22 de outubro, de 2023 | 06:00
Clássico histórico
Fernando Rocha
O respeitado cronista e destaque na imprensa esportiva do século passado, o saudoso Osvaldo Faria, costumava dizer que clássico bom gera polêmicas uma semana antes e outra depois”.Este Atlético x Cruzeiro, maior clássico dos nossos grotões, terá hoje um capítulo histórico e especial, pois será o primeiro disputado na recém-inaugurada Arena MRV, a nova casa do Galo.
Se o time alvinegro chega embalado, após a vitória fora de casa sobre o Palmeiras na última rodada, o Cruzeiro, além de possuir um time inferior tecnicamente, vem de derrota em casa para o Flamengo e está sob forte pressão pela nova ameaça de rebaixamento.
Não há dúvida que o Galo é favorito para vencer e entrar de vez no G-6 ou até G-4, que garante vaga na Libertadores do próximo ano, mas a história deste clássico registra inúmeros confrontos onde o Davi derrubou o Golias.
Uma frase atribuída a Paulo Isidoro, um dos jogadores mais emblemáticos desse clássico, do qual participou pelos dois lados até meados da década de 90, resume tudo o que pode acontecer hoje na Arena MRV: - Clássico é clássico e vice-versa!
Pisou na bola
Ainda repercute a desastrosa entrevista do ex-atacante Ronaldo Fenômeno, hoje dono da SAF/Cruzeiro, concedida no Mineirão após a derrota para o Flamengo, na última quinta-feira.
A impressão que passou foi de quem está perdido, atônito, sem saber o que fazer diante da nova grave ameaça de rebaixamento.
Se queria dar satisfação à torcida e colocar a cara a tapa, acabou dando um tapa na cara da própria torcida, ao culpá-la, juntamente com a imprensa, pela situação ruim que o time atravessa.
Ronaldo deixou, também, nas entrelinhas, que pode inclusive abandonar o barco do Cruzeiro, passando-o para outro investidor no fim deste ano, caso o clube seja mesmo rebaixado.
Perdeu uma grande oportunidade para unir a nação celeste, mas preferiu sair atirando para todos os lados, com um discurso antigo, em busca de culpados, quando deveria reconhecer a sua própria incompetência na montagem do atual elenco, na demissão precipitada do técnico Pepa e na escolha de seu substituto. A meu juízo, estas são as causas principais do fracasso do time, que não conseguiu sequer vencer uma partida este ano no Mineirão.
FIM DE PAPO
O Campeonato Brasileiro entra na reta final com várias equipes na disputa por posições na parte de cima e na de baixo da tabela. O Botafogo caminha para conquistar o título; Bragantino se consolida na vice-liderança; outras sete equipes - Flamengo, Grêmio, Palmeiras, Athletico-PR, Galo, Fortaleza e Fluminense - disputam duas vagas restantes no G-4, para entrar direto na fase de grupos, ou buscam uma das duas vagas na pré-Libertadores de 2024.
Na parte de baixo da tabela, sete equipes lutam para não ocupar as duas vagas em aberto para o rebaixamento. América e Coritiba, dificilmente escapam da queda para a Série B do ano que vem. Separados por um ou dois pontos estão Internacional e Corinthians (32 pontos); Bahia e Cruzeiro (31); Vasco da Gama (30); Santos, em 17º e primeiro lugar na zona de rebaixamento (30); Goiás, em 18º lugar (30 pontos). As 11 últimas rodadas do Brasileiro reservam fortes emoções para milhões de torcedores.
No Campeonato Mineiro de 1981 ficou estabelecido que a renda dos clássicos seria do mandante. Para sacanear o rival, no turno, o Galo escalou um time reserva. No returno, recebeu o troco da Raposa, que não mandou a campo sequer o treinador Didi, mas sim o auxiliar, Vicente Lage, o Cento e Nove, para comandar o time. Mesmo assim, no dia 11/10/1981, há 42 anos, o time reserva do Cruzeiro venceu o time titular do Galo, que tinha estrelas como João Leite, Luisinho e Éder Aleixo, comandado por Carlos Alberto Silva, por 1 x 0, no Mineirão, gol de Jacinto.
No Brasileirão de 1995, o Galo tinha Taffarel como goleiro, enquanto Dida defendia o gol da Raposa. O Galo empilhou times ruins e o Cruzeiro ganhou quase todos os clássicos e títulos na década, mas naquele ano de 95, com o Mineirão lotado, dividido ao meio com as duas torcidas, o Atlético venceu por 2 x 0, com destaque para o lateral Dinho, autor de um golaço, em chute de fora da área depois de fazer fila driblando meio time celeste. O futebol, cheio de dúvidas, incertezas, contradições, emoções, alegrias e tristezas, é uma metáfora da vida”. Tostão. (Fecha o pano!)
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