16 de setembro, de 2023 | 14:00
Setembro Amarelo: dicas de autocuidado uma mãe de UTI para outra
Fabiana Coimbra *
Não é fácil acordar todos os dias e ver que a UTI não é apenas um pesadelo, mas sim uma triste realidade. Eu sei que é um período difícil. São inúmeros os medos e as preocupações que nos assombram e nos marcam para o resto das nossas vidas. Preocupações sobre o estado de saúde do bebê, medo que gera dúvidas e incertezas sobre o futuro da criança e tiram a nossa paz. Nessas horas, é preciso manter a calma e ter em mente que por mais doloroso que seja, tudo passa e que algum dia, esse momento será apenas uma parte da sua história. Enquanto isso, trago alguns aprendizados que eu tive durante essa jornada, para ajudá-la a manter-se firme e continuar essa caminhada com mais leveza.Um deles que eu comecei a praticar muito tempo depois, mas que já fez uma grande diferença e teria feito ainda mais se eu tivesse começado desde o início é o autocuidado. Eu sei o quanto é dolorosa toda essa situação e a última coisa que pensamos é em nós mesmas. Nesse momento, é imprescindível cuidar da sua saúde, tentar descansar o máximo possível, se alimentar bem e, na medida do possível, fazer algumas pausas, tentar desconectar um pouco e respirar profundamente nem que seja por um minuto umas três vezes ao dia, principalmente ao acordar. Isso já vai fazer muita diferença na sua rotina.
Mantenha sempre uma troca de experiências com outras mães. Conectar-se com outras mães que estão passando pelo mesmo processo é um verdadeiro suporte emocional e essa troca de experiências vai muito além do alívio da tensão. Eu me lembro de várias dicas boas que as mães que já estavam na UTI havia algum tempo, me deram: informações sobre a equipe médica, enfermagem, organização de horários, facilitação de acessos e até mesmo o modelo de um sutiã apropriado para facilitar a retirada do leite. Sim, elas são uma verdadeira corrente de auxílio e apoio. O valor da sua presença é incalculável!
Hoje você é a porta voz do seu bebê. Ele não sabe se comunicar, então é você quem supervisiona tudo, entende com a equipe médica o cenário, acompanha a evolução e a medicação com a enfermagem e checa os exames. Não tenha medo de tirar dúvidas, pois você está cuidando do seu bem mais precioso, então esteja atenta aos detalhes e, o mais importante é que você é a melhor companhia que o seu bebê pode ter. Eu me lembro de todas as vezes em que eu chegava perto da incubadora e pegava na mão da Maju, ela me olhava bem nos olhos e eu sabia que ela me conhecia. Eu abria a porta da incubadora e cantava para ela, que ficava prestando atenção em mim e até hoje ela dorme comigo cantando a mesma música daquela época.
Ser uma aliada da esperança é fundamental para continuar em pé. Estar na UTI é semelhante a uma montanha russa. Os altos e baixos acontecem muitas vezes em fração de segundos. Apegue-se e à evolução geral e seja positiva. Lembro de uma frase de uma mãe de UTI inesquecível para mim: Enquanto há vida, há esperança”.
O apoio familiar e dos amigos é muito importante em todo esse processo, pois eles ajudam a aliviar a tensão emocional, nos afazeres do dia a dia, na ajuda com a alimentação, na organização de roupas e na companhia. Então, tenha coragem e peça ajuda! Quando puder, se olhe no espelho e enxergue a verdadeira heroína que é. Nada é capaz de abalar o amor incondicional pelo seu bem maior, a sua herança de Deus. Você vai ver que é possível superar qualquer obstáculo quando se tem determinação e amor à vida. E eu, como uma mãe de UTI, também estou por aqui.
* (@fabi_escreve) é escritora e publicitária paulistana, autora do livroMulheres Marcadas - histórias de força, coragem e empatia das mães de UTI”, que está disponível para compra na Amazon e nos principais marketplaces
Obs: Artigos assinados não reproduzem, necessariamente, a opinião do jornal Diário do Aço
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