09 de fevereiro, de 2024 | 07:30

Sorotipos 1 e 2 da dengue predominam no Vale do Aço

O ressurgimento recente do sorotipo 3 em alguns locais faz acender o sinal de alerta

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes, dentre eles carrapatos e mosquitos. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti, que transmite quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4), que apresentam distintos materiais genéticos (genótipos) e linhagens.

Diário do Aço


Conforme apurado pelo Diário do Aço junto à Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), desde 2019 os sorotipos 1 e 2 do vírus da dengue estão em circulação nos municípios que pertencem à Macrorregião de Saúde Vale do Aço, sendo o DENV-1 aquele que apresenta maior proporção de circulação no período de 1/1/2019 a 31/1/2024.
Ainda de acordo com a pasta, os exames para identificação do sorotipo do vírus da dengue só foram amplamente realizados nos laboratórios de saúde pública de Minas Gerais a partir de 2019. “Nos anos anteriores, os testes disponibilizados eram, majoritariamente, exames sorológicos, que não permitem realizar a identificação do sorotipo do vírus”, informou a pasta ao Diário do Aço.

No entanto, conforme o boletim epidemiológico divulgado segunda-feira (5), a região de Saúde de Belo Horizonte registrou casos de DENV-3. O ressurgimento recente do sorotipo fez acender o sinal de alerta, como destaca Ricardo Luiz Fontes Moreira, médico infectologista do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Estado de Minas Gerais (CIEVS-Minas).

“Os quatro sorotipos de dengue já circularam no passado no Brasil, e entre 2004 e 2008, o sorotipo que predominou foi o dengue tipo 3. Porém, nos últimos quatro anos, aqui em Minas Gerais, os sorotipos predominantes foram 1 e 2. Como já há alguns anos não têm circulado em Minas o 3, a gente tem um grande número de pessoas suscetíveis à infecção por esse sorotipo, o que pode levar a um maior número de pessoas doentes”, explica.

ONU/Aiea/Dean Calma
Infecção por sorotipos diferentes aumenta risco de casos gravesInfecção por sorotipos diferentes aumenta risco de casos graves


O especialista ainda aponta que, além disso, as pessoas que já tiveram dengue por um sorotipo em anos anteriores e apresentam um novo quadro de dengue por outro sorotipo têm um risco maior de evolução para a forma grave da doença em relação às pessoas que estão tendo dengue pela primeira vez.

“Outro ponto que é preciso destacar aqui em Minas é o fato do aumento do número de casos de chikungunya em algumas cidades, que pode apresentar sintomas também que se confundem aos sintomas da dengue e pode ajudar a sobrecarregar os serviços de saúde”, afirma.

Dengue hemorrágica
A enfermeira do Centro Universitário Católica do Leste de Minas Gerais (Unileste), Ana Luizi Miranda, pontua que a infecção por outro tipo de sorotipo pode favorecer o desenvolvimento de dengue hemorrágica.
“Outro ponto muito importante que a gente deve trabalhar também é a dengue hemorrágica. No cenário atual, ela é pouco falada, visto que a gente está tendo muitos casos notificados de chikungunya. Porém, a dengue hemorrágica é mais comum de acontecer naquele indivíduo que já sofreu uma primeira infecção da dengue, isso porque o vírus da dengue tem quatro subtipos de vírus”, esclarece.

Sinais de alerta
“Se a pessoa apresenta um quadro característico de dengue e, além disso, tem, por exemplo, uma dor na barriga muito intensa e contínua, tem vômitos persistentes, tem tontura ao se levantar, que a gente chama de hipotensão postural, tem sangramentos em mucosas, por exemplo, sangramento gengival ou nasal, tem quadro de irritabilidade ou de sonolência, prostração, ou se o paciente apresenta o que a gente chama de sinais de choque, deve procurar imediatamente uma unidade de saúde, porque são pacientes com dengue que estão evoluindo para a forma mais grave da doença”, finaliza.
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