
18 de novembro, de 2023 | 06:00
Vai, Cruzeiro!
Fernando Rocha
O Cruzeiro inicia hoje, às 18h30, na capital cearense, contra o Fortaleza, a sua caminhada de seis jogos para tentar escapar do segundo rebaixamento à 2ªdivisão na sua centenária e gloriosa história.Desde o início desta temporada, a diretoria da SAF, sob o comando de Ronaldo Fenômeno, vem dizendo que o objetivo era apenas se manter na Série A, mas alguns bons resultados no início do Campeonato Brasileiro fizeram com que a imprensa azul” e a torcida, acreditassem até numa performance melhor, capaz de levar o time à Copa Sul-Americana.
Bastou uma sequência de maus resultados para o técnico Pepa ser demitido, e para seu lugar a diretoria trouxe Zé Ricardo, cujo currículo péssimo já antevia o insucesso que acabou acontecendo, até a sua demissão ocorrida após a derrota para o Coritiba, com a entrada do time pela primeira vez na zona de rebaixamento no atual campeonato.
Sem outra alternativa, só restou aos atuais dirigentes celestes convencer o técnico aposentado e atual diretor técnico, Paulo Autuori, a aceitar esta árdua missão de tentar livrar o clube de outro rebaixamento, o que foi detalhado por ele numa pitoresca entrevista coletiva.
Importante é vencer
Além de filosofar, dizer o óbvio, como, por exemplo, que futebol é vida” ou que estava técnico” do Cruzeiro, Paulo Autuori citou um ditado chinês saber sem aplicar, ainda é não saber” -, de autoria do pensador Lao-Tsé, que nasceu na China, em 571 a.C., sendo considerado uma divindade no taoísmo religioso e em várias das religiões tradicionais do país asiático.
Falou da necessidade de colocar teoria em prática, além de citar uma tal modelagem sistêmica”, que vai tentar implementar no time para fazer do Cruzeiro novamente um vencedor.
Fez-me lembrar do folclórico ex-jogador Robertinho, que comandou o Fluminense por alguns jogos nos anos 70 e, numa preleção no vestiário, disse aos jogadores: vocês devem fazer a inversão da dinâmica do somatório”.
Autuori tem meio século de carreira ininterrupta no futebol e no currículo inúmeros trabalhos de sucesso, entre eles a conquista da Libertadores, em 1997, pelo próprio Cruzeiro, dono de um nível cultural e intelectual muito acima da média dos treinadores brasileiros.
Mas, devido ao momento difícil, necessitando desesperadamente de vitórias para escapar de um novo rebaixamento, poderia adotar à frente do Cruzeiro filosofias mais simples, como a do dirigente chinês Deng Xiao Ping, responsável por tirar a China da miséria e da fome, que disse no final dos anos 70: não importa a cor do gato, o importante é que coma os ratos”.
FIM DE PAPO
O que já era esperado pelas diretorias de Cruzeiro e Coritiba se confirmou na última quinta-feira. Os dois clubes foram punidos e não vão poder jogar com torcida nos estádios até o fim do Brasileiro, por conta das invasões de torcedores dos dois lados na partida disputada em Curitiba, no último sábado. Enquanto isso, os marginais responsáveis pelo ocorrido continuam soltos e impunes, flanando por aí nas redes sociais. Foram filmados, suas caras mostradas ao vivo pelas TVs rodaram o mundo, mas nenhuma punição vai acontecer para eles.
Este é o reflexo da falência da nossa Justiça em todas as esferas, não só no futebol. Mostra, também, o quanto os dirigentes, os clubes, as entidades que organizam o futebol são omissos, relapsos, incompetentes para tratar desse assunto tão sério e importante, pois afeta não só a segurança de pessoas, mas suas finanças, além da credibilidade do produto futebol. Ao invés de se unir na defesa de seus interesses, mudar e tornar a legislação esportiva mais rigorosa, ágil e eficiente para punir esses marginais que se dizem torcedores, essas chamadas torcidas organizadas que, em sua maioria, são gangs organizadas e terreno fértil para ação de bandidos, se limitam a brigar entre si por questões menores e só olham até a altura do próprio umbigo.
No dia 12 de dezembro próximo, haverá eleição para a presidência do Atlético. Com a transformação do clube em SAF, a importância do cargo diminuiu, mas nem tanto, pois a Associação do Atlético continua com o significativo percentual de 25% das ações, além do presidente e o vice terem assento no Conselho Administrativo do clube, juntamente com os sócios majoritários. O atual presidente, Sérgio Coelho, será o candidato da situação e deverá ser reeleito, mas pelo menos uma voz de oposição surgiu no horizonte desse processo, por intermédio do jornalista e advogado Frederico Bolivar, ex-bancada do Alterosa Esporte.
Não o conheço pessoalmente, mas tem a minha simpatia e respeito, assim como admiro o presidente atual, Sérgio Coelho, que, até prova em contrário, trata-se de um homem digno e bom caráter. Em se tratando de clubes de futebol, a oposição independente e responsável tem papel fundamental, embora no atual sistema vigente no futebol brasileiro isto seja uma utopia. Bolivar está correndo atrás das 50 assinaturas de conselheiros necessárias para conseguir registrar a chapa até 27/11. Tomara que consiga participar da eleição e dar a sua contribuição, pois em todo lugar a oposição tem de existir e se torna fundamental para o avanço da instituição. (Fecha o pano!)
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