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24 de maio, de 2024 | 08:30

Mais de 78 mil pessoas vivem em áreas de risco de desastres ambientais no Vale do Aço

Corpo de Bombeiros/Arquivo
Municípios da região estão localizados em áreas de relevo acidentado e próximos a grandes bacias hidrográficasMunicípios da região estão localizados em áreas de relevo acidentado e próximos a grandes bacias hidrográficas

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
Pouco mais de 78 mil moradores do Vale do Aço e seu Colar Metropolitano vivem em áreas suscetíveis a passar por algum episódio de deslizamento, enxurrada ou inundação associados a chuvas intensas, a exemplo do que ocorre no Rio Grande do Sul. Os dados são de um estudo feito a pedido do governo federal, que mapeou 1.942 municípios em todo Brasil, vulneráveis a esses tipos de desastres. Do total, 20 estão no Vale do Aço.

De acordo com o documento, ao qual o Diário do Aço teve acesso, do total de cidades da região, Antônio Dias, Belo Oriente, Caratinga, Coronel Fabriciano, Dom Cavati, Iapu, Ipatinga, Naque, Periquito, Santana do Paraíso e Timóteo concentram as áreas com população em situação de risco, que juntas somam 78.346 pessoas. O número é superior a toda a população de Santana do Paraíso e próxima da quantia de habitantes de Timóteo. (Veja a lista completa na tabela abaixo).

Referente à Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA), 29.636 vivem nessas condições, do total de 458.846, o que representa 6,46% da população.



Metodologia
O levantamento publicado em abril deste ano refez a metodologia até então adotada, adicionando mais critérios e novas bases de dados, o que ampliou em 136% o número dos municípios considerados suscetíveis a desastres. Em 2012, o governo havia mapeado 821 cidades em risco desse tipo.
O estudo foi coordenado pela Secretaria Especial de Articulação e Monitoramento, ligada à Casa Civil da Presidência da República. O levantamento foi solicitado pelo governo em razão das obras previstas para o Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que prevê investimentos em infraestrutura em todo o país.

Geologia e ocupação desorganizada
Minas Gerais tem 283 cidades em risco e lidera a lista. Em seguida estão Santa Catarina (207), São Paulo (172) e Rio Grande do Sul (142).

Em relação à proporção da população nessas situações, o estado mineiro aparece em 4º lugar com 10,6% dos habitantes sob risco, atrás de Bahia (17,3%), Espírito Santo (13,8%) e Pernambuco (11,6%).
De acordo com William Passos, geógrafo e coordenador de Estatística e de Pesquisa do Observatório das Metropolizações Vale do Aço, realizado pelo campus Ipatinga do Instituto Federal de Minas Gerais (IFMG), a questão geográfica já propicia às cidades mineiras ficarem vulneráveis, no entanto, a ocupação desorganizada potencializa os riscos.

“Os municípios de Minas, de modo geral, e do Vale do Aço, em particular, comparativamente, são mais propícios a deslizamentos, enxurradas e inundações porque têm muita ocupação humana nas encostas que não passaram anteriormente por um processo de planejamento urbano. O fato de se tratarem de municípios localizados em áreas de relevo acidentado, com muitos morros, por si só, já aumenta o risco geológico e hidrológico”, aponta William.

“Entretanto, quando estes municípios apresentam uma ocupação desordenada em suas cidades, esse risco aumenta, tornando seus moradores, sobretudo das áreas com pior infraestrutura, mais suscetíveis a alagamentos e destruição de suas residências, nos casos de um alto volume de chuvas”.

Para o geógrafo, além da possibilidade de perdas de vida e de pessoas desabrigadas e desalojadas, “essa situação obriga a Defesa Civil a colocar-se em vigilância constante, inclusive com planejamento de evacuação”.

Alessandro de Sá, geógrafo e pós-graduado em Gestão Ambiental, comenta que o Vale do Aço e outras localidades, como Governador Valadares, são margeados por duas bacias hidrográficas importantes: rio Doce e rio Piracicaba. Consequentemente, as construções civis em áreas de inundação favorecem para que ocorram enchentes em áreas urbanas no período chuvoso.

“Além disso, nós temos os fatores relacionados ao uso do solo de forma irregular, ao desmatamento, à queimada; substituição das matas das florestas para áreas de bovinocultura para áreas de plantios de roça”, lembra Alessandro, explicando que “isso lamentavelmente está ocasionando essas enchentes dentro de microbacias e bacias maiores, uma vez que o volume de chuva caía durante uma semana, por exemplo, e você não tem as batidas de topo de morro, de encosta, para reter um pouco dessa água da chuva, que ela infiltre para abastecer as nascentes em áreas de topografia médio ou alto terreno, a chuva desce numa velocidade muito grande e enche os pequenos ribeirões, onde já começa a acontecer essas pequenas enchentes, essa água é direcionada de uma forma muito rápida para os grandes cursos d'água, então a gente tem a cheia nas áreas de inundação, nas áreas de planície e aí lamentavelmente a gente tem um número muito grande de populações que estão em áreas de risco que acaba sendo atingida pela água”, pontua.

O último ciclo chuvoso iniciado em novembro de 2023 e finalizado em março de 2024 contabilizou estragos e prejuízos nos municípios da região. Açucena, Jaguaraçu e Ipatinga foram algumas das cidades que sofreram com enchentes e inundações.

Política ambientais


Ambientalistas de todo o Brasil defendem a implementação e fortalecimento de leis e políticas públicas como um instrumento de preservação ambiental, crescimento ordeiro e equilibrado e consequentemente, uma forma de minimizar os impactos relacionados às tragédias ambientais, provenientes das mudanças climáticas.

“É interessante entender que as ações das políticas públicas vêm colocar a legislação ambiental em prática, o código florestal em prática, que as empresas e atividades econômicas que precisam de licenciamento ambiental, que seja feito de forma mais rígida conforme estabelece os códigos ambientais”, conclui Alessandro de Sá.
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Comentários

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Maria das Graças Batista Lima

25 de maio, 2024 | 11:04

“O Geográfo, esqueceu de dizer que Ipatinga foi privilegiada pela natureza, uma vez que as calhas dos rios Piracicaba e Ribeirão Ipanema , assim como a calha do rio doce, ficam num nível , bem abaixo da cidade. E isso nos favorece e muito. E além de tudo isso os governos Chico Ferramenta e João Magno , fizeram um bom trabalho das políticas pùblicas de prevenção contra desastres ambientais.”

Rodrigo

24 de maio, 2024 | 20:23

“Vocês conseguem imaginar o tamanho do desastre que aconteceria em Minas Gerais se as chuvas do Rio Grande do Sul acontecessem aqui?”

Felipe

24 de maio, 2024 | 13:15

“? uma vergonha isso, pessoas correndo risco de morte e tanto "pasto" vazio... aqui em Santana do Paraíso mesmo temos tantas terras paradas sem nenhum uso... Os herdeiros só querem falar que tem terra, mas não faz nada, não vende e quando muito arrendam para pasto... lugar para casas populares é o que não falta por aqui, mas iniciativa dos mandatários que é bom nada!”

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