29 de setembro, de 2023 | 06:02

Diretor do Sindppen-MG relata realidade enfrentada por policias penais nas unidades prisionais

Falta de estrutura, de condições de trabalho e de amparo aos profissionais foram mencionadas pelo entrevistado

Arquivo DA / Leonardo Cruz
Um policial penal que trabalhava na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, cometeu autoextermínio em julho deste ano Um policial penal que trabalhava na Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, cometeu autoextermínio em julho deste ano

Um representante do Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindppen-MG) alerta que a Segurança Pública em Minas Gerais passa por um momento delicado, segundo ele, nunca visto na história do estado. Leonardo Cruz, diretor estadual do sindicato, detalha à reportagem do Diário do Aço a realidade enfrentada pelos policiais penais mineiros.

“Vivemos tempos onde policiais sofrem pela falta de estrutura, reconhecimento, investimento, condições de trabalho e carga excessiva de trabalho, provocada pela falta de efetivo. Tudo isso traz não só desgaste, mas também problemas psicológicos graves, temos números altíssimos de suicídios nunca vistos na Segurança Pública”, diz.

Falta amparo
Quando o assunto é a saúde emocional e psicológica dos profissionais, Leonardo afirma que falta assistência. “Não existe acompanhamento, não existe amparo do Estado, ao contrário, quando o Estado se depara com policiais em condições de doenças psicológicas, pune o policial. Temos mais assistência aos presos e seus familiares do que aos que mantêm a segurança e representam o Estado nas unidades prisionais”.

Bomba-relógio
O diretor do Sindppen-MG compara o cenário vivido pelos profissionais a uma bomba-relógio e lista diversos problemas encontrados dentro das unidades prisionais. “Superlotação, falta de efetivo enorme, postos e infraestrutura quase que inexistentes, falta de banheiros em muralhas, falta de Equipamento de Proteção Individual (EPI), falta de viaturas, falta, inclusive, do mínimo para se manter a segurança ou o básico como higiene”, enumera. “Façam uma visita às unidades prisionais e verão que, a qualquer momento, uma verdadeira desgraça pode acontecer, e a culpa será unicamente do governo”.

Álbum pessoal
''Todos os profissionais enfrentam dentro das unidades prisionais uma verdadeira 'bomba-relógio''', disse Leonardo Cruz''Todos os profissionais enfrentam dentro das unidades prisionais uma verdadeira 'bomba-relógio''', disse Leonardo Cruz
Qual a solução?
Cruz acredita que é preciso investimento e de políticas de Estado. “O governo precisa mudar a forma como vem tratando seus policiais. Nas unidades, por exemplo, onde deveria ter 12 policiais, não se tem a metade disso. O Estado deveria dar celeridade na convocação dos concursados e excedentes do último concurso e, além disso, dar abertura para um novo certame. Corrigir os salários dos policias, investir em profissionais e políticas de acompanhamento evitando assim o número de suicídios que só aumenta dentro da polícia. O governo precisa, urgentemente, respeitar a Polícia Penal”, defendeu.

Casos recentes
Ocorrências têm sido frequentes em unidades prisionais. No dia 30 de agosto deste ano, um policial penal quase foi feito refém no Presídio de Coronel Fabriciano. Dias antes, no dia 17 de agosto, uma reportagem relatava princípios de motim e apreensões de objetos ilícitos encontrados dentro das celas na ala LGBTQIA+ da mesma unidade. No mês seguinte, no dia 8 de setembro, um detento de 24 anos sofreu uma tentativa de homicídio quando estava no banho de sol, também no Presídio de Fabriciano. A Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, em Ipaba, também foi notícia no Diário do Aço em agosto. O autoextermínio de um policial penal que trabalhava na unidade trouxe à tona questões sobre o assédio moral e perseguição.

Reposta da Sejusp
O Diário do Aço procurou a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) para obter esclarecimentos quanto às situações mencionadas pelo representante do Sindppen-MG. Em sua resposta, a pasta ressalta que “tem o bem-estar de seus servidores como prioridade e que trabalha diuturnamente para melhoria das condições de trabalho de seus profissionais”.

Na nota, o governo estadual também destaca algumas das principais ações em andamento e que devem impactar positivamente no trabalho dos policiais penais. “O Sistema Prisional do Estado passa por melhorias estruturais que somam quase R$ 800 milhões e que impactarão, diretamente, no ambiente de trabalho dos policiais penais”.

Quanto ao aumento do efetivo, a Sejusp informou que ao fim do concurso da categoria, já em fase final, cerca de 3.500 profissionais serão somados ao corpo de trabalho de unidades prisionais de todas as regiões de Minas. Em relação ao amparo aos servidores, o governo afirma que a política de auxílio e acompanhamento de servidores com problemas físicos ou mentais está em expansão. “Com centros de atenção biopsicossociais previstos e inaugurados no interior, para melhor assistência aos profissionais da Sejusp”.
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Comentários

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Anônimo

01 de outubro, 2023 | 20:50

“Lhe falta conhecimento sobre a realidade vivida pelos agentes de seguranca mineiros, saudosa Juliana.”

Juliana

29 de setembro, 2023 | 16:12

“Como diz, reclama das condições e até do salário,quero ver se trabalhar no sol desse de ajudante de pedreiro ,ia reclamar do mesmo jeito.”

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