29 de novembro, de 2023 | 12:00
COP 28 : Setor mineral vai apresentar seus avanços rumo à sustentabilidade
Antonio Nahas Junior *
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática - COP 28 - vai se realizar em dezembro deste ano em Dubai. Ressalte-se a importância dela ser realizada nos Emirados Árabes, que sobrevivem graças à exportação de petróleo, fonte de energia fóssil e emissora de CO2. Uma grande lição a todos.Contará com a presença de mais de 200 líderes internacionais, entre os quais, o presidente Lula. O Brasil deverá fazer bonito. O aumento da produtividade da agropecuária permite hoje que se produza maior tonelagem de grãos e produtos agropecuários sem a utilização de novas áreas. A redução do desmatamento na Amazônia e programas recém lançados, como Recuperação de Pastagens terão o mesmo efeito: maior produtividade da agropecuária sem a necessidade de utilização de novas áreas, o que reduz a devastação do cerrado e de áreas florestais, aumentando o sequestro de carbono na atmosfera.
O Setor mineral também se preparou. Por meio do IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração -, realizou o Terceiro Inventário de emissões de GEEs (Gases Efeito Estufa), cuja elaboração foi coroada de sucesso: contou com a participação de 75% das empresas do setor e abrangeu 28 diferentes minerais, entre eles Ferro; Nióbio; Níquel; Ouro; Carvão mineral e até mesmo areia e calcário.
O Inventário percorreu todas as fases da extração mineral: a abertura da frente de lavra; a extração mineral; o beneficiamento; movimentação de máquinas e transporte interno e o encerramento das áreas.
A mineração demonstrou que conseguiu avanços
importantes nas áreas sobre sua responsabilidade direta”
É composto de fases: escopo 1 - consumo de combustíveis fósseis; escopo 2 - consumo de energia elétrica ou fontes de geração estacionária e o escopo 3, que se relaciona à cadeia de valor da extração mineral: os processos siderúrgicos e metalúrgicos, onde a emissão de combustíveis fósseis ainda é muito elevada.
A mineração demonstrou que conseguiu avanços importantes nas áreas sobre sua responsabilidade direta: houve significativa redução nas emissões nos Escopos 1 e 2. Inúmeras ações importantes foram implementadas: modernização da frota de caminhões; eletrificação de equipamentos; utilização de fontes alternativas de energia e processos mais eficientes de produção.
Porém, o setor metalúrgico/siderúrgico ainda é um desafio a enfrentar: Pelos dados do inventário, o Escopo 3 pode chegar a emitir até dez vezes mais GEEs que a extração mineral propriamente dita, ou seja, 90% do total desta cadeia de valor.
De toda maneira, a mineração está se preparando para o futuro e deverá dar importante contribuição para que o Brasil alcance no prazo estabelecido as metas previstas nas NDC - Contribuição Nacionalmente Determinada, estabelecidas para cada país. No caso do Brasil, pelo Acordo de Paris, deverá haver redução em 35% das emissões dos GEEs até o 2025, ano em que nosso país sediará a COP 30, que será realizada em Belém do Pará.
Destaca-se neste cenário a Mineração Usiminas, que conseguiu alcançar o Selo de Ouro no Programa GHG Protocol, pois seu inventário foi auditado e verificado. Um passo importante, demonstrando o compromisso socioambiental desta empresa.
Como declarou a gerente-geral de Sustentabilidade da Mineração Usiminas, Marina Magalhães, "É a certificação do nosso inventário corporativo pelo alcance do mais alto nível de qualificação e reforça nossa contribuição para o fornecimento de dados de emissões públicos e de qualidade para a sociedade por meio do Registro Público de Emissões. Temos compromisso com operações cada vez mais sustentáveis e seguiremos trabalhando nesse sentido”.
Destaca-se neste cenário a Mineração Usiminas,
que conseguiu alcançar o Selo de Ouro no
Programa GHG Protocol”
O próximo passo para as siderúrgicas que verticalizaram sua produção e exploram também a mineração, como a CSN, Gerdau e a Usiminas, é aprofundar o processo de descarbonização da produção do aço. A Usiminas já realizou diversos inventários dos seus GEEs e, segundo seu Relatório de Sustentabilidade, deverá divulgar brevemente os resultados do último, cuja elaboração deveria ter sido concluído no fim setembro.
Certamente a sintonia da siderurgia brasileira com as metas internacionalmente estabelecidas para todos os países, deverá aumentar a competitividade da nossa indústria e criar obstáculos para a importação de aço produzido em países que ainda se encontram muito longe das conquistas alcançadas pelo país na busca do desenvolvimento sustentável e equilíbrio climático do planeta.
* Economista. Participou em diversas administrações municipais em Ipatinga e Belo Horizonte. Atualmente é empresário e gerente da NMC Projetos e Consultoria
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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Gildázio Garcia Vitor
29 de novembro, 2023 | 14:25O maior contribuidor de gases estufas no Brasil é o setor agropecuário. Em primeiro lugar, porque é o grande responsável pelo desmatamento para criar novos campos de cultivo e áreas de pastagens. Em segundo, a própria atividade libera, direta e indiretamente, a partir da queima e decomposição de matéria orgânica e dos arrotos e "puns" dos animais ruminantes, dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4). É o metano saindo pelo butano.
E para piorar, ainda temos os agrotrogloditas que não acreditam na Ciência e, consequentemente, no aquecimento global/efeito estufa. Mas em um país, que até professores de Geografia e das Ciências da Natureza, de Escolas Particulares, não acreditam, por questões político-religiosas, é querer demais que aqueles que, por alguma razão, não tiveram as Lições da Dona Ciência acreditem.”