07 de janeiro, de 2024 | 07:00

Sonhos dourados: a graduação após os 50 anos como forma de conquistar antigos anseios

Matheus Valadares - Repórter Diário do Aço

Quanto tempo a gente ainda tem para realizar o nosso sonho? A mesma pergunta que Emicida fez na música “A cada vento”, José Honorato Pereira fez a sim mesmo, e ainda lhe deu a resposta na prática ao ingressar em um curso de Direito.

“A realização de um sonho pois, antes não tive condições financeiras para realiza-lo. Penso que agora conseguirei”, esse é o sentimento de José Pereira, de 53 anos. A nova graduação irá propiciar uma mudança de carreira em um futuro próximo.

Pereira é professor de Filosofia e Sociologia, graduado em Filosofia e Licenciado em História, Geografia e Sociologia. Ele tem ainda mestrado em Filosofia pela UFJF e Mestrado em Consultoria e Auditoria Ambiental por Las Palmas de Grã Canária/Espanha.

Com 32 anos em sala de aula, o educador vislumbra, além de realizar um sonho antigo, aposentar-se como professor, e continuar a trabalhar em outra profissão.

“Primeiro: é um sonho antigo. Segundo: estou pensando em uma provável aposentadoria, no que tange à docência. Terceiro: aposentando, gostaria de continuar trabalhando, só que em outra área”, explica.

José Pereira se classifica como um “jovem de 53 anos”, e afirma que o planejamento para iniciar a nova graduação envolveu o lado financeiro e de saúde. Além disso, ele revela que há um desequilíbrio em relação aos colegas de classe

“Enfrentei e ainda enfrento e a discrepância de idade dentro da sala de aula. Tenho colegas que tem bem menos idade do que eu tenho de docência. Aí começam os conflitos de interesses, eles querem curtir e eu quero aula. Ainda existe a questão do tempo, pois trabalho muito e não tenho tempo quase nenhum para trabalhar em grupo”, informa.

O aluno de Direito tem a expectativa ainda de realizar algo talvez utópico, que ele classifica como um possível “idealismo”. Gostaria de advogar sem a preocupação com a parte monetária, penso que já estarei aposentado como professor e aí pretendo, quem sabe, fazer na prática o que nosso país colocou nas leis, o acesso à justiça”, conclui.

Contrariei a ideia que faculdade é apenas para os mais jovens

Juliana Santos Zanella Guedes, de 53 anos, também iniciou uma nova graduação após carreira consolidada. Em 2023, era concluiu o curso de Direito, sua terceira graduação. “Decidi ingressar na graduação mesmo já estando em um estágio mais avançado da minha vida profissional. Contrariando a ideia convencional, de que a faculdade é apenas para os mais jovens, percebi que nunca é tarde para buscar conhecimento”, afirma.

Juliana disse em entrevista ao Diário do Aço que enfrentar os desafios do trabalho e conciliar estudos, cuidados com os filhos e a gestão da casa tem sido uma jornada intensa. “O cansaço da rotina e a necessidade de encontrar horários para estudar são desafios reais”, porém, a universitária afirma que tem encontrado apoio de seus familiares, sobretudo do marido. Além disso, Juliana afirma que “a vontade de adquirir conhecimento e crescer pessoalmente supera quaisquer obstáculos”.

A motivação para iniciar sua terceira graduação se deu pela necessidade de continuar crescendo profissionalmente. “A decisão de entrar na faculdade foi impulsionada pela necessidade crescente no meu trabalho, onde sinto a urgência de aprofundar meu entendimento sobre leis, direitos e deveres”, explica.

“Acredito que o aprendizado contínuo é a chave para o desenvolvimento profissional e pessoal, independentemente da idade”, conclui.