21 de março, de 2024 | 12:00

Opinião: Traumas que geram desequilíbrio nas vítimas de assédio no ambiente de trabalho

Uemerson Florêncio *


É no ambiente de trabalho que muitas pessoas passam muito mais tempo do que com a sua própria família. De sete dias na semana, muitos passam no mínimo cinco e de acordo com o seguimento pode trabalhar os sete alternando com folgas. Estas pessoas podem ter uma jornada diária de seis a oito horas atuando internamente com apenas limitadas horas para o almoço, sendo assim, expostas a situações e cobranças diversas e, para piorar o cenário, entre em cena o assédio. Por vezes, o delito ocorre a partir de colegas de mesma hierarquia, outras vezes, pelos superiores, sim, falo no plural, pois há quem sofra desta má conduta por diversos assediadores e em diversos níveis hierárquicos.

E é a partir dos diversos tipos de abordagens sofridas pela vítima que surgem as alterações nos seus níveis de humor e nas manifestações de afetos aos filhos e cônjuge. Muitas vítimas chegam a se sentir suja ou inútil em função da forma como são tratadas por estes criminosos que por vezes, são chamados de patrões ou líderes. Alerte-se quando uma colega de trabalho que começou muito bem interativa, correspondente aos cumprimentos, produtiva, colaborativa e repentinamente, esfria-se com todos e em particular demonstra mal-estar e desconforto na presença de certas ou certos colegas e elevação no índice de agressividade entre os colegas. Há algo a ser investigado!

Um aspecto que poucas pessoas levam em consideração é a vítima ingressa jovem na empresa e sofre assédio de cada um que passa pela chefia. Daí, em razão das circunstancias que ela seja exposta, pode desenvolver uma profunda introspecção, retração, inibição na sua capacidade de comunicar e se expressar. Logo, se for solteira, teme assumir um relacionamento. Muitos podem ignorar este fato, mas existe em diversas regiões do mundo. Passa a não confiar na maioria das pessoas que se aproximam dela e com isso, opta pela solidão, se não aparece, não é vista!

Ainda não se pode desconsiderar que a vítima de assédio, tenha também dificuldade de concentrar a sua atenção para trabalhos minuciosos manuais dentro e fora da empresa. Sua mente entra num intenso conflito que favorece a dispersão, muito mais do que a concentração. Em consequência também surge a indisposição para pensar em melhorias no ambiente de trabalho e aumenta o índice de queda na produtividade operacional e nos estudos.
“Muitas vítimas chegam a se sentir suja ou inútil em função da forma como são tratadas por estes criminosos, por vezes chamados de patrões”

Ela vive se questionando porque tudo isso está acontece com ela? Por que eu? O que fiz para viver isso? São entre estes questionamentos que se iniciam o desgosto pela vida, abrindo portas para a depressão. Neste momento, observa-se que: A sua estima baixa significativamente, aumenta o complexo de inferioridade, comprometendo o seu conceito de valor e imagem pessoal consigo mesma. Todos os dias é dia de valorizar a vida, todos os dias é dia de respeitar as mulheres, principais vítimas de assédio no Brasil.

Com base na “quarta edição da pesquisa Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil. Realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública” identificou que no ambiente de trabalho (18,6% - 11,9 milhões),” sofreram tal crime em 2022. Publicado em 02/03/2023 - por Ludmilla Souza - Repórter da Agência Brasil - São Paulo.

Diante disso, venho perguntar: Quem está verdadeiramente por perto para ajudar esta pessoa, vítima de um crime que faz ela perder a própria identidade e comprometer a sua crença de capacidade? Repito, quando alguém se isolar subitamente no setor, alterando o seu padrão comportamental, não julgue, tenha paciência, antes de se aproximar, observe mais, de um modo gentil e respeitoso, com bastante tato, abra canal de diálogo ou você também busque ajuda de um profissional para ajudá-la! Não se esqueça: assédio moral, sexual, stalking e bullying são crimes previstos em Lei no Brasil.

* Empreendedor. Treinador, palestrante e correspondente internacional de opinião para 5 países de língua portuguesa na África (São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Moçambique, Guiné Bissau e Angola), 3 países de língua espanhola (Uruguai, Peru e Espanha), expõe sobre a análise da linguagem corporal aplicada a diversas áreas. Criador do método pentágono da comunicação. Gestor de conteúdo do site da empresa Conceito Treinamentos no Brasil. Pesquisador em Cultura Árabe, tendo os Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio, como país de estudo.

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário