05 de setembro, de 2023 | 06:00

Mesmos defeitos

Fernando Rocha

O Cruzeiro foi um time diferente, a começar pelo técnico interino Fernando Seabra, que comandou o time à beira do gramado após a demissão do português Pepa, mas também por utilizar, pela primeira vez, o terceiro uniforme que, aliás, é muito bonito.

No entanto, o principal não conseguiu: a desejada vitória para reagir e desgarrar da proximidade com a zona de rebaixamento no Campeonato Brasileiro.

O empate de 0 x 0 com o Bragantino prolongou para oito jogos o jejum sem vencer na maior competição nacional, frustrando cerca de 30 mil torcedores que, apesar da fase ruim, foram ao Mineirão incentivar o time, que teve outra atuação ruim, confuso na defesa e meio de campo, sem inspiração no ataque que, outra vez, perdeu gols incríveis.

Foi salvo pelo goleiro Rafael Cabral, autor de grandes defesas que livraram a Raposa de outro vexame em casa. Apesar disso - o Cruzeiro ainda não venceu nesta temporada no Mineirão -, o time celeste continua no meio da tabela, em 12º lugar, 26 pontos, a cinco da zona de rebaixamento, muito porque os seus principais concorrentes também tropeçaram.

Mais do mesmo
O Galo fez um grande primeiro tempo, aliou velocidade e troca de passes com mínimos erros, fez um gol logo aos cinco minutos, por intermédio de Paulinho de cabeça, aproveitando excelente cruzamento de Pedrinho, mas ficou só nesse mais do mesmo.

Aos poucos, o Atlhetico-PR se lançou ao ataque, dominou o meio de campo e só não saiu da primeira etapa com o placar favorável porque o goleiro Everson fez ótimas defesas e salvou o Galo.

Aos 33 minutos do 2º tempo, o fabricianense Vítor Roque, carrasco do alvinegro, pegou um rebote dentro da área, em outra falha do bisonho Jemerson, para fazer o gol de empate do Furacão que, outra vez, teve inúmeras chances e parou nas mãos do goleiro Everson, que foi disparado o melhor em campo.

O Galo foi, outra vez, um time medroso, que não consegue se impor em campo, mesmo possuindo um elenco de melhor qualidade que o seu adversário. Deixou escapar três pontos com esse empate e, mesmo assim, permanece no meio da tabela, em 9º lugar, com 31 pontos e chances de chegar ao menos na pré-Libertadores.

FIM DE PAPO

Ao ser substituído por Alan Kardec, aos 28 minutos do 2º tempo, Hulk deu o seu primeiro grande vacilo desde que chegou ao Galo, ao insistir em sair de campo atravessando todo o gramado quando deveria seguir a regra e deixar o campo pela lateral mais próxima, o que lhe custou um cartão amarelo, o terceiro, que vai tirá-lo do aguardado confronto contra o Botafogo, na Arena MRV. Hulk tentou explicar este autêntico “batom na cueca”, mas é fato que pisou feio na bola, porém, nada que arranhe o seu prestígio com a massa atleticana.

Uma lástima a posição da direção do Cruzeiro que, mais uma vez, se omitiu, não apareceu antes nem depois do jogo contra o Bragantino, no Mineirão, para dar uma satisfação à torcida sobre o momento atual vivido pelo clube. Os milhões de torcedores cruzeirenses merecem tratamento mais respeitoso. Importante reconhecer os méritos de Ronaldo e sua turma para tirar o Cruzeiro da situação financeira caótica em que se encontrava. Mas é longe de ter feito favor, nada disso, pois virou dono quase de graça, por uma mixaria, de um dos maiores clubes do país e do mundo, que possui um patrimônio incalculável: os seus 10 milhões de torcedores-consumidores.

Ronaldo está em BH, desde sexta-feira passada, esteve inúmeras vezes na Toca da Raposa, inclusive para assistir a treinos da base, certamente, fez várias reuniões com assessores, para tratar do assunto “treinador”, mas não fala nada, não se manifesta, não explica para a torcida celeste, que é o seu maior cliente, como andam as coisas e qual é a sua ideia de futuro para o clube, o que não deixa de ser um escárnio completo, desrespeito total com os milhões de torcedores da Raposa.

Vale lembrar ao Ronaldo e sua equipe, a título de comparação com o Valladolid da Espanha, outro clube de sua propriedade, que há uma diferença abissal entre ambos os clubes e, por isso, o Cruzeiro merece ser tratado com mais seriedade e respeito. Se Ronaldo Fenômeno é um personagem mundial, aqui ele é dirigente e tem a obrigação de dar explicações. O Cruzeiro Esporte Clube, o Cabuloso, com 102 anos de fundação, muitas glórias conquistadas e ainda a conquistar, é maior do que Ronaldo e todos os que passaram ou ainda irão fazer parte de sua história. (Fecha o pano!)

Encontrou um erro, ou quer sugerir uma notícia? Fale com o editor: [email protected]

Comentários

Aviso - Os comentários não representam a opinião do Portal Diário do Aço e são de responsabilidade de seus autores. Não serão aprovados comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes. O Diário do Aço modera todas as mensagens e resguarda o direito de reprovar textos ofensivos que não respeitem os critérios estabelecidos.

Envie seu Comentário