09 de outubro, de 2023 | 15:20
Opinião: De sonhos bons e cruel realidade...
Nena de Castro*
E os delírios do fidalgo o levam a atacar moinhos de vento, enquanto o fiel Sancho Pança tenta acompanhar seu senhor e cuidar de seu caminhar pelas sendas fascinantes da loucura. Louca sou eu, que sonhei que um índio foi eleito para a Academia Brasileira de Letras, um local de esnobes que traduzem o código de um país racista e preconceituoso. Sim, no meu sonho vi Ailton Krenak sendo eleito para a casa de Machado de Assis e cantei e dancei de alegria por ele que venceu o tabu, o racismo, quebrou um monte de besteiras e vai sentar entre os imortais.
Pedi a ele para levar seu arco e flecha, a coragem e o discurso e continuar o trabalho de mostrar seu valor e de todos os seus irmãos espoliados, judiados, confinados, que lutam para manter a dignidade. Que nunca se cale sua voz!
Um sabiá canta lindamente e sorrio, feliz. No entanto, rapidamente o canto se transforma no crocitar de corvos que voam e direção a um país, já não são corvos e sim mísseis que explodem prédios, veículos, pessoas, num inferno de destroços, sangue e dor! Haverá respostas cada vez mais sangrentas, a destruição será o mote da ação e os apocalípticos cavalos amarelo e vermelho trazem em seu dorso a guerra e a morte! Assustada, acordo, querendo que seja somente um sonho mau, mas a realidade é inexorável, parabéns para a humanidade que conseguiu arrasar o planeta e se mata em combates ferozes! Ai de nós, humanos desumanizados, cruéis algozes de nossa espécie.
Bem disse o filósofo inglês Thomas Hobbes, que “o homem é o lobo do homem”. E a tristeza percorre meu ser, penso nas crianças feitas prisioneiras, nas mulheres abusadas, nos idosos maltratados, nas famílias mortas... Resta-nos chorar, orar e esperar. E que a Paz prevaleça, embora seja somente um sonho trazido nas asas daquele bichinho verde que se chama Esperança! E nada mais digo...
(*) Escritora e encantadora de histórias.
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Tião Aranha
09 de outubro, 2023 | 21:03“Bom texto, parece que nós intelectuais radicalizamo-nos a medida que as crises se aprofundam e se alastram. Mais do que usar palavras, temos que nos recompor a cada momento a ponto de falar somente de coisas profundas que tocam no âmago da alma. Bem faz o biólogo que está sempre em conexão com a Natureza. Ou do bom político, que faz conexão com tudo. Palavras dum teólogo, não da esquerda. Risos. Mas, é sempre bom Buscar o imaginário, porque o que se tem aqui fora para oferecer é só o tormento do desequilíbrio. Risos.”