12 de janeiro, de 2024 | 14:03

Solidão na Terceira Idade: Um olhar para a saúde mental e a intervenção do mindfulness

Vitor Friary *


A solidão é uma sombra que paira sobre a vida de muitos idosos em todo o mundo, transcendendo fronteiras e diferenças culturais. Na Europa, estudos recentes apontam que até 13% dos entrevistados experimentaram solidão constante nas últimas quatro semanas. Em contextos específicos, como na Espanha, mais de dois milhões de pessoas com mais de 65 anos vivem sem companhia, destacando uma disparidade de gênero significativa.

Além de prejudicar o bem-estar emocional, a solidão emerge como um problema de saúde pública, aumentando os riscos de doenças mentais e cardiovasculares. É crucial entender dois fenômenos distintos: a solidão temporária, de impacto limitado, e a solidão crônica, uma ameaça significativa à saúde.

Solidão e Saúde Mental: Uma conexão profunda - Estudos recentes na neurociência e psicologia revelam uma conexão profunda entre a sensação contínua de isolamento e mudanças nas funções mentais. A ativação aumentada do sistema nervoso simpático e a redução da regulação do sistema nervoso parassimpático foram identificadas em idosos que vivem sozinhos. Essas alterações podem obstaculizar a capacidade de adaptação cerebral e a geração de novas células cerebrais, contribuindo para doenças neurodegenerativas.

Além disso, a falta de interações sociais pode prejudicar diversas capacidades cognitivas, aumentando o risco de depressão, ansiedade e estresse crônico. Com o envelhecimento da população, a solidão é reconhecida como uma epidemia que exige políticas de saúde pública.

Mindfulness como Intervenção: Explorando um caminho para a conexão - Em um cenário onde a solidão se torna cada vez mais prevalente, a pesquisa sobre mindfulness emerge como uma luz de esperança. Estudos revelam que práticas de mindfulness são eficazes na redução da solidão em idosos. O mindfulness não apenas melhora a saúde mental, mas também impacta positivamente a saúde física.


“A falta de interações sociais pode prejudicar diversas
capacidades cognitivas, aumentando o risco de depressão,
ansiedade e estresse crônico”


Uma revisão abrangente mapeou estudos sobre mindfulness em idosos e identificou oito estudos, todos indicando melhorias na solidão com o uso de mindfulness. A prática se mostra promissora, não apenas como uma ferramenta para reduzir a solidão, mas como uma forma de promover um envelhecimento ativo e saudável.

Conclusão: Desafios, Soluções e um Futuro Conectado - A crescente preocupação com a solidão na terceira idade motivou o desenvolvimento de programas comunitários e intervenções concretas, demonstrando eficácia na redução da solidão e fortalecimento do tecido social. À medida que enfrentamos os desafios do envelhecimento da população, a incorporação de práticas de mindfulness em programas intergeracionais se destaca como uma área promissora de pesquisa, indicando um futuro mais conectado e resiliente.

* Psicólogo clínico especializado em Terapia Cognitiva Baseada em Mindfulness e diretor do Centro de Mindfulness

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