03 de abril, de 2024 | 11:00

Usiminas e a descarbonização da produção do aço

Antonio Nahas Junior *


Duas notícias importantes relacionadas à Usiminas alegraram o Vale esta semana. A primeira delas foi informação da empresa sobre seu plano de descarbonização, que prevê a redução de 15% nas emissões dos gases de efeito estufa por tonelada de aço, até o ano de 2030. A redução será relativa aos chamados Escopos 1 e 2 - emissões diretas de gases efeito estufa e aquelas relacionadas à emissão de energia. Fica de fora o Escopo 3 - externas à produção da empresa.
A segunda boa notícia são os investimentos de 900 milhões de reais na reforma da coqueria 2, garantindo maior eficiência e aumentando em 12% a produção de coque.

A reforma do alto-forno 3, já terminada, e agora os investimentos na coqueria enchem de otimismo e confiança nossa região, na certeza que o aço continuará a gerar riqueza, apesar de todas as dificuldades enfrentadas pela indústria brasileira.

E será produção de aço na busca pela sua descarbonização. Pelo que vemos, mesmo havendo aumento da produção de coque, que é usado como combustível nos altos fornos e o maior responsável pela emissão de CO2 no processo de produção de aço, as medidas do Plano de Descarbonização permitirão a redução em 15% na emissão de CO2.
Trata-se de um esforço muito importante, sobretudo pelas características da siderurgia, cujo processo exige a redução do minério de ferro, o que acontece nos altos fornos, à custa da queima de combustível fóssil.
"“A redução de 15% até o ano de 2030 vai significar a retirada do nosso ar, anualmente, cerca de 750 mil toneladas de CO2, gás nocivo à saúde”


Pelos dados fornecidos pela Usiminas, as emissões de carbono para o ano de 2020, considerando-se os escopos 1 e 2 foram de 2,22 toneladas para cada tonelada de aço bruto produzida pela empresa. Como no ano de 2023 a produção de aço bruto da Usina foi de 2,1 milhões, temos então que, naquele ano, 4,62 milhões de toneladas de carbono foram emitidas. Caso se somasse o escopo 3, este número possivelmente chegaria a 5 milhões de toneladas.
Assim, a redução de 15% até o ano de 2030 vai significar a retirada do nosso ar, anualmente, cerca de 750 mil toneladas de CO2, gás nocivo à nossa saúde e ao planeta.

É um grande esforço, sobretudo em se tratando de siderurgia, onde a redução do minério e sua transformação em gusa exigem altas temperaturas e reações químicas complexas.

Os investimentos em transição energética são elevados e devem ser feitos no momento adequado, substituindo equipamentos de produção já considerados exauridos e ultrapassados.
Pelos dados do Plano Estadual de Ação Climática, Minas Gerais emite mais de 126 milhões de toneladas de gases efeito estufa. A maioria das emissões vem da agricultura e florestas, (51%), seguido do setor energético (26%) e indústria (18%).

Toda a sociedade tem que se conscientizar da importância da transição energética para a defesa da vida em nosso Planeta. Muitos municípios já estão tomando consciência desta realidade e realizando seu Inventário de Emissões de Gases efeito Estufa, que permite quantificar as emissões por fonte emissora. O plano permite também que seja traçada uma estratégia de ação para redução das emissões, contando com elementos como descarbonização da frota de transporte público; aumento da arborização urbana até mesmo em terrenos particulares; incentivo à energia solar; proteção das nascentes e cursos d'água, enfim, tornando mais agradável e saudável a vida urbana.
A Justiça Climática também é considerada: quem menos contribuiu para as emissões de CO2 - os setores menos favorecidos da população - são os que mais sofrem com as tragédias socioambientais.

Mais que isso: há fontes de financiamento baratas e abundantes para as cidades que trilharam este caminho.
Na nossa região, a disposição da Usiminas em abraçar a causa da transição energética é um privilégio. É um bom momento para que este impulso inicial se transforme em política pública com dados claros; metas; transparência e participação da sociedade.

* Empresário. Sócio-diretor da NMC Integrativa. Contato: [email protected]

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Comentários

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Usimec

03 de abril, 2024 | 09:28

“Aiaiii!!!”

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