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10 de janeiro, de 2024 | 12:00

Opinião: Minha faixa etária vai muito bem...

Antonio Nahas *

Este ano completo 72 anos. Todo dia levo um susto com a minha idade e nem acredito direito que já cheguei lá. "Isso tudo? Nossa Senhora!", eu me espanto... Mas, é um privilégio ter chegado ativo e com potencial de continuar a trabalhar nesta idade. E não só eu. Em Ipatinga, pelos dados do censo, há 7.538 pessoas na faixa etária entre 70-74 anos, sendo distribuídos igualmente entre os sexos.

Acima de 60 anos, há quase 42 mil pessoas na cidade, que correspondem a cerca de dezoito por cento da população total, que hoje está em 227.731 habitantes.

Por aqui ainda não há ninguém com mais de 100 anos mas, pelo Brasil afora, 38 mil pessoas já conseguiram chegar a essa marca. Certamente vamos chegar lá também.

Os dados do censo de 2022 revelam grandes mudanças no perfil da nossa sociedade, que foram se consolidando ao longo de muitos anos. Em 1900, a expectativa de vida no Brasil era de 30 anos. Hoje está em 75 porque, com o desenvolvimento e urbanização do país, a taxa de mortalidade foi diminuindo.

“Segundo o demógrafo José Eustáquio, a população
do Brasil deverá começar a cair a partir de 2040”


Passados alguns anos, a taxa de natalidade também caiu. Antes de 1970, era de 3 filhos por mulher. Hoje em dia está próxima de 2,1 filhos por mulher, taxa necessária apenas para recompor a população, sem que esta cresça.

Há décadas, as famílias optavam por ter muitos filhos, pois a mortalidade infantil era alta. Consideravam melhor ter muitos filhos para garantir que alguns chegassem à idade adulta. Muitas famílias também gostavam de ter filhos para que estes começassem a trabalhar mesmo sendo ainda crianças, para aliviar os pais.

Não era obrigatório frequentar a escola. Alimentação, vestuário, saúde, tudo era improvisado
A maior parte vivia em pequenas cidades ou na área rural. Não haviam os custos e as dificuldades da vida urbana. Completado o processo de urbanização no Brasil, tudo mudou. A vida tornou-se outra.

Veio também outro componente: os cuidados com a saúde fizeram diminuir drasticamente a mortalidade infantil. Os avanços da Medicina começaram e espichar a vida de todos nós.

Como resultado deste processo, temos o envelhecimento da população: a idade média da população vai subindo aos poucos. Diminui o contingente mais jovem e vai subindo gradativamente o número de adultos e idosos...

Resultado: há algumas décadas, as chamadas "pirâmides populacionais" eram da seguinte forma: enormes na sua base, pois a população era basicamente composta por pessoas jovens e diminuta na parte de cima, já que apenas pequena parcela da população conseguia ultrapassar os cinquenta anos. E já era considerado "velhinho".

Hoje é tudo diferente: as pirâmides populacionais são estreitas na base, gordinhas no meio, onde fica a maior parte da população e vão espichando devagarzinho para cima, até terminarem.

Segundo o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, doutor em demografia, este fenômeno é chamado de transição demográfica. Inicia-se com a queda das taxas de mortalidade e fecundidade, ocasionando a modificação do perfil etário da população, que passa a ter maior contingente de pessoas mais velhas.

Estas modificações têm um efeito enorme em toda a sociedade. A maioria da população encontra-se em idade ativa e faz parte do mercado de trabalho. Isto é o que chamam de "bônus demográfico" pois o contingente em idade ativa para dar duro supera o somatório de crianças e idosos. Em Ipatinga, a população em idade ativa supera de cento e vinte cinco mil pessoas, mais de cinquenta por cento da população total.

À medida que as décadas vão se sucedendo, isto muda: mais gente vai envelhecendo, parando de trabalhar, vivendo de pensões, aposentadorias e rendimentos. E a sociedade tem que procurar os meios de conviver com uma população cada vez mais idosa, o que não é fácil.

A médio prazo, outro fato: Segundo o demógrafo José Eustáquio, a população do Brasil deverá começar a cair a partir de 2040. A taxa de mortalidade vai superar a de natalidade. Em Ipatinga, a população diminuiu 5%, passando para 227.731 pessoas.

Isto pode proporcionar o aumento do PIB per capita e tornar o país mais rico.
Quem quiser acessar a palestra do José Eustáquio, acesse o link https://youtu.be/4M-3uhue_10?si=3WAOzcc-dxthlm. Vale a pena.

E espero chegar pelo menos até os noventa anos caminhando e dando umas corridinhas no Parque Ipanema.

*Economista e empresário. Diretor-Presidente da NMC Integrativa. Contato: [email protected]

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Comentários

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Antonio Nahas

11 de janeiro, 2024 | 21:46

“Agradeço os comentários. A pílula anticoncepcional ajudou muito na diminuição do número de filhos e contribuiu para a inserção da mulher no mercado de trabalho. Ótima lembrança. Com relacao ao aumento da população idosa e diminuição da população em idade ativa, é um fenômeno demográfico que modifica toda a sociedade: o homo sapiens vive mais. E produz mais. No artigo trabalho com taxa de natalidade e não fecundidade: muito obrigado!”

Giselda de Sales Bicalho

10 de janeiro, 2024 | 17:21

“Ter família numerosa nas décadas passadas não era devido a ?escolha familiar? e sim ao atraso, pois somente no final da década 60 , salvo engano, é q chegou no país pílulas anticoncepcionais para uso feminino! De se lembrar ainda q a Igreja proibia âs mulheres o uso de qualquer método contraceptivo?.”

Gildázio Garcia Vitor

10 de janeiro, 2024 | 15:10

“O aumento da expectativa de vida é motivo de júbilo para todos, mas é também motivo de preocupação, pois uma população idosa aumenta os gastos sociais e, futuramente, reduz a população economicamente ativa.
Parece que existe uma confusão conceitual no artigo, entre taxa de natalidade e de fecundidade, e com os números de filhos por mulher também. Em 1970, era de 5,8 por mulher; em 1991, 2,9; e ano passado, de 1,62.”

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