04 de fevereiro, de 2024 | 06:00

Centro das atenções

Fernando Rocha

O país do futebol está com os olhos voltados para Minas Gerais, neste fim de semana. Começou pelo clássico de ontem, na Arena MRV, entre Galo x Raposa, mas se deve, sobretudo, pela decisão de hoje da “Supercopa Rei”, nome mudado em homenagem a Pelé, entre Palmeiras x São Paulo, no Mineirão.

O técnico da Seleção, Dorival Júnior, embora já tenha treinado os dois maiores rivais mineiros, não viria aqui exclusivamente para assistir o nosso maior clássico, mas como ficaria muito feio só aparecer hoje no Mineirão, para ver o “choque Rei” entre os dois rivais paulistas, esteve ontem também na Arena MRV.

Preocupação e motivo de muitas críticas no ano passado, o gramado do Mineirão agora não será problema, pois os gestores do estádio tomaram tenência e optaram por privilegiar o futebol ao invés dos espetáculos musicais.

Pela quarta vez, desde que foi reformado para a Copa do Mundo de 2014, o Mineirão será dividido ao meio para receber duas torcidas, um trabalho especial e sempre eficiente da nossa Polícia Militar diante da expectativa de um grande espetáculo sem confrontos ou violência entre as torcidas.

Fracasso das instituições
Por conta de um acordo esdrúxulo entre as diretorias do Atlético e do Cruzeiro, com a anuência dos órgãos de segurança e até do Ministério Público, tivemos torcida única no clássico disputado ontem na Arena MRV, com previsão para se repetir o formato nos próximos dois anos.

Por uma série de motivos, entre os quais a falta de recursos humanos e financeiros, mas, principalmente, a falta de boa vontade, competência, ou preguiça mesmo, o Estado abriu mão de exercer o seu poder ao capitular diante da bandidagem e colocar toda a sua autoridade em risco, com sérios prejuízos à sociedade que tem o dever de proteger.

Onde existem profissionais competentes, aliado à vontade de fazer segurança com responsabilidade, as coisas acontecem naturalmente, a lei prevalece sobre a desordem.

Em Ipatinga, tivemos duas experiências sediando clássicos entre Atlético x Cruzeiro, em 1996 e 2001, com torcidas divididas ao meio no Ipatingão e registro zero de violência.

Milagre? Sorte? Nada disso. Apenas boa vontade e competência das autoridades da época que planejaram e executaram com total eficiência as operações, que isolaram e tiraram de circulação os vândalos, e cumpriram o seu papel de permitir que os torcedores de bem curtissem os espetáculos sem nenhum contratempo ou constrangimento.

FIM DE PAPO

• Em 2001, o comando do 14º Batalhão de Polícia Militar em Ipatinga era do coronel Sandro Teatini, capitão Nunes na chefia da Seção de Planejamento, além do capitão Edivânio Carneiro, hoje coronel da reserva, à frente da Seção de Inteligência. Juntamente com uma equipe de oficiais e policiais subordinados, executaram um trabalho de excelência que deveria servir de exemplo e ser copiado pelas autoridades de segurança da ativa hoje na capital, o que, certamente, evitaria acordos e situações estranhas como essa agora, feitas ao arrepio da lei, onde a ordem e a justiça ficaram em segundo plano.

• O clássico de 2001, válido pela semifinal da Copa Sul-Minas, terminou empatado em 1 x 1, gols de Guilherme para o Galo e Jorge Wagner para o Cruzeiro. O técnico Felipão dirigia a Raposa e foi expulso no início do 2º tempo, por reclamação. Tive o privilégio de conduzi-lo da saída do gramado até a cabine, de onde acompanhou o restante da partida ao lado de dirigentes celestes. No caminho, muito nervoso, disse coisas impublicáveis sobre o também gaúcho árbitro Carlos Eugênio Simon. Após o fim do jogo, Felipão desceu da cabine e esperou Simon no corredor que dá acesso aos vestiários. Repetiu em alto e bom, para quem quisesse ouvir, os xingamentos e as acusações ao apitador que lhe renderam um processo na Justiça.

• Dos times de Atlético e Cruzeiro que se enfrentaram em 2001, talvez apenas a torcida da Raposa o trocaria pelo que tem hoje. O Cruzeiro jogou com Jefferson, Cleber Monteiro (Maicon), Luisão, Clebão, Alex Santos (Sérgio Manoel); Marcos Paulo, Marcos Vinícius, Jackson e Jorge Wagner; Marcelo Ramos e Geovani. O Atlético teve Veloso, Paulo Baier, Carlão, Rodrigão e Ronildo; Luiz Carlos, Anderson Luiz e Rolete; Alexandre (Ramon Menezes), Guilherme e Marques. O técnico era Abel Braga, o “Abelão”.

• Infelizmente, não temos mais nas forças de segurança profissionais como o coronel Teatini, o capitão Nunes, o coronel Edivânio e muitos outros daquela época. O Ipatingão, também, não é mais o mesmo, carece de reformas estruturais de verdade, como a troca do hoje obsoleto sistema de iluminação, além de placar eletrônico, cobertura das arquibancadas etc. Alguém escreveu que de nada valem as ideias sem homens que possam pô-las em prática. Também é de um autor desconhecido a frase que muito se aplica à atual situação de divisão e intolerância em nossa sociedade, uma das causas de tanta violência: - A educação é aquilo que fica depois que esquecemos aquilo que nos foi ensinado. (Fecha o pano!)

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