24 de janeiro, de 2024 | 07:00

Minas Gerais: pico da dengue em 2024 deve ocorrer até março

Vacina contra a doença deve começar a ser aplicada no estado a partir de fevereiro, estima secretário

Reprodução/Instagram
Fábio Baccheretti, secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, concedeu entrevista coletiva de imprensa no Palácio da LiberdadeFábio Baccheretti, secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, concedeu entrevista coletiva de imprensa no Palácio da Liberdade
Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço
O ano de 2024 em Minas Gerais será epidêmico, assim como no ano passado, no entanto, poderá repetir um patamar similar a 2016, quando foram confirmados 446.961 casos confirmados e 282 mortes por dengue. A estimativa foi divulgada por Fábio Baccheretti, secretário de Estado de Saúde de Minas Gerais, durante entrevista coletiva de imprensa nesta terça-feira (23).

“Essa nova onda que vamos ter de dengue, a gente percebe que está em um nível acima dos dois anos epidêmicos [2016 e 2019], com uma inclinação muito parecida com ano de 2016. Nós não sabemos se iremos ultrapassar o ano de 2016, mas sabemos que, provavelmente, o pico vai ser mais precoce que nos outros anos. Geralmente o pico de dengue varia entre março a maio, e provavelmente, teremos até março este pico”, explicou o chefe da pasta.

O secretário citou o Vale do Aço como uma das regiões que já tem registrado um cenário preocupante de incidências das arboviroses neste início de ano.

“Teremos um ano epidêmico difícil no estado de Minas Gerais. Região Central de Minas, Leste, Vale do aço, Vale do Rio Doce estão com incidência elevada. Já temos 600 municípios com casos e 156 com incidência alta. Além disso, temos casos de dengue tipo 3. Isso preocupa porque a maior parte da população que já teve a doença foi contaminada pelo tipo 1 e 2. A circulação do tipo 3 pode fazer com que pessoas que sejam reincidentes desenvolvam casos graves, como a dengue hemorrágica”, pontuou.

Tecnologia no combate às arboviroses
Fábio Baccheretti enfatizou que a dengue e chikungunya são doenças antigas, e que não dá para combatê-las “sempre do mesmo jeito”. Durante a entrevista, ele informou que o Estado disponibilizou um incremento de R$ 32,2 milhões a serem pagos no próximo mês de fevereiro aos municípios mineiros para o combate da dengue, zika e chikungunya. O valor se soma aos R$ 80,5 milhões previstos para esse período sazonal, dos quais R$ 48,3 milhões foram repassados em dezembro e R$ 32,2 milhões estão previstos para o mês de julho. Além disso, foram investidos recursos em drones.

“Os drones mapeiam todo o território do município, principalmente em áreas de risco que podem haver focos de dengue”, afirma o secretário. Isso pode facilitar o trabalho dos agentes de endemias e permitir uma ação mais certeira.

Esses investimentos se somam à construção da biofábrica da Wolbachia, que deve ficar pronta no primeiro semestre de 2024. As obras estão sendo executadas pela Vale, como parte do Acordo Judicial, assinado pelo Governo de Minas, o Ministério Público de Minas Gerais, o Ministério Público Federal, a Defensoria Pública de Minas Gerais e a mineradora, que visa reparar os danos decorrentes do rompimento das barragens em Brumadinho. Além de construir, equipar e mobiliar a unidade, a Vale vai custear seu funcionamento por cinco anos, contados a partir da licença de operação, com investimento total de cerca de R$ 77 milhões.

A estimativa é de que a produção semanal da biofábrica, depois do início das atividades, seja de dois milhões de mosquitos que, uma vez inseridos no meio ambiente, vão se reproduzir com os Aedes aegypti locais e estabelecer uma população com Wolbachia, que não transmite as doenças. Os mosquitos produzidos na biofábrica serão destinados aos 22 municípios da Bacia do Rio Paraopeba. A expectativa da SES-MG é que ocorra a expansão da produção para todo território estadual.

Vacinas em Minas Gerais
Ainda na coletiva de imprensa, o secretário estipulou que o estado pode ser contemplado com a vacina Qdenga, produzido pelo laboratório japonês Takeda, e incorporado recentemente ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Minas Gerais, pelos critérios existentes, será um estado que vai receber, proporcionalmente, bastantes vacinas. O que já sabemos é que serão para municípios maiores, com mais de 100 mil habitantes, onde a incidência recente está maior”, declarou Baccheretti.

“Provavelmente, Minas Gerais vai ser contemplada já nesta primeira remessa de doses que chegaram no Brasil. Então, a partir de fevereiro, provavelmente, iniciaremos a vacina de dengue”, anunciou.

Cenário no estado
Até 22 de janeiro de 2024, foram notificados 32.316 casos prováveis de dengue, 11.490 casos confirmados para a doença, 14 óbitos em investigação e 1 óbito confirmado. Dentre eles, 159 são casos graves ou com sinais de alarme.

No mesmo período, foram 4.353 casos prováveis de chikungunya, 3.067 casos confirmados, dois óbitos em investigação e um óbito confirmado; e dois casos prováveis de zika.

As notificações de casos de dengue, chikungunya e zika são lançadas pelos municípios no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde. Os óbitos em investigação devem ser notificados em até sete dias e têm 60 dias, a partir da data de notificação, para serem investigados e encerrados, podendo a conclusão ser alterada neste período.
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