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23 de março, de 2024 | 11:30

Opinião: A origem socialista da polícia

Ailton Cirilo *


Na Grécia Antiga, isto é, cidade-estado grega conhecida como polis, a polícia remetia à administração da cidade com uma estreita ligação entre a polícia e a comunidade que servia, já na Idade Média o conceito desenvolveu-se para a boa ordem da sociedade civil, promovida pelo então príncipe. Mais do que a aplicação da lei, a polis grega era vital para o cotidiano da população. Isto porque a instituição se baseava em valores de colaboração e participação social, refletindo o esforço coletivo envolvente a todos.

Ao longo dos séculos, a polícia evoluiu em suas formas de organização e métodos, contudo, o princípio básico de servir e proteger permaneceu enraizado em sua identidade desde os seus primórdios. É possível entrelaçar a polícia ao tecido social das civilizações por meio das ideias de proteção, serviço, cumprimento da lei e garantia da ordem. Para além do militarismo, é preciso abraçar o verdadeiro significado de dever social desta instituição.

Mas, antes, faz-se necessário ressaltar que o termo “social” e suas derivações, como “socialismo”, têm sido associados a conotações pejorativas em diversos contextos políticos. O cerne do termo remonta à ideia de cooperação, igualdade e justiça social. Ao servir e proteger a comunidade, a polícia atua em sua essência socialista, independentemente de sua posição social ou econômica. Embora o termo “socialismo” tenha adquirido conotação negativa em alguns ambientes, sua base ressoa o cerne do trabalho policial que, por fim, presta um serviço à sociedade como um todo.

O militarismo possui sua própria abordagem para a manutenção da paz, com características que, por vezes, o diferenciam do conceito de polícia como um dever social. Isto porque, às vezes, as estruturas hierárquicas rígidas e a aplicação autoritária podem distanciá-lo do conceito de polícia como polis, cujo objetivo é construir relações de confiança e colaboração com os cidadãos. Tal abordagem proativa não se limita à resolução de crimes, mas na prevenção e solução de conflitos de maneira pacífica e inclusiva.

“Ao servir e proteger a comunidade, a polícia atua em sua essência socialista, independentemente de sua posição social ou econômica”

Não há que se julgar o caráter do militarismo, mas sim compreendê-lo como instituições treinadas em grande maioria para a defesa nacional e a execução de operações de combate, priorizando sempre a segurança do Estado em primeiro lugar. Ocasionalmente, ao substituirmos os valores de serviço social e responsabilidade pela força bruta e arbitrariedade, a confiança entre a polícia e a comunidade é atacada, minando seu dever social e enfraquecendo os laços que a sustentam.

A transparência, responsabilidade e sensibilidade frente às necessidades da população são fundamentais para que a polícia cumpra efetivamente seu dever social. Diante disso, é necessário o investimento em treinamento adequado, em inclusão e diversidade dentro das instituições, bem como na adoção de políticas que prestem contas e defendam os direitos humanos.

A polícia tem potencial e dever de ser uma força para o bem, tal como um farol de segurança e justiça que ilumine a todos sem distinção. Por isso é tão importante que a reconheçamos enquanto guardiã da polis, reafirmando seu verdadeiro dever social como um pilar da civilização e um símbolo de esperança para o futuro. Cabe a ela trabalhar incansavelmente para criar um mundo mais justo, seguro e igualitário.

* Coronel da PMMSP, especialista em Segurança Pública

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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

25 de março, 2024 | 13:01

“O Estado, ou seja, as forças de segurança, surgiu para proteger a propriedade privada.
Sugestão de leitura:
"A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado", de Engels.”

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