24 de setembro, de 2023 | 08:00

A história centenária do distrito de Hematita em Antônio Dias

Silvia Miranda - Repórter do Diário do Aço
O distrito de Hematita, no município de Antônio Dias, completa neste mês de setembro 100 anos de criação. Muito conhecido por suas festas populares, seus moradores destacam as tradições e peculiaridades do local que está a 42,3 quilômetros de distância da sede do município e tem cerca de dois mil moradores.

O povoado de São Sebastião de Pouso Alegre foi fundado, pela Lei Nº 847 de 7 de Setembro de 1923, sob a denominação de distrito de Hematita. Assim como Melo Viana, hoje em Coronel Fabriciano, os dois distritos foram criados na mesma data e anexados à vila de Antônio Dias na época.

Segundo a historiadora Glaucineya Aparecida Ferreira Silva, o povoado que deu origem ao distrito de Hematita surgiu há mais de 100 anos com a chegada de Joaquim Amâncio de Souza e Dona Guilhermina, que passaram a morar na localidade de Córrego Grande e formaram sua família. Anos mais tarde, com muitas terras e com a família criada, Joaquim Amâncio, já idoso, doou uma parte de seu patrimônio para a igreja e outra para seus filhos.

E, com o tempo, foram chegando mais moradores no Cacunda, como era chamada pelos primeiros moradores, atraídos pela agricultura e pelas oportunidades geradas com a produção de carvão vegetal. Com isso, estradas foram abertas para os tropeiros venderem seus produtos.

“Edwirges Mariano de Souza, um dos herdeiros de Joaquim Amâncio, continuou a morar no lugar e prestou grandes serviços à comunidade. Edwirges casou-se com Clotilde e teve três filhos. Ele era dono de várias casas e construiu um sobrado considerado a melhor moradia, o famoso “casarão”. Era também proprietário de uma loja que vendia de tudo”, relata a historiadora.

Edwirges também foi o pioneiro a comprar o primeiro rádio e assim recebia em sua casa os moradores para ouvir as modinhas e as últimas notícias da época.

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Moradores comemoram 100 anos do distrito de Melo Viana, em Coronel Fabriciano.

Eletricidade

A professora Glaucineya Ferreira acrescentou que, naquela época, a energia elétrica era precária e desligada todas as noites às 22h. Um cinema chegou a funcionar e foi, na época, uma grande novidade para todos. “O lugar foi crescendo, uma farmácia foi montada. A Sapucaia era o nome da cadeia comandada pelo delegado Joaquim Estevam, que prendia os raros criminosos que existiam”, conta.

Centenário

Cacunda passou a chamar-se Hematita. O nome foi motivado pelo minério do mesmo nome, encontrado na localidade. Ao longo de mais de um século, muitas famílias ajudaram a construir a história e o desenvolvimento da localidade. “A essas famílias somos gratos por nos transmitirem o legado da fé, que só aumenta a cada festividade religiosa, da alegria que contagia a todos como o ritmo da Marujada e a emoção do boi balaio, da brasilidade pelo amor ao futebol, da mineiridade de um povo humilde e acolhedor, que sente orgulho de ser da roça e guardar no seu chapéu de palha suas memórias, honrando suas tradições e história”, destaca Glaucineya Ferreira.

Orgulho

O professor Fernando Rosa Silva, que também é presidente da Marujada de Hematita, nasceu e formou sua família em Hematita e conta com orgulho a vida no distrito. “Tenho muito orgulho de ser hematitense raiz e poder fazer a minha parte contribuindo para a preservação das nossas tradições e cultura. Hematita é um lugar simples e acolhedor, de pessoas hospitaleiras que recebem com muito carinho aqueles que vem viver aqui ou apenas visitar. Somos um povo alegre e batalhador que gosta de festejar e luta para tornar Hematita um lugar cada vez melhor sem perder suas origens humildes e roceiras”, enfatiza.