03 de março, de 2024 | 08:00

Vale do Aço registrou anomalia de temperatura positiva em quase 3 graus ano passado

Os meses de novembro e dezembro foram considerados os mais quentes de 2023

Por Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

Arquivo Agência Brasil
No mês de novembro, a elevação da temperatura na região ultrapassou 2ºCNo mês de novembro, a elevação da temperatura na região ultrapassou 2ºC

O ano de 2023 foi o mais quente já registrado na Terra, e no Vale do Aço, os munícipes sentirão na pele o aumento de temperatura. Um estudo inédito realizado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), publicado inicialmente pelo jornal O Globo, do Rio de Janeiro, revela a elevação de temperatura nas cidades brasileiras.

De acordo com o levantamento, em Ipatinga houve uma elevação de 2,8ºC em novembro e 1,47ºC em dezembro. Em Coronel Fabriciano, a elevação foi mais branda nos dois meses, sendo 2,59ºC em novembro e 0,92ºC no mês seguinte. A cidade de Santana do Paraíso aqueceu 2,78ºC e 1,51ºC nos dois últimos meses do ano, respectivamente. Timóteo foi o município da região que teve a maior variação em novembro, registrando 2,82ºC. Em dezembro, o acréscimo na temperatura foi de 1,32ºC.

A anomalia de 1ºC, como ocorreu em algumas cidades da região, pode parecer não ser um grande aumento, no entanto, pode ser significante. Por exemplo, quando o termômetro sobe de 36°C para 37°C, esse único grau representa a diferença entre a saúde normal e a febre, por exemplo. Especialistas apontam que um grau Celsius também pode aumentar o risco de incêndio em áreas atingidas pela seca.

Média de temperatura
Conforme um mapa interativo publicado pelo jornal O Globo, no mês de dezembro, Ipatinga teve uma temperatura média de 32,56ºC; em Coronel Fabriciano a média foi de 31,49ºC no mesmo período, enquanto em Santana do Paraíso, os termômetros chegaram a 32,85ºC. Em Timóteo, a média foi de 32,12ºC no último mês de 2023.
Vale ressaltar que o estudo foi realizado por satélites, o que pode ter “maquiado” o real aumento de temperatura. Mais da metade das cidades brasileiras não dispõem de estações meteorológicas.

Efeitos dos fenômenos climáticos
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), ocorrem seis ondas de calor intensas entre agosto e novembro de 2023. Considerando o mês de novembro, os municípios com anomalias entre 4 e 5 graus concentram-se no Sul da Bahia, Norte de Minas Gerais e parte do Pantanal.

De acordo com o Relatório do Clima de 2023, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), o El Niño pode ter contribuído para tal aquecimento anômalo, uma vez que durante anos deste fenômeno, as temperaturas globais tendem a ser mais quentes do que os anos neutros ou de La Niña.

Alex Ferreira
O ano de 2024 pode ser ainda mais quente que o de 2023O ano de 2024 pode ser ainda mais quente que o de 2023


Conforme a pesquisa, os grãos de ciclo curto tais como soja, milho e feijão podem ser impactados pelas fortes temperaturas acompanhadas da seca. “A seca combinada com temperaturas extremas, principalmente nos meses iniciais do ciclo agrícola (final de 2023), pode causar impactos na produtividade desses grãos, e impactando o sistema da agricultura familiar, ou seja, pode causar impactos socioeconômicos, especialmente nos sistemas de agricultura de subsistência mais vulneráveis do Brasil, estes localizados nas regiões Norte e Nordeste do país”, informa a nota da Cemaden.

Metodologia
A fim de verificar o quão acima da média foram as temperaturas máximas no Brasil em 2023, a cientista Ana Paula Cunha, e sua equipe do Cemaden, realizou uma análise “considerando dados de temperatura estimados por satélite, uma vez que o Brasil não dispõe de um conjunto de estações meteorológicas suficiente para uma análise especial em todo o país”, diz o estudo. No Vale do Aço, só existem duas estações meteorológicas, por exemplo, no IFMG em Ipatinga e no Parque Estadual do Rio Doce.

A análise consistiu em avaliar o índice de temperatura padronizado, assim como o simples cálculo de anomalias de temperatura para os 5.700 municípios do Brasil nos 12 meses de 2023. Os dados de temperatura são oriundos da base de dados gerados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e consideram dados de superfície combinados com estimativas de temperatura derivados por satélite.
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Comentários

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Flávio Barony

03 de março, 2024 | 19:00

“Reportagem muito interessante! O Estado de MG sofreu com a onda de calor em 2023, mas isso não nos exime de buscar conciliar o crescimento com a preservação ambiental!”

Flávio Barony

03 de março, 2024 | 18:57

“Dados bem interessantes! BH está entre as capitais que mais teve elevação da temperatura! Na verdade, o Estado de MG foi severamente atingindo como um todo...!”

Eu Eu Mesmo e Irene

03 de março, 2024 | 08:20

“E o prefeito de Fabriciano asfaltando a cidade inteira, esquentando-a mais ainda. E o povo ignorante batendo palmas.”

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