05 de fevereiro, de 2024 | 16:00

Plataforma pública vira espaço de divulgação do cinema contemporâneo

Arquivo pessoal: Adriano Reis
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Quando, em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia de covid-19, o mundo das artes e da cultura se viu diante de desafios jamais enfrentados. O isolamento e as restrições impostas pelo coronavírus exigiram novos planos e percepções para transformar o ambiente on-line no novo normal.

Nesse contexto, o Cine Humberto Mauro, principal sala de cinema público de Minas Gerais, localizado no Palácio das Artes, em Belo Horizontem e com mais de 40 anos de atuação, tratou logo de se reinventar. Surgia, então, em outubro de 2020, a plataforma gratuita de streaming CineHumbertoMauroMAIS (cinehumbertomauromais.com), apresentada pelo Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult) e da Fundação Clóvis Salgado.

Novo normal
Criada para abrigar as ações virtuais do Cine Humberto Mauro, a estreia veio com a programação da 22ª edição do Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte - FestCurtasBH. De lá para cá, a plataforma só cresceu em diversidade e relevância. “Tivemos de repensar rapidamente nosso plano de estratégia e o CineHumbertoMauroMAIS se tornou um grande atrativo, o que ressalta o pioneirismo dessa proposta. Quando a pandemia terminou e a experiência híbrida começou a arrefecer, decidimos manter esse caráter de chegar aos lares das pessoas. A plataforma não podia ser uma experiência transitória, não podia acabar na pandemia”, comenta o diretor cultural da Fundação Clóvis Salgado, Bruno Hilário.

Fritz Lang / Reprodução
Filmes clássicos, como ''Metrópolis'', estão no acervoFilmes clássicos, como ''Metrópolis'', estão no acervo
Do lançamento, há mais de três anos, a dezembro de 2023, o CineHumbertoMauroMAIS foi acessado mais de 65 mil vezes, alcançando cerca de 200 mil pessoas no mesmo período. A plataforma entrou em 2024 com mais de 150 filmes, entre longas e curtas-metragens de diversas épocas, países e movimentos cinematográficos. No site, ainda há catálogos, ensaios inéditos, críticas e entrevistas capazes de apresentar um profundo panorama sobre filmes e realizadores.

Diversidade
A um clique, estão clássicos hollywoodianos. Estamos falando de “O Homem Invisível” (1933), de James Whale, “Rebecca - A Mulher Inesquecível” (1940), de Alfred Hitchcock, “A Felicidade Não se Compra”(1946), realizado por Frank Capra, e “Medo e Desejo”(1953), de Stanley Kubrick. Obras do expressionismo alemão, como “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang, também estão disponíveis na plataforma.

Os cinemas brasileiro e mineiro estão, claro, muito bem representados. “Rapsódia para o Homem Negro” (2014) e “Quintal” (2014), de Gabriel Martins e André Novais Oliveira, respectivamente, estão na programação, que dedica seção especial a um dos pioneiros do cinema no Brasil, o mineiro Humberto Mauro (1897-1983). São 31 longas e curtas do realizador nascido em Volta Grande.

Gabriel Martins / Divulgação
Cinema mineiro contemporâneo está disponibilizadoCinema mineiro contemporâneo está disponibilizado
Presença no interior
O CineHumbertoMauroMAIS acaba preenchendo uma lacuna para os cinéfilos que moram fora de Belo Horizonte e não podem acompanhar a programação presencial no Palácio das Artes. É o caso do editor de vídeo Adriano Luiz Reis, de Divinópolis, que conheceu a plataforma no auge da pandemia e se apaixonou pelo conteúdo.

Ele diz assistir a, pelo menos, três filmes por semana do catálogo disponível no site cinehumbertomauromais.com. Segundo Reis, responsável por documentários que abordam a história de moradores de Divinópolis, o acervo “tem qualidade técnica, apresenta uma boa diversidade de filmes e democratiza o acesso ao cinema”. “Para quem está no interior, é uma maravilha. O mais bacana de tudo é poder ter acesso à produção mineira”, completa o editor.

Diretor, professor de cinema de animação e coordenador da Mostra Udigrudi de Cinema de Animação (Mumia), Sávio Leite já colaborou com textos e tem um curta-metragem - “Dinheiro” (2021), realizado em parceria com Arthur B. Senra - em cartaz na plataforma. Após a ascensão da onda do cinema virtual no auge da pandemia, Sávio Leite celebra que a plataforma tenha se mantido relevante e ativa para cinéfilos, realizadores, pesquisadores, professores e amantes do cinema em geral. “Enxerguei nessa plataforma um depositário. Estamos guardando para as gerações que virão depois. A plataforma é de extrema importância para a preservação da memória e da história da produção cinematográfica mineira contemporânea”, conclui o diretor.
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