24 de setembro, de 2023 | 13:00

Opinião: É preciso investir na formação dos nossos jovens!

Alexandre Cézar de Oliveira Melo *

Foram divulgado recentemente dados do relatório Education at a Glance (EaG) 2023, estudo internacional que compara os sistemas educacionais de 49 países participantes, dentre eles o Brasil. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é o responsável pela produção e também pelo tratamento dos dados do nosso país e o relatório aponta para uma realidade bastante preocupante.

O EaG 2023, publicado no dia 12 de setembro, traz indicadores que comparam os sistemas educacionais de algumas nações, com o foco na educação profissional. A análise leva em conta o nível de escolaridade da população, o acesso à educação, os investimentos em educação e aspectos que dizem respeito aos professores. A relevância do relatório está na possibilidade de utilizar os dados para revisar e definir políticas voltadas à educação, tendo como parâmetro as informações coletadas e comparadas em diversos países.

Especialmente para o Brasil, urge a necessidade de reavaliação das políticas educacionais, uma vez que o EaG 2023 mostra que 11% dos alunos do ensino médio entre 15 e 19 anos estão matriculados em programas profissionais, o que é um percentual baixo se comparado com os 37% que é o percentual médio dos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – grupo de países que são referência em PIB per capita (Produto Interno Bruto por habitante) e em desenvolvimento humano. O dado é importante porque o ensino profissionalizante é apontado por especialistas uma das principais vias de acesso ao mercado de trabalho.

Outra informação leva em conta a geração chamada de “nem-nem”, ou seja, aqueles jovens entre 18 e 24 anos que nem trabalham e nem estudam. O estudo aponta que no Brasil o percentual é de 24,4%, índice muito alto se comparado com a média dos outros países que compõem a ODCE que é de 14,7%.

O relatório informa ainda quanto cada país investe, por aluno, em educação básica. São US$ 3.583 anuais investidos por aluno no Brasil (em torno de R$ 17 mil), o que coloca o nosso país em terceira colocação entre os piores do ranking dos membros da ODCE. Estamos à frente apenas da África do Sul (US$ 3.085) e do México (US$ 2.702). Os países que lideram o ranking investem de forma significativa na educação da juventude, como é o caso de Luxemburgo (US$ 26.370), da Suíça (US$ 17.333) e da Bélgica (US$ 16.501).


“Estudo revela que 24% dos jovens de 18 a 24
anos estão no “nem-nem”: Nem estudam nem trabalham”


O EaG 2023 destaca ainda que há um grande desafio a ser rompido, mesmo entre os países que possuem sistemas de ensino melhor estruturados: a integração entre o ensino teórico regular e o prático. Os programas escolares e práticos combinados permanecem raros em muitos países. A média é de 45 % dos alunos matriculados em escolas do ensino médio ou profissionalizante e da educação superior que conseguem aliar aos seus estudos teóricos a tão importante prática profissionalizante.

As políticas públicas voltadas para a educação no Brasil carecem de atenção e de investimento. As consequências de tanto tempo de negligência com a formação da juventude brasileira são uma triste realidade e a urgente mudança conclama esforços tanto do poder público quanto da iniciativa privada. Dentre as políticas públicas mais eficientes tanto para promoção do ingresso de estudantes, adolescentes e jovens no mercado de trabalho, quanto para possibilitar aprendizagem teórica integrada à prática profissionalizante, estão os programas de Estágio e de Aprendizagem.

São muitas as instituições engajadas com o compromisso de promover a inserção da juventude no mundo do trabalho como estagiários e aprendizes, respeitando as peculiaridades de cada um desses programas e suas respectivas legislações, dentre elas o Centro de Integração Empresa-Escola de Minas Gerais (CIEE MG), associação social de interesse público que há 43 anos trabalha ininterruptamente trabalha em prol dos futuros talentos.

Somente o CIEE/MG já beneficiou cerca de 1 milhão de jovens em território mineiro e a instituição sabe que há ainda muito a ser feito. A participação de outros representantes quer sejam das esferas pública ou privada ou dos mais diversos segmentos e áreas, é crucial para a transformação do cenário educacional atual no Brasil.

* Graduado em Administração e Mestre em Educação, professor e supervisor de comunicação do CIEE/MG.

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Comentários

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Tião Aranha

24 de setembro, 2023 | 15:56

“Qualquer melhoria no cenário educacional tem que passar, em primeiro lugar, pela valorização do professor. Que está escondidinho aí, ninguém lembra dele! Risos.”

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