04 de fevereiro, de 2024 | 12:00

O que diz a ginecologia sobre o caso da jovem que morreu após ter relação sexual com jogador de futebol?

Yara Caldato *


Na noite de 30/1, uma jovem veio a óbito após ter relação sexual com um jogador da base do Corinthians. O laudo apontou que houve uma “rutura de fundo de “saco de Douglas” com extensão à parede vaginal esquerda”, o que significa que ocorreu uma ruptura ou corte no local.

Recebi algumas mensagens de pessoas perguntando para mim se isso é possível. Foi divulgado pelos jornais que uma jovem, após manter relação sexual, teve uma ruptura de uma região que se chama fundo do saco de Douglas que fica na vagina. Ela começou a sangrar e foi a óbito.

E sim, isso é possível de acontecer. Durante o meu período de residência médica, infelizmente, vi alguns casos. Não é algo comum mas pode sim acontecer e a gente tem que tomar cuidado durante as relações sexuais e com algumas posições além do uso de alguns toys, aqueles brinquedos.

A imagem abaixo mostra o canal vaginal e, no fundo, tem o fundo de saco de Douglas. Então essa é uma região muito vascularizada, dependendo da posição em que a mulher fica, na relação sexual, o pênis pode sim bater com um pouco mais de força ali dependendo de como está sendo essa relação ou o uso de alguns brinquedos de sex shop.

O que que a gente precisa entender? Como é uma região muito vascularizada pode bater ali e sangrar bastante levando essa paciente a ter um choque mesmo e isso pode levar a óbito, se ela não procurar atendimento logo porque a gente precisa rafiar, costurar essa região que foi lacerada, mas o que que uma notícia dessa nos traz de alerta?

“A relação sexual não pode ser dolorosa, não é para sangrar.
Se você começa a sentir dor ou tem um sangramento, pare
e observe, procure um atendimento de urgência, se for o caso”


A relação sexual ela não pode ser dolorosa ela não é para sangrar, então se você começa a sentir muita dor ou tem um sangramento, pare a relação imediatamente e observe, procure um atendimento de urgência se for o caso. Infelizmente, essas coisas acontecem para nos servir de alerta.

Afinal, o que é o saco de Douglas? – Trata-se de uma estrutura anatômica na pelve humana. Este espaço está localizado entre o útero e o reto, na parte mais baixa da cavidade abdominal, e é uma parte importante da anatomia ginecológica.

O saco de Douglas é uma área potencialmente vazia que pode ser preenchida por órgãos ou tecidos vizinhos, dependendo da posição e do estado fisiológico do sistema reprodutor feminino. É uma área onde os médicos podem realizar exames ginecológicos e avaliar a presença de fluidos ou anormalidades.

Durante o ciclo menstrual, o saco de Douglas é uma região que pode ser examinada em busca de sinais de endometriose, uma condição em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora do útero. Além disso, é uma área comum para acumulação de fluidos em casos de doença inflamatória pélvica ou outras condições ginecológicas.

Assim, o saco de Douglas é uma região anatômica importante no contexto ginecológico e é frequentemente considerado durante exames e procedimentos relacionados à saúde reprodutiva da mulher.

O que mais faz uma mulher sangrar após o sexo? - Segundo estudo publicado no site NHS, o sangramento pode indicar: Uma infecção, como doença inflamatória pélvica (DIP) ou uma infecção sexualmente transmissível (IST), como clamídia; Secura vaginal (vaginite atrófica) causada pela redução das secreções vaginais após a menopausa; Danos à vagina, como lacerações causadas pelo parto ou por secura ou fricção durante o sexo; Pólipos cervicais ou endometriais (crescimentos benignos ou não cancerosos no útero ou no revestimento do colo do útero); Ectrópio cervical (também conhecido como erosão cervical), onde há uma área inflamada na superfície do colo do útero. Portanto, o acompanhamento frequente com ginecologista é indispensável para manter a saúde íntima em dia.

* Ginecologista regenerativa, funcional e estética, afiliada do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais). Especialista em ginecologia e obstetrícia, membro da Associação Brasileira de Ginecologia Regenerativa Estética e Funcional.

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