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15 de novembro, de 2023 | 05:00

Proclamação da República é celebrada hoje e professor de História explica a mudança institucional

Arquivo pessoal
Breno Martins pontuou que a mudança institucional alterou muito pouco o quadro social do BrasilBreno Martins pontuou que a mudança institucional alterou muito pouco o quadro social do Brasil
Tiago Araújo - Repórter Diário do Aço
Nesta quarta-feira (15) é celebrada a Proclamação da República, evento histórico no qual foi instaurada a República no Brasil, no ano de 1889, representando o fim da Monarquia. Em entrevista ao Diário do Aço, o professor e mestre em História Breno Martins Zeferino, que leciona em Ipatinga, explicou como ocorreu essa transição na forma de governo e apontou os impactos.

Conforme o professor, a Proclamação da República foi um ato militarizado, um evento que ocorreu a partir da iniciativa dos próprios militares. “Já existia um próprio descontentamento por parte dos militares com Dom Pedro II em razão de tentativas de mexer com a aposentadoria deles, das críticas sem direito à defesa em relação aos eventos da Guerra do Paraguai e das promessas não cumpridas que foram feitas aos militares durante a própria Guerra do Paraguai, caso obtivessem vitória”, explicou.

O professor também informou que o processo de instauração da República contou com o apoio dos cafeicultores, que também estavam descontentes com Dom Pedro II, imperador do Brasil na época, por ter acabado com a escravidão no país. “Isso desagradou boa parte dos cafeicultores que tinham escravos. Portanto, foram obrigados a gastar dinheiro, pagando pela mão de obra assalariada. Diante desse cenário, muitos imigrantes vieram para o Brasil trabalhar”, contou.

Sem participação popular
Breno Martins relata que o contexto da Proclamação da República foi mais um ato “de cima para baixo da sociedade” do que participação popular. “O povo ficou excluído nesse processo. O governo, que era composto por militares, começa a tomar medidas para fundarem instituições republicanas, criar heróis republicanos, promover vínculos e fazer verdadeiras batalhas simbólicas. Um exemplo disso é a mudança do nome de ruas da capital e de praças, tentando aos poucos abandonar aquelas lembranças que pudessem trazer ou representar um certo atraso que a monarquia apresentava”, lembrou.

Novos símbolos
A ideia do governo era fundar a república não só em termos institucionais, mas também no imaginário das pessoas. “O objetivo era fundar uma república e uma nova memória, com novos símbolos, com novos heróis, como Tiradentes. A partir daí, criar um novo país moderno, alinhado às tendências políticas que haviam sido implantadas em muitos países europeus e nos Estados Unidos”, destacou.

Quadro social
Breno Martins também pontuou que essa mudança institucional alterou muito pouco o quadro social do Brasil, quase nada. “Quem era pobre, continua pobre, e quem era rico, continua rico. E os escravos que haviam sido libertados tinham como destino a miséria, a pobreza, o subemprego e a criminalidade (mão de obra remunerada era a dos imigrantes europeus). Portanto, as alterações sociais são praticamente nulas na alteração de império para república”, disse.

Cidadania
Por outro lado, Breno Martins ressaltou que houve uma certa melhora na questão da cidadania após a mudança de regime. “É eliminado o critério censitário, ou seja, a pessoa não precisava ter posse ou ser rica para votar. Precisava ter a qualificação, ser homem, maior de idade e ser alfabetizado. Então talvez essa tenha sido a principal alteração, além de tentar se alinhar à modernidade política que acontecia na Europa. Ser republicano representava naquele contexto ser moderno. Há muito pouca alteração social, prevalecendo a mesma estrutura de poder”, afirmou.

Identidade
O professor ainda destacou que essa data tem um significado especial para a população brasileira. “É importante esses eventos e feriados para proporcionarem identidade entre povo e nação. É como se fosse uma amarra mesmo. Ou seja, são nessas situações que nós, brasileiros, nos encontramos”, concluiu.   
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Comentários

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Gildázio Garcia Vitor

15 de novembro, 2023 | 11:13

“O Professor Brenão é umas das jovens agradáveis surpresas das Ciências Humanas do nosso Vale do Aço.
Parabéns Mestre! E o Doutorado?

Como a minha grande paixão é ler, ler e ler. Sugestão de leitura: "Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi" e "A Formação das Almas - O Imaginário da República no Brasil", de José Murilo de Carvalho.”

Javé do Outro Lado do Mundo

15 de novembro, 2023 | 09:47

“Sem identidade ,
a grande massa de pobres continua como sendo massa de manobra e escrava da burguesia. Logo, a idéia de monarquia e escravidão persistem. A única saída será investir de verdade na Educação de qualidade afim de formar o cidadão para a vida.
Rs.”

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