27 de janeiro, de 2024 | 07:00

Setor de serviços tende a puxar economia regional do Vale do Aço

Divulgação/PMCF
Segundo geógrafo, economia regional permanece sendo puxada pelo setor de serviçosSegundo geógrafo, economia regional permanece sendo puxada pelo setor de serviços
Isabelly Quintão - Repórter Diário do Aço
Os primeiros meses do ano despertam uma curiosidade na população a respeito de assuntos que envolvem economia, desenvolvimento, geração de empregos e programas governamentais.

Para o ano de 2024, a expectativa é que a economia regional continue sendo puxada pelo setor de serviços. As informações são do geógrafo William Passos, coordenador estatístico e de pesquisa do Observatório das Metropolizações Vale do Aço.

“A expectativa é de que o cenário se mantenha em 2024, com fraca geração na indústria de Ipatinga e de todo o Vale do Aço, e com a economia regional permanecendo sendo puxada pelo setor de serviços. A partir de 2022, a economia do Vale do Aço passou a perder dinamismo e isso aprofunda a crise que a região vem passando”, relata o geógrafo à reportagem do Diário do Aço.

Concorrência
Para o pesquisador, o mercado de aço brasileiro é muito aberto à concorrência estrangeira, visto que o Brasil pratica alíquota de importação de menos de 10% e os 27 países da União Europeia, México e Estados Unidos tributam em 25% o aço importado.

“Com isso, a importação do aço chinês explodiu e hoje responde por cerca de um terço de todo o aço consumido pela indústria brasileira. A China vende aço abaixo do preço de mercado porque subsidia muito a produção interna, ou seja, o governo chinês compensa a indústria daquele país para que a China possa vender para outros países a preços muito competitivos, leia-se, preços baixos”, detalha o geógrafo.

“Como as siderúrgicas e metalúrgicas brasileiras não conseguem vender o aço produzido ou transformado no país a preços tão baixos, elas perdem concorrência para o aço chinês. O resultado acaba sendo uma desaceleração da produção. O setor siderúrgico brasileiro, entretanto, tem reagido via mobilização e reivindicação do aumento da tarifa de importação para 25% pelo governo federal”, explica.

Desaceleração da indústria
No ano passado, a Gerdau, a ArcelorMittal e a Usiminas demitiram em torno de 3 mil trabalhadores e reduziram a produção em diferentes unidades, suspendendo os planos de investimentos até 2027, aponta William.

“No caso da Usiminas, a opção foi pelo ajuste na unidade de Cubatão, em São Paulo, mas a unidade de Ipatinga sentiu impactos residuais. Embora bem menores que os impactos no interior paulista, os reflexos da desaceleração da indústria do Vale do Aço foram suficientes para mergulhar a economia da região de Ipatinga, no que eu avalio, como um cenário de profunda crise”, aponta William, acrescentando acreditar que “2024 será um ano de continuidade desse contexto, com desaceleração da indústria nacional do aço. Isso significa continuidade dos impactos sobre a economia e o mercado de trabalho regional do Vale do Aço. Quando eu falo de Vale do Aço, penso no que eu chamo de Região Metropolitana Expandida, com a inclusão de Caratinga e Belo Oriente”, afirma.

William Passos também salienta que o que puxa o emprego no Vale do Aço é a indústria localizada em Ipatinga, que gerou 1.990 empregos nos últimos 12 meses de 2022 e demitiu 1.436 trabalhadores de janeiro a novembro do ano passado. “Quando a geração da indústria é fraca, o emprego na região acaba sendo puxado pelo setor de serviços, que é bastante intensivo em mão de obra”, ressalta.

Planejamento
Para o profissional, setores como educação, saúde, hospedagem, alimentação, comércio varejista e atacadista, lazer, entretenimento, turismo e economia criativa poderiam ter um alto crescimento.

“São setores que deveriam entrar no programa de governo dos prefeitos em 2024 e na agenda regional dos próximos anos. O Vale do Aço também poderia receber mais atenção do estado e do governo federal. Na comparação com outras regiões do Brasil, a região recebe pouquíssimos investimentos”, sugere William.

“Um exemplo disso é que aqui não há nenhuma universidade estadual ou federal. Com o parque industrial já implantado, as universidades poderiam desenvolver tecnologia e inovação para essas indústrias, impulsionando, inclusive, a criação de startups. Falta visão estratégica ao Vale do Aço, na minha avaliação. A região tem potencial para virar um hub tecnológico no coração do interior de Minas Gerais”, conclui.
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Comentários

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Bom

27 de janeiro, 2024 | 23:14

“Depois que fhc deu de bandeja(pros gringos) todos as riquezas do país: usinas, minas de ouro, minas de minérios de ferro, ferrovias e etc..
O vale do aço nunca mais foi o mesmo.”

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