16 de março, de 2024 | 11:10

Reumatologista explica sobre os efeitos prolongados da chikungunya

Arquivo pessoal
A reumatologista Lydia Mol Villela conta que muitos pacientes irão evoluir para a fase crônicaA reumatologista Lydia Mol Villela conta que muitos pacientes irão evoluir para a fase crônica


Além dos sintomas desagradáveis da chikungunya, as complicações, entre eles as dores crônicas, podem durar meses. A doença costuma evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. E em muitos pacientes se transforma em uma complicação com alto impacto social, levando a limitações e consequências na qualidade de vida.

De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses do Governo de Minas, até o último 12, em relação à chikungunya, até o momento, foram notificados 51.652 casos prováveis, sendo 32.505 confirmados para a doença. Há 20 óbitos em investigação e 20 óbitos confirmados, mas que ainda estão em processo de encerramento e podem ser reclassificados nos próximos dias.

Conforme divulgado pela Agência Minas, no momento, a letalidade da dengue é de 2,29% sobre os casos de dengue grave ou dengue com sinais de alarme, e a letalidade da chikungunya é de 0,06% sobre os casos confirmados. Mas a doença também preocupa pelos sintomas e complicações, entre eles as dores crônicas, que podem durar por meses.

A reumatologista e professora da Faculdade de Ciência médicas de Ipatinga (Afya - antiga Univaço), Anna Lydia Mol Villela, explica que a palavra chikungunya significa “aqueles que se dobram”, e faz referência aos primeiros pacientes da Tanzânia que foram acometidos pela doença e adquiriram uma aparência curvada devido ao quadro de dor.
"A cronicidade tem relação com a resposta imunológica que ocorre na fase aguda, perpetuando o processo inflamatório ocasionando a dor e o edema articular. E infelizmente muitos pacientes irão evoluir para esta fase crônica", aponta.

Dores

A doença tem apresentado alto impacto social e econômico, por acarretar sequelas articulares prolongadas e incapacitantes, ocasionando redução da produtividade e da qualidade de vida dos indivíduos afetados.
Logo após o período de incubação, inicia-se a fase aguda (ou febril), que dura até o 14º dia. Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares, com duração de até três meses, o que seria a fase subaguda. Quando persiste além deste período, atinge a fase crônica, conforme explica a reumatologista.
"Se o paciente estiver com dor, independente de qual fase ele se encontra, precisa ser avaliado e medicado. A dor pode ser um sintoma incapacitante e deve ser tratada precocemente. O tratamento da chikungunya é feito de acordo com os sintomas e com a fase da doença. Até o momento, não há tratamento antiviral específico", afirma.

Anti-inflamatórios

A reumatologista também orienta que os anti-inflamatórios não devem ser utilizados na fase inicial da doença, devido aos riscos e complicações, pois as arboviroses podem ter sintomas muito semelhantes. "Podem ser utilizados apenas na fase pós aguda, após os primeiros catorze dias. Além disso é preciso muito cuidado com os anti-inflamatórios e corticoides nos idosos, diabéticos e hipertensos. Estas medicações devem ser utilizadas sob acompanhamento médico", alerta Anna Lydia.

Sequelas

A advogada Maria Aparecida de Lana conta que sofreu de chikungunya em 2018 e até hoje sofre os inchaços e dores crônicas, somado ao agravamento do quadro de fibromialgia. "Nunca mais melhorei, faço parte de uma pequena parte que vai ter a dor crônica pelo resto da vida, não tem cura, é lutar contra ela, é lutar em desfavor dela sempre", lamenta.

A situação contribuiu para a criação recente da Associação dos Portadores de Fibromialgia e Reumatismos diversos do Vale do Aço (Afibrovaço), para apoiar e lutar por mais direitos de pacientes nestes casos. "As pessoas que vem sofrendo de dores por causa do mosquito, procure um reumatologista, não fique esperando em casa, não esperem virar uma doença crônica. Não esperem sentir a dor que nós, pacientes crônicos estamos sentindo, muitos que estão de fora acham que é manha, mas a dor é muito forte, é coisa séria", conta.
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Comentários

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Raimundo Novaes

18 de março, 2024 | 09:54

“Dra. Anna Lydia obrigado pelas informações. Eu também assim como a Sra. está nessa foto, também estou com essa cara de assustado. Milhões de casos. Doença perigosa.”

Elizete Rosa Alves

16 de março, 2024 | 16:30

“Gostei”

Tulio

16 de março, 2024 | 15:09

“Já tenho 1 ano que sofro desse bendito, tomei todos remédios e nenhum funcionou, desde o começo tratando e nada fez efeito sobre as dores , hoje já e crônico e sem solução.”

Gildázio Garcia Vitor

16 de março, 2024 | 14:08

“Tive chikungunya no início de março de 2023, fiquei internado por quatro dias no HMC e comecei o tratamento com um reumatologista no final do mês, que ofereceu-me um mês para avaliar a evolução das dores nas articulações e realizar alguns exames, após esse prazo, passei a tomar o remédio do Bolsonaro, a hidroxicloroquina, que é indicado para reumatismo, que tomei de forma contínua até o mês passado. Resultado? Além dos efeitos colaterais, por enquanto, nenhum.”

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