25 de dezembro, de 2023 | 10:00

As origens das tradições do Natal e suas mudanças ao longo do tempo

Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço
Em dezembro as pessoas vivem uma rotina de correria, para preparar e comprar todos os itens com o objetivo de cumprir os costumes e tradições de Natal. Árvore, presépio, Papai Noel, ceia, cada símbolo com sua origem e representatividade na história do mundo. E que muitas vezes vão se distanciando do seu real significado e importância.
Arquivo pessoal
Para a professora Débora Castro, o crescimento de outras religiões tem ressignificado o NatalPara a professora Débora Castro, o crescimento de outras religiões tem ressignificado o Natal

Débora de Castro Andrade Rosa, professora de História dos ensinos Fundamental, Médio e Superior, no Vale do Aço, explica que os povos da antiga Mesopotâmia, os romanos e germânicos que viviam nas proximidades do Império Romano, cultivavam hábitos festivos neste período do ano. "Isso se deve ao solstício de inverno, que no hemisfério norte marca a passagem do outono para o inverno, o que impactava diretamente nas atividades do dia a dia dessas pessoas", expõe.

Nascimento de Jesus
Ela lembra que a data do nascimento de Cristo é ainda algo incerto para os historiadores. “Algumas estimativas, baseadas nas descrições da natureza contidas na Bíblia, defendem que Cristo tenha nascido entre março e maio. E a Igreja Católica, no intuito de coibir as festividades pagãs, transformando-as em hábitos cristãos, decidiu por utilizar essa data para comemoração do nascimento de Cristo”.

Papai Noel
Cláudio Paixão, doutor em psicologia social e professor da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esclarece que a figura do Papai Noel é uma fusão de dois personagens: São Nicolau (bispo de origem católica) com o Espírito de Natal, do imaginário popular da Grã-Bretanha, que presidia as festas de solstício de inverno. “A fusão desses dois personagens, com uma fabricação nos Estados Unidos, cria então essa figura atual e que antes tinha uma aparência mais de gnomo. Toda essa transformação ocorre no fim do século XIX, quando um cartunista faz cartões de Natal com essa imagem mais atual do Papai Noel, com bochechas rosadas, até que a Coca-Cola no início do século XX adota essa imagem ajudando a popularizar essa figura atual", detalha.
Arquivo pessoal
Professor Cláudio Paixão aponta que a verdadeira importância do Natal vem sendo corrompida pela glamourizaçãoProfessor Cláudio Paixão aponta que a verdadeira importância do Natal vem sendo corrompida pela glamourização

Reis Magos
A figura dos três Reis Magos que visitam Jesus após o seu nascimento, na verdade, não eram reis e nem magos. Segundo Cláudio Paixão, eles provavelmente eram astrólogos, homens sábios e que estudavam sinais. “Antecipavam ali a vinda de Cristo e foram atrás da estrela. E com eles também vem a justificativa cristã para a troca de presentes, porque eles deram presentes a Jesus e as pessoas trocariam presentes a partir daí, e isso vai se espalhar principalmente com o capitalismo norte-americano e vai tomando conta do mundo", esclarece.

Celebrações religiosas
Para Débora de Castro, o crescimento de outras religiões, como o cristianismo evangélico, ou as religiões de matriz africana, têm ressignificado o Natal. "Apesar de não apresentar o mesmo sentido religioso para todos, já está estabelecido culturalmente como um período de confraternização e troca de presentes entre amigos, familiares. É muito importante que todos tenham a liberdade de comemorar e confraternizar da maneira que mais se sentirem felizes e confortáveis, processo", defende.

A “corrupção” do Natal


Para Cláudio Paixão, que também é coordenador do Gabinete de Estudos da Informação e do Imaginário (Gedii) ao longo do tempo, o chamado “Espírito de Natal” vai dando lugar à glamorização e à ostentação humana, com exibições e competições materiais.

Ele explica que a palavra glamour tem a mesma a origem da palavra fetiche, que significa feitiço. As pessoas vão transformando presentes e comidas da ceia em ídolos. “A minha comida tem que ser a mais especial, não porque quero que as pessoas comam uma coisa gostosa, mas porque quero aparecer. As pessoas vão dando identidade às coisas muito mais do que o propósito simbólico delas, o propósito utilitário que elas têm”.

O professor classifica que essa inversão de valores vai transformando as pessoas em “sepulcro caiado”, vazias por dentro. “Festas lindas, onde as pessoas estão interessadas em ganhar materiais, mais do que amor. São igrejas que são sepulcros caiados, onde as pessoas vão lá, rezam, louvam, mas na realidade são tão podres de vermes como os cadáveres que estão debaixo da Terra. Então nós temos aí toda uma mudança na tradição, um empobrecimento do valor simbólico dos costumes. Se Jesus estivesse por aqui, ele não só expulsaria, como daria uma surra nos fiéis e ficaria muito bravo com tudo isso”, opinou.
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Comentários

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Coroinha

23 de dezembro, 2023 | 18:00

“Vivemos tempos sombrios. O pai que abandonou afetivamente os filhos, a desestruturação da família, os princípios morais, éticos e religiosos foram manchados. O espírito de Natal perdeu-se no meio do caminho e a futura geração não se importa em acabar com esses preceitos.”

Javé do Outro Lado do Mundo

23 de dezembro, 2023 | 16:19

“Preservam as tradições e mudam os valores. Rs.”

Illuminati.:.

23 de dezembro, 2023 | 10:37

“O protestantismo, religião oficial do capitalismo, fez do Natal apenas uma data pra vendas do comércio. As suas igrejas nem o ligam mais ao nascimento de Cristo. Esse Cristo que agora é representado por um leão raivoso nas igrejas barulhentas por aí. Mas é a lei da nossa sociedade de consumo, onde tudo se resume a ganhar dinheiro no fim das contas. E vale qualquer meio pra encher os bolsos e as contas bancárias, sem lembrar do que ensinou o menino pobre, nascido num estábulo, que morreu sem bens...e que mesmo assim mudou o mundo.”

Jns

23 de dezembro, 2023 | 08:48

“Quem não tem o espírito do natal tatuado no próprio coração, jamais o encontrará desenhado nos enfeites de árvores artificiais.

Charlotte Carpenter
(tradução livre)”

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