07 de abril, de 2024 | 09:00

Esquema de vacinação em dose única contra o HPV ''nos deixa otimistas'', diz médica

Renata Xavier de Almeida, ginecologista e obstetra, afirma que a vacina é a grande aliada na prevenção do câncer de colo de útero

Arquivo pessoal
A ginecologista e obstetra Renata Xavier de Almeida comenta sobre a mudança no esquema vacinal contra o HPVA ginecologista e obstetra Renata Xavier de Almeida comenta sobre a mudança no esquema vacinal contra o HPV
Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
Cerca de uma semana antes do dia 8 de abril, data em que se celebra o Dia Mundial de Combate ao Câncer, o Ministério da Saúde anunciou a adoção de um esquema vacinal. De acordo com a pasta, a mudança na estratégia aumenta a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país. A ideia é intensificar a proteção contra o câncer de colo do útero e outras complicações associadas ao vírus, por meio da vacina contra o HPV.

Conforme já publicado pelo Diário do Aço, com informações obtidas junto à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) e Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Coronel Fabriciano, na Região Metropolitana do Vale do Aço (RMVA) 49.961 doses foram aplicadas entre 2014 a 2023, considerando o sexo e a dose do esquema vacinal.

No mesmo período, a cobertura vacinal acumulada atingiu 81,75% para a primeira dose em meninas e 68,31% para a segunda. Para os meninos, a cobertura para a primeira dose é de 61,91%, enquanto para a segunda é de 43,44%. A meta estabelecida para a vacinação contra o HPV é de 80% do público-alvo.

Renata Xavier de Almeida, ginecologista e obstetra pelo Hospital César Leite e docente da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Ipatinga, acredita que essa alteração pode trazer bons resultados.

“No Brasil, a cobertura vacinal para meninas com a primeira dose atinge 76%, no entanto, para a segunda dose alcança menos de 60%. Em relação aos meninos, é ainda mais grave, já que a cobertura com a primeira dose é de 42% e a segunda de 27%. Sendo assim, ter estudos de controle randomizados que demonstram que a dose única da vacina HPV fornece um nível de proteção semelhante ao esquema de vacinação de três doses na prevenção de infecções nos tranquiliza e nos deixa otimistas”, afirma.

HPV
Os HPV dos tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo de útero e por mais da metade dos casos de outros cânceres relacionados ao HPV, enquanto os tipos 6 e 11 são responsáveis por cerca de 90% dos casos de verrugas genitais.

“Estamos falando de um câncer passível de prevenção com a vacina. Ela é a grande aliada na prevenção do câncer de colo de útero, visto que cerca de 70% a 80% das pessoas são infectadas pelo HPV em algum momento das suas vidas e a maioria nem sequer irá saber ou terá problemas com isso”, esclarece Renata Xavier.
A médica também pontua que além da vacinação, o rastreamento por meio da citologia convencional (preventivo), ou preferencialmente, por meio de um teste de alto desempenho (biologia molecular), “são estratégias para a eliminação do câncer de colo de útero”.

O HPV é um vírus muito comum em pessoas que têm ou já tiveram relações sexuais, mesmo com uso consistente de camisinha.

“É sempre bom lembrar que ter HPV não significa que haja lesão ou câncer. Significa que existe o risco de desenvolver essas alterações se o vírus persistir. Estas alterações ocorrem na minoria dos casos e geralmente demora cerca de 10-20 anos para que essa progressão possa ocorrer”, pontua a profissional.

Conforme também já abordado pelo Diário do Aço, no ano passado foram registrados um total de 75 casos de câncer de colo do útero na RMVA. Nos quatro municípios da região foram reportados 72 óbitos entre os anos de 2018 a 2022.

Tratamentos
Para a maioria das pessoas (cerca de 90%), a infecção pelo HPV é assintomática, além de ser transitória, ou seja, o vírus é naturalmente eliminado pelo corpo (combatido pela imunidade) em até um a dois anos, especialmente em pessoas jovens.

“Existem tratamentos para as lesões causadas pelo HPV, mas não para a infecção do vírus em si. HPV não tem cura. Se o paciente já tiver diagnóstico de câncer de colo de útero, o tratamento vai depender do estadiamento da doença, ou seja, do quanto está comprometido. A idade e o desejo reprodutivo da paciente também são levados em consideração”, elucida Renata.

Dia do Combate ao Câncer
Por fim, a ginecologista e obstetra pontua a importância de datas alusivas ao combate ao câncer. “Essa data é uma oportunidade para disseminar informações sobre a prevenção e, principalmente no caso do câncer de colo de útero, oferecer noções corretas e exaustivas sobre a infecção pelo HPV e seu significado, incluindo dados epidemiológicos e estatísticas para fácil compreensão”, finaliza.

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

07 de abril, 2024 | 09:27

“Excelente reportagem! Parabéns ao Repórter Matheus Valadares e ao Portal Vale do Aço!
Mas peço licença para acrescentar uma linhazinha. É preciso relacionar o HPV aos cânceres de garganta (laringe), boca, ânus, vagina, vulva e pênis. Não é para aterrorizar, é só para informar!
O problema é que os sistemas de saúde pública têm que convencer às pessoas, principalmente os pais, mas até Professores, da segurança e da importância das vacinas.”

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