04 de dezembro, de 2023 | 16:00

Exposição inédita reúne obras transformadoras de Hélio Oiticica em BH

Fotos: Diego Bressani/Divulgação
Capas-Parangolés experenciadas pelos visitantesCapas-Parangolés experenciadas pelos visitantes
Uma exposição inédita de Hélio Oiticica, artista brasileiro que marcou a história da arte mundial com seu trabalho potente e performático, chega ao Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte, na próxima quarta-feira (6). “Delirium Ambulatorium” apresenta instalações, pinturas, esculturas e manifestações que influenciaram gerações de artistas plásticos, músicos e pensadores. A exposição fica em cartaz até 5 de fevereiro de 2024, com visitação de quarta a segunda-feira, das 10h às 22h. A entrada é gratuita, mediante retirada de ingresso no site ccbb.com.br/bh ou na bilheteria do CCBB Belo Horizonte, que fica na Praça da Liberdade.

Com curadoria do pesquisador Moacir dos Anjos, a mostra reúne 80 obras e abrange o trabalho de Oiticica desde os anos 1950, o período radicado em Nova York, até suas últimas produções nos anos 1970. São projetos, escritos, objetos, pinturas e instalações, como Bilaterais; Relevos espaciais; Núcleos; Penetráveis; Bólides e Capas-Parangolés - em réplicas para serem experienciadas pelos visitantes.

Delirium Ambulatorium (1978), obra-conceito de Oiticica que dá nome à exposição, é um misto de proposição e performance, um “estado de invenção”, que coloca no centro de suas atenções a ideia de deambular na cidade como estopim crucial da invenção artística. A exposição apresenta o artista por meio de um dos últimos movimentos de sua trajetória.

Instalada nas galerias do terceiro andar e no pátio central do CCBB Belo Horizonte, a mostra extrapola as barreiras dos espaços expositivos convencionais e convida os visitantes a vivenciar as obras de Oiticica com todos os seus sentidos e, assim, honrar o artista que uma vez disse: “o museu é o mundo”. O acervo demonstra a complexidade do pensamento do artista e a sua afiada percepção da identidade brasileira. O patrocínio é do BB Asset Management e a produção é da Tuîa Arte Produção.

As cores dominam instalações, pinturas e esculturasAs cores dominam instalações, pinturas e esculturas
Ativação e liberdade
A mostra traz produções de Oiticica inseridas no contexto do neoconcretismo, como na série Bilaterais (placas de madeira recortadas em formas irregulares, pintadas de uma única cor e suspensas no espaço); os Relevos Espaciais (semelhante aos anteriores, mas com volume); os Núcleos (placas pintadas, quadradas ou retangulares, penduradas do teto de modo a criar espaços de cor); os Penetráveis (cabines feitas de planos de madeira pintada que podem ser adentradas); e os Bólides (objetos feitos de materiais variados que servem de depositário para outros tantos, destacando a fisicalidade da cor no mundo).

A mostra também traz os famosos Parangolés, invenção do artista, fruto de suas andanças pela capital carioca e pelo Morro da Mangueira. São “capas-protesto”, como eram chamadas por Oiticica, carregadas de adornos e frases-lema, como “da adversidade vivemos”, “incorporo a revolta” e “estamos famintos”.

Um dos espaços é dedicado aos acontecimentos poético-urbanos criados pelo artista, como o trabalho Devolver a Terra à Terra (1979). Sua primeira versão foi exposta no Kleemania, evento concebido como homenagem ao centenário de nascimento do Paul Klee (1879-1940), uma das maiores influências de Oiticica. Nessa ação, o brasileiro coletou terra escura de outra parte da cidade - Jacarepaguá (RJ) - e a transportou até o aterro de lixo do bairro do Caju, depositando-a ali. 

Detalhe da peça Ready Constructible n.1, de 1978Detalhe da peça Ready Constructible n.1, de 1978
O espaço reúne ainda Fragmentos-Tokens, pedaços materiais da cidade coletados nas "andanças de vadiagem", principalmente no final da década de 1970, quando Oiticica retorna ao Rio de Janeiro após sete anos em Nova York. Entre as obras está Manhattan Brutalista (1978) - pedaço de asfalto recolhido entre os escombros das obras do metrô na avenida Presidente Vargas, por onde desfilam as escolas de samba nos carnavais, e que lembra desenho cartográfico da região nova-iorquina. A obra compõe, junto com outros pedaços de calçada da mesma avenida, um mosaico de pedras e cimento, um "jardim transformável", nomeado de Av. Presidente Vargas - Kyoto/Gaudí (1978), em homenagem a lugares pelos quais tinha especial interesse: os jardins da cidade japonesa e as construções feitas pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí.

Sobre o artista
Hélio Oiticica (1937-1980) começou sua carreira como artista ainda jovem, aos 17 anos. Considerado a inspiração máxima para o movimento da Tropicália nos anos 60, destacou-se pela produção de caráter experimental e inovador, que pressupõe a participação do público. O artista criou, ao longo de uma vida breve e fecunda, uma série articulada - um Programa, como costumava dizer - com construções que desafiam noções convencionais sobre o que é arte. Esse percurso foi marcado por sofisticadas elaborações de conceitos que acompanhavam sua produção de trabalhos.

SERVIÇO
Hélio Oiticica - Delirium Ambulatorium
Local: Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte
Endereço: Praça da Liberdade, 450 - Funcionários, Belo Horizonte - MG
Período: até 5 de fevereiro de 2024
Funcionamento: de quarta a segunda, das 10h às 22h
Entrada gratuita, mediante retirada de ingresso no site ccbb.com.br/bh ou na bilheteria do CCBB Belo Horizonte
Classificação indicativa: livre
Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário