17 de outubro, de 2023 | 06:00

Sem paz

Fernando Rocha

Depois de uma crise sem precedentes, três anos de sofrimento na Série B, risco de queda para a terceira divisão e até a possibilidade de extinção do clube sendo aventada, é natural que a torcida do Cruzeiro tenha adquirido um trauma que só vai se dissipar com o passar do tempo, na medida em que esse renascimento em forma de SAF for consolidado.

O empate com o Cuiabá, no último sábado, trouxe muita revolta aos cruzeirenses que manifestaram seu descontentamento criticando, nas redes sociais, sobretudo o técnico Zé Ricardo, responsabilizado pelo baixo rendimento do time.

Nas seis últimas rodadas do Brasileirão, o Cruzeiro só não foi pior do que três equipes: Cuiabá, com quem empatou em 0 x 0; América, lanterna e pior time da competição, com quem também empatou, 1 x 1, na rodada anterior; Goiás, contra quem ainda irá jogar.

Se forem contadas apenas as sete rodadas já disputadas no returno do Brasileirão, a Raposa está à frente apenas de Coritiba, Cuiabá e Goiás, ou seja, seria o primeiro time da zona de rebaixamento.

Nos últimos dez jogos, foram ao todo seis empates, três derrotas, uma só vitória, 30% de aproveitamento e meros quatro pontos acima da zona do rebaixamento, o que deixa a sua torcida sem paz.

Prova de fogo
Nesta quinta-feira, a partir das 19h, no Alianz Parque, pela 27ª rodada do Brasileiro, o time do Galo sob o comando de Felipão terá mais uma prova de fogo, desta vez, contra o Palmeiras, que nos últimos anos se transformou no maior algoz do alvinegro.

Os números não mentem: há dez jogos, de setembro/2021 para cá, foram oito empates, duas vitórias do clube paulista, incluindo três eliminações impostas ao Galo na Copa Libertadores.

O principal objetivo do Atlético, no momento, é conquistar uma vaga na maior competição continental em 2024, pois seria um desastre total, com a nova Arena MRV em pleno funcionamento, ficar de fora do torneio que é o maior sonho de consumo dos grandes clubes nacionais.

Com 40 pontos ganhos, em 9º lugar, os matemáticos da UFMG dão ao Atlético apenas 37,2% de chances para conquistar uma vaga na Libertadores.

Superar o Palmeiras é o primeiro desafio do Galo nesta semana, pois domingo que vem terá pela frente nada menos que o grande rival, Cruzeiro, no primeiro clássico a ser disputado em sua casa própria.

FIM DE PAPO

O técnico Zé Ricardo, assim como a maioria dos treinadores brasileiros, é teimoso e medroso quando se trata de dar oportunidade aos jovens da base. No empate contra o Cuiabá, no último sábado, ele tinha à disposição João Pedro e Ruan Índio, atacantes relacionados pela primeira vez para uma partida do time profissional. Mas os deixou o tempo inteiro de “castigo” no banco de reservas, optando na reta final do jogo pelo criticado e realmente péssimo dos péssimos, Paulo Vítor, ex-Valladolid B, que ainda não conseguiu mostrar serviço com a camisa celeste.

Na entrevista coletiva pós-jogo, o treinador cruzeirense deu as velhas e esfarrapadas desculpas de sempre, por não usar como deve os atletas da base, mesmo com o time Sub-20 celeste sendo destaque nacional ao conquistar, no último domingo, pela quinta vez, o título da Copa do Brasil na categoria. Fala-se muito na necessidade de escolher o momento certo para lançar os “crias” da base no time titular, sob a justificativa de não queimá-los antes do tempo, pois a cobrança é maior sobre os mais jovens. Isto me parece o cachorro que tenta morder o rabo, pois, se o jovem não for lançado no time principal, como iremos saber o seu verdadeiro potencial? Se vai emplacar ou não é outra história, mas, primeiro, é preciso sentir o apoio e a confiança da diretoria e da comissão técnica.

Depois da atuação pífia e vergonhosa no empate de 1 x 1 com a Venezuela, a seleção brasileira volta a campo, hoje, para um jogo mais difícil, contra o Uruguai, em Montevidéu, pelas eliminatórias da Copa de 2026. Mais preocupante que o resultado no jogo anterior foi a péssima forma física de Neymar, o astro do time. Nitidamente acima do peso, joga numa liga que, por mais milionária que seja, não tem a competitividade das melhores do mundo. Não vejo como Neymar conseguir manter-se em forma nas atuais condições, pois onde está o futebol se resume apenas a um amontoado de grandes nomes.

Espero que hoje, diante do Uruguai, dirigido pelo criativo, respeitado, mas um perdedor nato, Marcelo “el louco” Bielsa, a seleção de Diniz tenha mais espaços, e, por isso, acho que poderá jogar melhor do que foi contra a fraquíssima Venezuela. Mas nada do que acontecer vai justificar o discurso da imprensa ufanista que, após os dois primeiros jogos da seleção brasileira, espalhou aos quatro ventos que o Brasil já tinha treinador e que Carlo Ancelotti poderia renovar seu contrato com o Real Madrid. (Fecha o ano)!
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