16 de janeiro, de 2024 | 07:20

Queda de antidumping contra produtos do aço brasileiro pode beneficiar siderúrgicas da região

As empresas podem aumentar a produção de matéria-primas para a produção de tubos soldados de aço não-ligado

Matheus Valadares
Medida pode ser benéfica para todo o estado mineiroMedida pode ser benéfica para todo o estado mineiro

A Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos (USITC, na sigla em inglês) revogou o direito antidumping aplicado às importações brasileiras de tubos soldados de aço não-ligado de seção circular, que estava em vigor desde 1992 e atingia vários outros países. Após processo de revisão periódica, o Brasil foi o único país a ser retirado da medida.

O anúncio foi realizado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDCI), Geraldo Alckmin, durante coletiva de imprensa no último dia 5.

Assim, os EUA deixarão de cobrar taxas adicionais de 103,4%, na forma de alíquota ad valorem, na importação de tubos soldados de aço não-ligado originários do Brasil.

Apesar do material não ser fabricado diretamente pelas siderúrgicas do Vale do Aço, como Usiminas e Aperam, essa medida pode trazer impactos positivos às empresas, mesmo que de forma indireta.

As plantas fornecem o insumo siderúrgico necessário para a fabricação dos tubos soldados de aço não-ligado, como explica Flaviano Gaggiato, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Regional Vale do Aço.

“Todas as grandes siderúrgicas que trabalham com esses produtos, Mannesmann, que faz muito tubo, por exemplo, vão ser grandes beneficiadas nesse sentido. E aqui da região, as empresas nossas também fornecem para Mannesmann, então até indiretamente a gente acaba sendo beneficiado no médio e longo prazo”, afirma.

Para Gaggiato, o possível crescimento de exportação deste tipo produto, combinada com uma alta demanda por parte de insumos fabricados pelas siderúrgicas regionais, pode favorecer até mesmo outras prestadoras de serviços do Vale do Aço, principalmente no que tange a manutenção de equipamentos.

“Se você começa a aumentar a exportação, de maneira direta, você aumenta a sua produção e de maneira indireta você aumenta a necessidade também de manutenção, ou de ampliação de plantas, tudo isso ajuda. Mas principalmente na área de manutenção, de recuperação de equipamentos, indiretamente, exige uma manutenção maior, e com isso integra até as indústrias locais aqui que fornecem, para Usiminas, para Aperam, para CSN, porque aí essa medida beneficia o Brasil como um todo”.

Geraldo Alckmin compartilha de uma visão semelhante à de Gaggiato. No momento do anúncio da retirada do antidumping, o ministro comemorou a possibilidade de expansão de vendas para os EUA.

“É uma conquista importante que vai expandir mais ainda a exportação siderúrgica de tubos de aço para os Estados Unidos. Aliás, é o quarto direito antidumping retirado de 2022 para cá”, comemorou o ministro. Os demais foram os de laminados a frio, laminados a quente e chapas de aço carbono.

Minas Gerais pode expandir o mercado
Gaggiato disse ao Diário do Aço que, em 2023, a exportação foi de em torno de R$ 1,8 bilhão de estruturas de aço de ferro fundido, em anexo, e do total, aproximadamente 18% foi para os Estados Unidos, em torno de R$ 332 milhões.

“Com essa diminuição, ou a eliminação dessa tarifa, com certeza a possibilidade de a gente no mínimo dobrar a exportação é muito grande”, comemora o especialista.

Quanto ao tubo de aço, normalmente exportado para empresas do setor de petróleo e gás, o diretor da Fiemg afirma que foram R$ 22 milhões gerados no total, e há a expectativa que o item chegue a R$ 1 milhão neste ano.

“Em Minas, nós exportamos R$ 251 milhões de soldados de aço, porém não houve embarque com os Estados Unidos nesse produto no ano passado. Então a gente passa a ser competitivo agora nos Estados Unidos com esse produto também. Que é a exploração de tubos soldados e aços não ligados”, estipula.

Importação do aço chinês
No ano passado, as siderúrgicas da região sentiram o efeito da grande importação do aço chinês. A Usiminas chegou a fechar o alto-forno 1, enquanto a Aperam anunciou o adiamento dos investimentos na planta de Timóteo.

O aço chinês chega ao Brasil subsidiado pelo governo do país asiático, com preços baixos e que prejudica a competitividade da indústria siderúrgica nacional.

Os executivos brasileiros do ramo siderúrgico pedem que o governo federal taxe o produto chinês.
Gaggiato afirma que está articulando junto com as indústrias da região e também com setores do governo federal para o retorno da taxa de importação nos parâmetros anteriores.

“Estamos brigando com o governo para voltar pelo menos aos 25%, no mínimo isso, e para que as indústrias que passam a competir com pelo menos um pouco mais de igualdade de condição”, finaliza.
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Comentários

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Tião Marreta

16 de janeiro, 2024 | 16:28

“Foi só passar a data base, que a empresa voltou a lucrar. Milagre ou esperteza?
Fiquem espertos peaozada, o Sindicato hoje é patronal, não confie nele também.”

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