13 de setembro, de 2023 | 16:01

Celebração de 33 anos do Projeto Mutum é marcada pela soltura de aves ameaçadas de extinção

Dez casais de mutum-do-sudeste foram reintroduzidos ao habitat natural

Stéphanie Lisboa - Repórter Diário do Aço
O Projeto de Reintrodução de Aves Silvestres Ameaçadas de Extinção, popularmente conhecido como Projeto Mutum, comemorou nesta quarta-feira (13) seus 33 anos de existência. A iniciativa, que já possibilitou a reintrodução ao habitat natural de aves como mutum-do-sudeste, o macuco, o capoeira, o jaó-do-sul, o inhambuaçu, o jacuaçu e a jacutinga, só foi possível graças à parceria firmada entre a Cenibra e a Crax - Sociedade de Pesquisa do Manejo e da Reprodução da Fauna Silvestre, em 1990.

E nesses 33 anos não faltam motivos para celebrar. Um deles e, mais recente, foi a soltura, nesta quarta-feira, no Parque Estadual do Rio Doce, de dez casais de mutum-do-sudeste, espécie endêmica do bioma Mata Atlântica e criticamente ameaçada de extinção. A reintrodução das aves ao habitat natural marcou o evento de comemoração realizado pela Cenibra.

Além da soltura das aves, a festividade teve início com a realização de uma solenidade, sobre a Ponte Perdida, em que foram homenageadas pessoas e instituições que apoiaram a iniciativa ambiental em sua trajetória. Participaram do evento ambientalistas, autoridades e funcionários da Cenibra.

O diretor-presidente executivo da Cenibra, Takashi Nakajima, em seu pronunciamento, lembrou que há 33 anos, em 1990, iniciou seu trabalho na empresa. Disse que estava surpreso em saber que naquela época tinha início um projeto tão grandioso para preservação das aves em extinção. “Na época, há 33 anos, já tinham esses grandes pensadores, que idealizavam: vamos proteger, vamos tirar esses animais da extinção”.

Marco histórico
O gerente do Parque Estadual do Rio Doce, Vinicius de Assis Moreira, falou da importância de trazer de volta ao parque o mutum-do-sudeste. “Isso é um marco histórico. A gente vai reintroduzir a espécie que não ocorre mais no parque, mas que havia registro histórico. Introduzir o mutum-do-sudeste é para nós uma dádiva”, resumiu.

Vinicius explicou que as aves serão monitoradas, mesmo estando soltas na natureza. “Esse monitoramento é contínuo em parceria com a Cenibra e nós temos guarda-parques que vão auxiliar nesse monitoramento ao longo de toda a introdução”.

Victor Fasano é apoiador da causa

O ator e ambientalista, Victor Fasano, também participou do evento e fez um apelo: “Nós temos que agir, as espécies estão ameaçadas e se o ser humano não tomar conta, não agir, mostrar que tem inteligência e capacidade de raciocínio de salvar tantas espécies ameaçadas em várias regiões do planeta nós não teremos cumprido a nossa função na terra”.

500 aves de volta ao habitat

De acordo com a Cenibra, considerando as sete espécies contempladas no projeto, até o presente momento um total de 500 aves já foram reintroduzidas ao habitat natural. E mais de 340 filhotes nascidos em vida livre já foram registrados durante os monitoramentos em campo. Estima-se que o número de filhotes seja ainda maior.

Mas não são apenas os números que mostram a relevância do trabalho. O coordenador socioambiental da Cenibra, Edson Valgas de Paiva, ressaltou o pioneirismo do Projeto Mutum. “Há 33 anos, iniciamos um projeto pioneiro no Brasil, onde ninguém falava em recuperar espécies extintas da natureza. Propusemos naquela época trazer um projeto audacioso de devolver à natureza espécies que se encontravam extintas em Minas Gerais”.

E os planos deram certo. O presidente da Crax Brasil, Roberto Azeredo, salientou que o projeto é um exemplo de que a reintrodução de espécies ameaçadas ao seu ecossistema natural pode ser bem-sucedida. “O mais importante foi o exemplo que isso trouxe, de que é possível, trabalhando fora da natureza, você recuperar muitas espécies que estão ameaçadas de extinção”.

Celebração dos 50 anos da Cenibra

A Cenibra estava em festa nesta quarta-feira não só pela comemoração dos 33 anos do Projeto Mutum, mas também pelo seu aniversário de 50 anos. A empresa opera com uma unidade industrial no município de Belo Oriente, com duas linhas de produção de celulose branqueada de fibra curta de eucalipto e capacidade instalada de 1.200.000 toneladas/ano. A Cenibra está presente em mais de 80 municípios mineiros com cerca de 7 mil empregos diretos.