06 de janeiro, de 2024 | 00:01

Vale do Aço registra 764 casos de sífilis até outubro de 2023

Rodrigo Nunes/MS
O diagnóstico de sífilis é feito de forma rápida e sigilosa  O diagnóstico de sífilis é feito de forma rápida e sigilosa

A Região do Vale do Aço registrou 764 casos de sífilis adquirida até o mês de outubro do ano passado. O número significa uma queda de 16,50% em relação ao mesmo período de 2022, quando houve 915 notificações.

Já comparado ao ano de 2021, que teve 714 casos de janeiro a outubro, os dados representam uma queda de apenas 6,54%. Em todo o ano, foram 898 casos, enquanto em 2022 houve 1.108 notificações.

Os dados foram extraídos e analisados pelo Diário do Aço junto ao banco de dados de sífilis da Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), que contempla o registro de casos de sífilis adquirida inseridos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). As informações passaram a serem disponibilizadas neste formato Controladoria-Geral do Estado (CGE-MG) e a SES-MG) em novembro.

Casos em homens são maioria
Conforme os dados, pessoas do sexo masculino são maioria ao adquirirem a doença nos três anos analisados. Em 2021, durante todo o ano, foram registrados 369 casos da doença em pessoas do sexo feminino e 529 casos com o sexo masculino. No ano seguinte, houve 720 notificações em homens e 387 no sexo oposto. Já em 2023, até o mês de outubro, houve 455 casos de indivíduos do sexo masculino contra 309 casos pessoas do sexo feminino.

A nível nacional, houve um aumento na taxa de detecção de sífilis adquirida de 2012 a 2022, exceto em 2020, provavelmente em decorrência da pandemia de covid-19. Talane Alcântara, referência técnica da coordenação estadual de IST, Aids e hepatites virais, destaca a importância das medidas preventivas e aponta que, o fato dos homens serem a maioria a registrarem casos da doença, pode estar ligado a uma maior variação de parceiras sem o uso de preservativos.

“Em relação aos casos de sífilis adquirida registrados, nós observamos um aumento gradual e expressivo, tanto na população masculina como feminina, prevalecendo a população masculina com maior registro de casos ao longo dos anos. Considerando que a sífilis tem como principal forma de transmissão o contato sexual desprotegido, sem o uso do preservativo, esse aumento na população masculina pode indicar uma maior variabilidade de parcerias sexuais sem o uso do preservativo, que pode justificar esse aumento nessa população. Vale ressaltar, diante disso, a necessidade de ações voltadas para a saúde do homem, ações desenvolvidas para prevenção, na atenção básica, com orientações em relação às infecções sexualmente transmissíveis, ações também que podem envolver as parcerias sexuais no pré-natal para que a gente consiga reduzir a ocorrência dos casos de sífilis congênita”, detalha.

Casos de sífilis por município na região

Com maior número de habitantes em toda região do Vale do Aço, Ipatinga é o que detém a maior quantidade de notificações por sífilis em todos os anos analisados, sendo 562 em 2021, 637 em 2022 e 432 até outubro do ano passado.

Em Coronel Fabriciano foram 87 casos em 2021, 117 em 2022 e 91 em 2023. Já o município de Timóteo registrou 109 casos de sífilis adquirida em 2021, 121 em 2022 e 69 em 2023.

Santana do Paraíso teve o total de 49 casos em 2021, 57 em 2022 e 36 no período analisado de 2023

A doença é curável

A sífilis é uma doença curável e tem como agente etiológico a bactéria treponema pálido. A principal forma de transmissão é por meio do contato sexual, no entanto, essa não é a única forma dela ser contraída. “Também pode ser transmitida de forma vertical para o feto durante a gestação de uma mulher com sífilis não tratada ou tratada de forma não adequada”, aponta Talane Alcântara.

A especialista faz questão de enfatizar a necessidade do uso do preservativo masculino ou feminino em todas as relações sexuais para prevenir não só da sífilis, mas também de outras infecções sexualmente transmissíveis.

Principais sintomas
Talane ressalta que a sífilis é classificada em fases que vão orientar o profissional em relação à conduta e à instituição do tratamento.

Na fase primária da sífilis, que tem como período de incubação em torno de 10 a 90 dias, desde o momento em que o indivíduo é infectado até esse período em que ele vai manifestar algum tipo de sintoma, ocorre o aparecimento de uma úlcera única no local da entrada da bactéria.

“Essa úlcera pode aparecer tanto na vulva quanto no ânus, pênis, mucosa oral e é denominada cancro duro. Costuma ser indolor, é uma úlcera não pruriginosa, ou seja, ela não coça, então ela não causa nenhum tipo de incômodo e ela desaparece de forma espontânea, independente da instituição do tratamento. Por ser uma úlcera que não incomoda, ela pode não ser notada ou valorizada pelo paciente”, frisa Alcântara.

Na fase secundária da sífilis, o indivíduo sem tratamento entra na fase secundária, que ocorre em torno de seis semanas até seis meses após a cicatrização da primeira úlcera.

“Nessa fase secundária, é comum o aparecimento de placas em mucosas, lesões mais acinzentadas ou pouco visíveis. Acometem principalmente a região plantar e palmar e também tem como características oferecerem úlceras não pruriginosas, ou seja, que não incomodam também o indivíduo. Esses sintomas desaparecem em algumas semanas, independente de tratamento, trazendo também essa falsa impressão de cura”, continua a explicação.

Após a segunda fase, o paciente entra na fase latente da sífilis, que é um período em que não se observa nenhum tipo de sinal ou sintoma. “Como o indivíduo não tem nenhum tipo de manifestação nessa fase, o diagnóstico ocorre exclusivamente pela reatividade dos testes, e a maioria dos diagnósticos pode acontecer nesse estágio. Passada essa fase latente, o indivíduo entra no último estágio da sífilis, que é a sífilis terciária. Essa fase terciária pode se manifestar entre 1 e 40 anos após o início da infecção. A inflamação causada pela sífilis nessa fase provoca destruição de tecidos, pode acometer o sistema nervoso e cardiovascular, e as lesões podem causar até incapacidade e morte”, conclui a especialista.

Como é notificado o caso de sífilis adquirida

Os critérios de definição de caso para sífilis adquirida são:
Situação 1 - Indivíduo assintomático, com teste não treponêmico (TNT) reagente com qualquer titulação e teste treponêmico (TT) reagente e sem registro de tratamento prévio;
Situação 2 - Indivíduo sintomático para sífilis, com pelo menos um teste reagente (treponêmico ou não treponêmico), com qualquer titulação.
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Comentários

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Cidadão

07 de janeiro, 2024 | 15:06

“Alô professor Gildázio. O senhor não está ensinando aos seus alunos não? Lá na prosaica Manhhuaçu (hoje um lugar horrível tomado pela violência), o professor Adênio, de Ciências Biológicas nos alertavam, nos anos de chumbo, 1980, mesmo com um milico batendo bocas nos corredores do Polivalente, no Pedregal, sobre os riscos da blenorragia e sífilis. Rapaz, que saudades do Adênio. Achava ele chato mas o fato é que carreguei a vida toda ensinamentos da biologia que ele ensinou. Detalhe: o antigo Polivalente tinha laboratórios para os experimentos. Pergunta: A quem interessou o fim do Polivalente? Os outros paises mantiveram as escolas politécnicas dos anos 1970 e 1980.”

Aluno do Mestre Gildázio

07 de janeiro, 2024 | 13:45

“Lembro da boêmia Fabriciano com suas casas de amores e lascívia. Lembro que contrair uma blenorragia em tempos áureos do amor vendido em Fabriciano. Fui tratado com cefalexina e bezentacil na época pelo saudoso farmacêutico Cajuca. Eita doença venérea ardida essa tal gonorreia.”

Gildázio Garcia Vitor

06 de janeiro, 2024 | 09:04

“Segundo os historiadores, Nietzsche, um dos meus Filósofos e Poetas preferido, que para mim era louco de nascença, perdeu o juízo totalmente devido a neurossífilis, que no final do séc. XIX ainda não tinha cura.
Estes dados são muito preocupantes, porque outras IST, como, por exemplo, o HIV-AIDS, que não tem cura, também devem estar ocorrendo, por falta de uma melhor informação/campanha educativa sobre o uso do preservativo.”

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