renovar esse convite com o seu jeito meigo e ostentando o seu sorriso de criança.
(*) Ex-editor do Diário do Aço.
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