08 de outubro, de 2023 | 07:20

Fabricianense, mestrando em Oxford, fala como educação é desafio para desenvolvimento do Brasil

Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço

Há muitos que ainda duvidam, mas exemplos espalhados por todo o Brasil continuam provando que a Educação pode levar a caminhos de sucesso e prosperidade. Nesta história, um menino nascido e criado na região do Melo Viana, em Coronel Fabriciano, sonhou um dia se tornar um profissional de uma grande universidade internacional. Eduardo Araújo é o caçula de uma família simples de 14 filhos. Ex-aluno das escolas públicas do município e atual mestrando da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ele planeja apoiar outros estudantes sonhadores como ele.

Aos 42 anos, Eduardo Araújo já concluiu um mestrado pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e trabalhou por dez anos no Tesouro Estadual do Espírito Santo, atuando em finanças públicas e coordenando uma parceria com o Ministério da Economia, onde impulsionou a cooperação entre gestores municipais e estaduais para captação de recursos. “Esse trabalho aumentou os repasses voluntários do governo federal em 17% para nossa região e me rendeu uma indicação ao Prêmio Nacional de Liderança Pública em 2021. Hoje, também sou membro no Conselho Federal de Economia, em Brasília, defendendo políticas econômicas sustentáveis e inclusivas”, conta.

Atualmente, o economista estuda na Universidade de Oxford, depois de passar por um processo seletivo rigoroso entre milhares de candidatos, no qual foi escolhido para representar o Brasil ao lado de outros três brasileiros contemplados com bolsa pela Fundação Lehmann. Foram necessários três anos de estudos de Inglês e uma rede de mentores para se preparar. “Estudar nesta prestigiada universidade simboliza a realização de um sonho que nasceu nas escolas públicas de Coronel Fabriciano, onde minha família e eu enfrentamos muitos desafios. Sou eternamente grato aos professores, à minha família, ao apoio da comunidade e ao Unileste, onde fui bolsista” destaca.

Mestrado
Eduardo conta que o atual Mestrado em Políticas Públicas tem duração de um ano e combina teorias de Economia, Filosofia, métodos quantitativos e Direito Internacional, com simulações de situações reais de governança internacional. Ao término, a universidade proporciona um estágio em área específica. “Optei por estudar como a inteligência artificial pode modernizar os serviços públicos. A ideia nasceu da complexidade dos portais de transparência brasileiros que limitam a participação ativa da população. Com o conhecimento adquirido, almejo auxiliar governos na criação de chatbots que simplifiquem a divulgação dos gastos públicos”, detalha.

Mentoria
O fabricianense também é cofundador de um programa de mentoria para orientar estudantes, que desejam ingressar em universidades renomadas como a que estuda atualmente. “Creio no poder da educação e desejo que outros, com histórias como a minha, alcancem tais oportunidades. Após Oxford, meu objetivo é regressar ao Brasil e impulsionar políticas públicas que estimulem nosso desenvolvimento”, destaca.

Brasil
O brasileiro também atuou na condução de pesquisas sobre políticas públicas e na sua opinião a trajetória de desenvolvimento econômico do Brasil está intrinsecamente ligada a três pilares: educação, infraestrutura e ambiente regulatório aprimorado. Ele aponta que no campo educacional o cenário é desafiador.

“O relatório Education at Glance da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que apenas 11% dos jovens entre 15 e 19 anos estão matriculados em cursos técnicos, um número bem aquém da média de 37% em países membros da OCDE e quase um quarto dos jovens brasileiros não estuda nem trabalha. Embora o Brasil destine cerca de 11% do seu orçamento total à Educação, alinhado à média da OCDE, a eficácia desse investimento é contestável devido à má alocação e falta de foco nas áreas mais carentes”, argumenta.

Educação
Para Eduardo Araújo, em relação à infraestrutura, o saneamento básico é um exemplo gritante das deficiências enfrentadas pelo Brasil, ao lado da alta carga tributária praticada no país. “Em resumo, para que o Brasil alcance uma trajetória sustentável de crescimento econômico, é imperativo focar na melhoria da educação, ampliação e modernização da infraestrutura e simplificação do ambiente regulatório. Vejo a atuação simultânea e eficaz nestas três frentes como um foco prioritário para um Brasil mais próspero e equitativo”, conclui.