01 de fevereiro, de 2024 | 12:00

Opinião: Nova Indústria Brasil e polo metalomecânico do Vale do Aço

Antonio Nahas Junior *

A reinauguração do alto-forno 3 da Usiminas foi um momento marcante na vida da nossa cidade. O maior investimento da história da Usiminas trouxe a Ipatinga os presidentes, do grupo Techint, Paolo Roca e da Ternium, Maximo Vedoya.

Paolo Rocca afirmou que "o programa de modernização da Usiminas começou com a conclusão do alto-forno 3 e vamos continuar avançando. Não tem marcha à ré. A Usiminas terá, nos próximos anos, grandes projetos de transformação, em Ipatinga, em Cubatão e na Mineração, para avançar na descarbonização das suas operações, para dar maior valor agregado aos seus produtos, para melhorar a sua produtividade e eficiência..."

A disposição do grupo em continuar a investir no Brasil é uma ótima notícia, que nos anima e nos enche de otimismo. Porém, pelas informações que colhemos, o Governo Federal não compareceu à inauguração, ou não foi convidado. E recebeu inúmeras e justas críticas sobre a falta de proteção à indústria nacional do aço, o que abre as portas para importação do aço chinês.

“O momento reúne condições para diálogo promissor
entre Usiminas, empresários do Vale e o Governo Federal”


Tudo isso ocorre no exato momento em que o Brasil lança o programa Nova Indústria Brasil, que visa fortalecer a indústria nacional; moderniza-la; aumentar nossa capacidade de exportação de bens manufaturados; gerar empregos mais qualificados. Enfim: A Techint investe; o Brasil quer fortalecer a indústria nacional; os passos do Governo ainda apresentam desencontros típicos de quem ainda está procurando se acertar.... E o diálogo, ao que parece, está prejudicado.

Nova Indústria Brasil pode fortalecer muito o Vale. O programa prevê, entre outras medidas, a estruturação das aglomerações econômicas como o Vale do Aço. No item 2 do Plano de Metas do Governo Lula - Desafios Estruturais do Desenvolvimento Industrial - Desenvolvimento Regional, lemos: "Elaborar proposta de Sistema Nacional de Territorialização do Desenvolvimento Industrial, a ser avaliada pelo CNDI, (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial) que inclua o mapeamento das principais aglomerações industriais regionais, arranjos e sistemas produtivos existentes, cidades industriais relevantes e capacidades locais."

Surge a possibilidade do Vale transformar-se numa destas aglomerações econômicas, as quais incluiriam na sua gestão, as empresas; o poder público; as entidades de classe; universidades; construindo uma governança sólida, capaz de estabelecer diálogo com as instâncias governamentais, com vistas a implantar as missões do programa na nossa região.

O programa possui metas diversas como Fundo Garantidor para micro e pequenas empresas; programas educacionais inovadores visando, por exemplo, a formação e capacitação de profissionais de nível superior, para sua fixação nas empresas; ampliação de ofertas de vagas e indução da educação profissional e tecnológica de nível médio, e muitos outros projetos e ações.

Caberia à governança local a atração destes recursos e sua execução, de forma integrada, dentro de uma estratégia aceita por todos. Falar em desenvolvimento é pensar em oferta de energia; logística de transporte; pesquisa e inovação; mão de obra qualificada; serviços municipais de qualidade, internet e boa estrutura de comunicação.
O programa aponta também para a possibilidade do Poder Público priorizar as compras junto aos fornecedores locais, o que se torna mais um incentivo ao desenvolvimento da região.

Todos estes fatos somados podem transformar o Vale num polo de desenvolvimento, agregando fornecedores para as empresas, a transformação do aço pela metalurgia, buscando maior agregação de valor da produção metalúrgica aqui existente, tanto da Usiminas quanto da Aperam.

E o mais importante: temos o Arranjo Produtivo Local (APL) denominado Polo Metalomecânico do Vale do Aço. Pelas informações colhidas no seu site, o APL agrega 270 empresas setores diversos: Caldeiraria; Engenharia e Projetos Industriais; Fundição; Manutenção Industrial; Usinagem/Tornearia. O polo exporta para mais de onze países; reúne mais de 9.000 empregos e abrange cinco municípios. Possui também boa estrutura de governança, que inclui Conselho Fiscal; Conselho de Administração e Comitê Diretor. Consolidou parcerias importantes com empresas privadas e órgãos públicos diversificados, garantindo desta forma boa inserção na sociedade.

A convergência de objetivos entre o Polo e as prioridades do Programa Nova Indústria Brasil é evidente. Felizmente, surgiu uma oportunidade para que sejam traçados caminhos para viabilização e crescimento de uma iniciativa regional tão valiosa.

Como vimos, o momento reúne ótimas condições para um diálogo promissor entre a Usiminas; os empresários do Vale e seus parceiros e o Governo Federal. Estrutura-lo é uma tarefa política da maior importância.

* Economista. Diretor-Presidente da NMC Integrativa.Contato: [email protected]

Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]
Mak Solutions Mak 02 - 728-90

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Javé do Outro Lado do Mundo

03 de fevereiro, 2024 | 23:37

“Boa explicação, só que com um PIB de 2,1 tá muito aquém; tô precisando tomar umas aulas com Luiz Barsi pra aprender investir em empresas sólidas que pagam bons dividendos. Presidente populista que investe muito no Social a Economia fica fraca, e deixa pro próximo aquele rombo. Rs.”

Antonio Nahas

03 de fevereiro, 2024 | 08:59

“Javé: O programa Nova Indústria Brasil estimula a produção e o consumo interno de aço. Há muitas ações neste sentido. A indústria naval também. O BNDES é favorável ao estímulo desta indústria. Mas o importante é haver a disposição de fortalecer a siderurgia brasileira.”

Javé do Outro Lado do Mundo

02 de fevereiro, 2024 | 21:26

“Uma das únicas saídas pro consumo do aço brasileiro seria a expansão da indústria naval que necessita de tempo para replanejamento. Tá longe disso acontecer. As Usiminas tá de parabéns sem guardar segredo das políticas de resultados da Empresa, Aperam, como sempre, faz o contrário. Esses indianos não são fáceis não. Rs.”

Antonio Nahas

02 de fevereiro, 2024 | 12:35

“Verdade, Giselda. Sem estrutura de transportes a região não prospera. Espero que o Pac 3 solucione esta lacuna. Obrigado pelo comentário.”

Giselda Bicalho

01 de fevereiro, 2024 | 18:14

“O Vale do Aço será promissor se e qdo tiver rodovia confiável para interligação com a capital e demais cidades, via área respeitável e ferrovia para carga e passageiros! Chegar em Ipatinga é penoso! Transportar de Ipatinga é arriscado?”

Envie seu Comentário