17 de abril, de 2024 | 13:00

A influência de Nietzsche para a pós-modernidade

Wanderson R. Monteiro *


A relação entre a Pós-Modernidade e a morte de Deus em Nietzsche é de grande relevância para compreender os fundamentos filosóficos e culturais da cosmovisão pós-moderna. Nietzsche, um dos filósofos mais influentes do século XIX, proclamou a morte de Deus como uma consequência da crise dos valores morais e religiosos em sua época. Ele argumentou que a crença em Deus e na moral tradicional estava em declínio, deixando um vácuo de significado e propósito na vida humana.

Um dos aspectos centrais da cosmovisão pós-moderna é a influência da filosofia de Friedrich Nietzsche e sua declaração da "Morte de Deus". Nietzsche argumentava que, na era pós-moderna, as bases metafísicas e religiosas tradicionais da sociedade estavam em colapso, e a crença em Deus como fonte de significado e moralidade estava sendo abandonada.

Segundo Nietzsche, a morte de Deus resultaria em uma crise de valores e na perda de uma base sólida para a moralidade. Sem a existência de um Deus transcendente que estabelecesse os padrões morais, a moralidade seria relegada a construções humanas relativas e contingentes. Isso abriria espaço para a vontade de poder e a afirmação do indivíduo como a medida de todas as coisas. De maneira que, sem Deus e seus princípios como base para a moralidade, cada pessoa poderia viver e agir segundo a sua própria ética particular.

Segundo ele, o colapso das bases metafísicas e religiosas, juntamente com o “abandono” da crença em Deus, resultava em um vácuo de valores e uma perda de referências absolutas, e isso leva ao niilismo e à busca individual por valores subjetivos. Com essa ânsia de se estabelecer os ideais pessoais e subjetivos como valores supremos, a Pós-modernidade passa a ser vista como a era das múltiplas verdades, preparando o caminho para o relativismo que é, ao mesmo tempo, sua gênese e sua consequência.
“Sem a existência de um Deus transcendente que estabelecesse os padrões morais, a moralidade seria relegada a construções humanas relativas e contingentes”


Na modernidade, Deus era fundamento sólido que sustentava a sua cosmovisão, estabelecendo limites e normas para os relacionamentos e compreensão de mundo. A partir de Nietzsche os fundamentos para uma cosmovisão sólida foram abalados, na verdade, foram destruídos, já que Nietzsche achava necessário destruir todos os fundamentos em que a humanidade estivesse “presa”, inclusive Deus, para que a humanidade pudesse ser livre para trilhar seus próprios passos, seguindo, cada um, os seus próprios princípios e ideais, e não mais um sistema de princípios fixos.

Essa perspectiva nietzschiana se alinha com a pós-modernidade, que também rejeita a ideia de uma verdade objetiva e universal. Na cosmovisão pós-moderna, não há uma fonte última de autoridade moral ou intelectual, e cada indivíduo é livre para construir sua própria narrativa e interpretar o mundo de acordo com suas experiências e perspectivas.

O anúncio da morte de Deus em Nietzsche propiciou e pavimentou os caminhos para a deificação do homem, fortalecendo o antropocentrismo e a visão particular de mundo, em detrimento da cosmovisão cristã, que é uma metanarrativa teocêntrica.

Essa visão de Nietzsche desafia a cosmovisão cristã, que afirma a existência de um Deus transcendente e a autoridade de Sua Palavra como fonte de verdade e moralidade. Para o cristianismo, Deus é o fundamento último da realidade, e a negação de Sua existência implica na perda de uma base sólida para a compreensão da vida e do propósito humano.
No entanto, uma das influências de Nietzsche para a cosmovisão pós-moderna se revela no acolhimento da ideia da morte de Deus como uma libertação da opressão das estruturas religiosas e uma abertura para a autonomia e a pluralidade de perspectivas, ideias ainda muito propagadas e buscadas hoje em dia, independentemente de suas consequências.

* Autor do livro “Cosmovisão Em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”. Vencedor de quatro prêmios literários. Coautor de 13 livros e quatro revistas. São Sebastião do Anta – MG.

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

17 de abril, 2024 | 17:38

“Excelente artigo! Parabéns!
"O homem procura um princípio em nome do qual possa desprezar o homem. Inventa outro mundo para poder caluniar e sujar este; de fato só capta o nada e faz desse nada um deus, chamados a julgar e condenar esta existência".”

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