07 de maio, de 2024 | 11:00
Uma moça chamada Aracne...
Nena de Castro *
Misteriosas, ágeis, hábeis tecedoras, as aranhas nos causam medo e fascínio. São caçadoras de insetos, escondem-se em frestas nas paredes, telhados e nas cascas de árvores... Inúmeros tipos existem por aí, creio que não há casa sem aranha mas as mais comuns são a aranha armadeira, a viúva-negra, aranha de jardim, aranha-marrom, algumas perigosas outras nem tanto, mas pelo sim pelo não, melhor ficar longe, rs. Enquanto escrevo, minha personagem do livro ARANY , A ARANHA ESTRANHA” , sobe em meu ombro e observa atentamente as palavras. Meio desconfiada, sigo em frente, afinal eu a criei, espero que ela não me pique. Mas o que quero mesmo contar é a lenda segunda a qual, uma donzela chamada Aracne, atrevida que só ela, desafiou a deusa romana Minerva (que os gregos chamavam de Atena) para uma competição.
Ora, Aracne atingira tal perfeição nas artes de tecer e bordar e era tão boa no que fazia que as próprias ninfas saíam de suas grutas e fontes para admirar seu trabalho. Devo dizer que Minerva era filha de Júpiter, divindade guerreira que protegia a guerra defensiva, padroeira das artes úteis e ornamentais, agricultura, navegação, fiação, tecelagem, e os trabalhos de agulha.
Aracne, habilmente pegava a lã bruta transformando-a em novelos ou a separava-a com os dedos, cardando-a até que ela ficasse macia como uma nuvem ou tecia o pano e o adornava com seus mágicos bordados. A moça, contudo, era orgulhosa e disse:
- Que Minerva compare sua habilidade com a minha. Se ela vencer, pagarei a penalidade.
Indignada, a deusa resolveu dar-lhe uma chance e tomando a forma de uma velha, aconselhou à moça a pedir perdão pelo dito atrevido. Aracne, no entanto, respondeu que não tinha medo da deusa e que essa mostrasse sua habilidade, caso se atrevesse. Minerva se deu a conhecer, as ninfas e todos os presentes se curvaram, mas a jovem permaneceu impávida.
Os deuses e políticos não gostam de ser criticados, embora sujem todo o batatal com suas ações estapafúrdias”
Fios no tear, a jiripoca piou, competidoras trabalhando com rapidez, os fios purpúreos contrastando com o de outras cores. A deusa representou sua disputa com Netuno.
Já Aracne, bordou cenas em que retratava os enganos e erros de Júpiter, mostrando todas a suas técnicas de sedução de deusas e mortais, pois o cara não podia ver um rabo de saia; o tecido bordado representava as redes sociais da época e logo tudo estaria na boca do povo. A deusa despedaçou o tecido, encostou a mão na testa da jovem fazendo-a sentir-se culpada e envergonhada.
Aracne se enforcou em uma corda e a deusa compadecida, a ressuscitou, dizendo que por lição, ela e seus descendentes continuariam pendentes por todos os tempos. Fez com que seus cabelos caíssem, desaparecessem o nariz e as orelhas, o corpo encolheu, os dedos transformaram-se em patas. E ela tece seu fio suspensa na mesma posição em que se encontrava quando sofreu a metamorfose.
Bem, a moça aprendeu na pele o que significa cutucar a onça com vara curta: dá um bode danado. E que os deuses e políticos não gostam de ser criticados, embora sujem todo o batatal com suas ações estapafúrdias, inclusive, mandando executar quem os contrarie. (Beijos, Mariele!) Nada mais ouso dizer a não ser da alegria pelo aniversário de Ipatinga e do gigante lá de casa, o filhote de mamãe! Tenham um bom dia, meus preciosos cinco leitores! ARANY voltou para o livro. AU REVOIR.
* Escritora e encantadora de histórias
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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