Expo Usipa 2024 02 - 728x90

23 de abril, de 2024 | 00:01

De bons e maus odores e alegrias...

Nena de Castro *


Era impossível não sentir. O cheiro de quitanda sendo assada por mamãe no seu forno à lenha era irresistível! Daí a pouco ela desenformava os biscoitos de polvilho, as brevidades, as rosquinhas e um pão doce em cuja massa ela colocava erva-doce e que era chamado de “Fatia”...

Ainda sinto o cheiro do doce de figo sendo preparado, o de laranja-da-terra, o de mamão... O odor de galinha frita, toda recheada de miúdos, coberta de cebolinha e salsa, afe, que delícia! E o cheiro de limão caído do pé, das mangas maduras ou do capim cidreira fresco, colhido para o chá? O odor das flores na primavera, o perfume do eucalipto, do pé de café na colheita, que maravilha!

Então o homem começou a fabricar perfumes desde a antiguidade para que reis, rainhas e nobres ficassem cheirosos, mesmo porque segundo consta, os povos europeus não são chegados a banhos. Os franceses são mal-afamados nesse quesito, rs.

Quando o alemão Patrick Süskind lançou seu livro “PERFUME” que foi best-seller e virou filme, ri muito de uma colega professora que me disse ser “PERFUME” o livro mais fedorento que lera. Ao ler a obra, percebi que a colega tinha razão vez que o romance de Süskind transcorre numa época em que “reinava nas cidades um fedor dificilmente concebível por nós, hoje. Fediam os rios, fediam as praças, fediam as igrejas, fedia sob as pontes e dentro dos palácios [...] Pois à ação desagregadora das bactérias, no século XVIII, não havia sido ainda colocado nenhum limite e, assim, não havia atividade humana, construtiva ou destrutiva, manifestação alguma de vida, a vicejar ou a fenecer, que não fosse acompanhada de fedor”.

Enquanto a classe pobre cheirava mal, as elites esforçavam-se em desodorizar, em não deixar a perspiração, isto é, o odor do eu, transparecer. Esse processo de distinção social pela desodorização foi objeto de estudos. O anti-herói do livro, Grenouille, não tem odor. Sua presença causa desconforto e calafrios nas pessoas. No entanto tem um olfato capaz de “adivinhar” os componentes de qualquer perfume. E começa a matar mulheres para criar o odor perfeito na sua concepção. Seu perfume enlouquece a multidão que ia assistir ao seu enforcamento e ele foge. Desiludido, volta pros pobres em Paris e joga em si mesmo a poção, sendo devorado pelos mendigos. Sinistro pra caramba!

Sou mais o perfume natural das belezas da natureza e das coisas simples. Sou mais o cheiro embriagador de alho fritando ao fazer a comida, do cheiro verde, das delícias caseiras. E de uma loção ou água de cheiro bem instigantes, para perfumar a vida! E nada mais digo, a não ser que no sábado participei da Feira do Livro do colégio São Francisco e à noite recebi um diploma de Honra ao Mérito gentilmente oferecido pelo Grupo de Escoteiros Júlio Verne! Amei, pessoal, merci!

* Escritora e encantadora de histórias

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
MAK SOLUTIONS MAK 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário