27 de dezembro, de 2023 | 14:59

Fifa ameaça suspender clubes brasileiros de competições internacionais

Lucas Merçon/Fluminense
O Fluminense é o atual campeão da Libertadores e já tem vaga garantida na edição 2024O Fluminense é o atual campeão da Libertadores e já tem vaga garantida na edição 2024

A Fifa e a Conmebol emitiram uma nota oficial conjunta neste domingo (24), abordando a delicada situação política vivenciada pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O comunicado reitera a atenção das organizações ao processo de escolha do novo presidente da entidade, que está programado para janeiro, após a retirada de Ednaldo Rodrigues do cargo em 12 de dezembro, por decisão judicial.

A nota destaca que uma comitiva da Fifa e da Conmebol estará no Brasil a partir de 8 de janeiro para supervisionar o processo eleitoral da escolha do novo mandatário. Além disso, ressalta que qualquer decisão relativa à CBF antes dessa data não será aceita. O ofício informa à CBF que, em caso de desrespeito às ordens, a entidade poderá sofrer suspensão, inclusive com o veto da participação de clubes e da seleção brasileira em torneios internacionais por tempo indeterminado.

Enquanto os possíveis candidatos se movimentam nos bastidores para disputarem o pleito, a CBF segue com José Perdiz, mandatário do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), como interventor. A carta assinada por Fifa e Conmebol, endereçada ao secretário geral da CBF, Reis Rocha, destaca a insistência de José Perdiz na manutenção das eleições no prazo de 30 dias úteis. Além disso, informa que Perdiz solicitou ao Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro a nomeação de um Conselho de Administração interino da CBF para cuidar de seus negócios.

A carta ressalta que, conforme os estatutos da Fifa, as associações membros devem gerir seus assuntos de forma independente, sem influência indevida de terceiros. Qualquer violação pode levar a sanções, incluindo suspensão, mesmo que a influência de terceiros não seja culpa da associação membro em questão.

Suspensão
A possível suspensão da CBF pela Fifa teria impactos significativos no futebol brasileiro. Nenhum clube do Brasil poderia participar de competições internacionais, afetando torneios como o Mundial de Clubes, a Libertadores, Sul-Americana e Recopa Sul-Americana. A seleção brasileira também ficaria impedida de atuar em eventos internacionais.

Caso a Fifa prossiga com a suspensão à CBF, clubes brasileiros como Palmeiras, Botafogo, Flamengo, Atlético, Grêmio, Red Bull Bragantino, Fluminense e São Paulo não participariam de competições internacionais, incluindo a Libertadores, e a seleção brasileira ficaria impossibilitada de atuar. A situação adiciona uma camada de complexidade ao cenário político do futebol brasileiro, podendo resultar em sérias repercussões para o esporte nacional.

Histórico
A rápida movimentação da Fifa está relacionada ao passado conturbado de Marco Polo Del Nero, banido do futebol por escândalos de corrupção. A atual gestão da CBF, presidida por Ednaldo Rodrigues, mantém uma relação positiva com a entidade máxima do futebol, e o Brasil é um dos candidatos para sediar a Copa do Mundo feminina de 2027.

Em paralelo à crise política na CBF, nos bastidores da entidade, há um conflito entre Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira, visando à remoção de Ednaldo Rodrigues da presidência. A situação foi noticiada pelo portal UOL. Fontes internas da CBF consideram a intervenção da Justiça como uma "interferência absurda para tentar tomar o poder das mãos de um presidente que foi eleito legitimamente", apesar da falta de resultados esportivos.

Ednaldo continua fora
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça negou, na última sexta-feira (22), um pedido de liminar para anular a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) que levou à retirada do dirigente Ednaldo Rodrigues do cargo de presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no dia 7 de dezembro.

O pedido da medida de urgência feita ao STF, no dia 18 de dezembro, é de autoria do Partido Social Democrático (PSD), que argumentou que a decisão do TJ-RJ teria anulado o termo de ajustamento de conduta estabelecido entre o Ministério Público do RJ (MP-RJ) e a CBF e determinado o afastamento de dirigentes e a nomeação de um interventor alheio às atribuições da CBF. Segundo o PSD, a decisão judicial também coloca em “risco concreto a organização do futebol no país e toda a sua cadeia econômica”.
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