06 de setembro, de 2023 | 06:02

Grito dos excluídos 2023: ''Nesta sociedade tão polarizada, temos fome e sede de tolerância''

O Grito dos Excluídos é realizado no Vale do Aço e em todo o país no dia 7 de Setembro, como forma de contestar a ''tal Independência''

Divulgação
 A programação terá início às 8h com uma concentração em frente à Estação Ferroviária Intendente Câmara, no Ferroviários A programação terá início às 8h com uma concentração em frente à Estação Ferroviária Intendente Câmara, no Ferroviários
Silvia Miranda - Repórter Diário do Aço
Criado há 29 anos, as discussões e reflexões do movimento do Grito dos Excluídos permanecem atuais. Os mais diversos tipos e manifestações de preconceito e exclusão crescem e se espalham rapidamente pela sociedade. O evento é uma oportunidade para dar destaque a todos os males e discriminações sofridas, principalmente pela população de baixa renda. O tema neste ano é: “Vida em primeiro lugar", sob o lema "Você tem fome e sede de quê?".

Em Ipatinga, o evento ocorre nesta quinta-feira, 7 de Setembro, e assim como no restante do Brasil, vem como forma de contestar a tal “Independência” celebrada nesta mesma data. A programação terá início às 8h com uma concentração em frente à Estação Ferroviária Intendente Câmara, o trajeto será em direção ao bairro Ferroviários pela avenida José Júlio da Costa e termina com um grande “grito”, às 12h, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Iguaçu. O ato também será realizado simultaneamente em todo o país, com destaque para a Basílica/Santuário de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.

Durante a caminhada estão previstas músicas, cantorias, algumas falas e várias manifestações dos movimentos sociais/populares, mandatos progressistas, combativos e da igreja em saída, igreja sinodal, onde todas as vozes são importantes e devem ser ouvidas. "Irmanados e comprometidos na construção de uma sociedade mais justa, igualitária na qual não haja fome, sede e nenhuma forma de opressão e exploração! Gritarmos por um novo sistema econômico onde o lucro não seja algo sagrado e a economia esteja a serviço da vida!", destacam os organizadores.

Audiência

Na semana que passou foi realizada, na Câmara de Vereadores de Ipatinga, uma audiência pública prévia, para discussão do “Grito dos Excluídos”. A iniciativa foi proposta pela vereadora Cida Lima (PT). O evento contou ainda com a presença de diversos outros representantes de entidades, sindicatos e líderes religiosos, entre eles o padre Marco José, da Comunidade Nossa Senhora Aparecida, a conselheira nacional da pastoral da juventude, Sarah Susan, e outros líderes políticos.

Grito permanente

O bispo da Diocese Itabira Coronel Fabriciano, Marco Aurélio Gubiotti, participou de forma virtual da audiência e lembrou que embora o evento seja para toda a igreja, nem todas as instituições religiosas abraçam a causa. Mas que a sua diocese tem sido testemunha desta luta em favor da vida, neste grito permanente que não pode ser deixado de lado.

“Papa Francisco fala dessa coisa terrível que é as pessoas não se interessarem pelo sofrimento do outro. Nesta sociedade tão polarizada, temos fome e sede de tolerância. Temos sede de respeito à dignidade da pessoa excluída, dos famintos, desempregados, LGBTQIA+, mulheres vítimas de violência, dos indígenas, dos jovens desesperançados e de tantos outros grupos que sofrem a intolerância. E temos fome de Deus, por isso temos sede de anunciar a alegria do evangelho, o pão da vida que é Jesus sendo distribuído a todos”, defende Dom Marco Aurélio.
Arquivo DA
Padre Júlio Lancelotti, que atua na capital paulista, comenta como é impressionante o número de pessoas em situação de ruaPadre Júlio Lancelotti, que atua na capital paulista, comenta como é impressionante o número de pessoas em situação de rua

Construção e resistência

Também com participação virtual, o padre Júlio Lancelotti, coordenador da pastoral do povo de rua, na capital de São Paulo, contou que participa do grito desde a sua primeira edição, sendo o movimento uma construção e resistência contínua. “O grito é um momento de reafirmamos nossa esperança, nossas pautas, principalmente dos jovens no sentindo de vida, de encontrar possibilidades, de viabilizar anseios, garantir direito de expressão. Esse grito precisa ser ouvido, muitas vezes pensamos ouvir, mas não ouvimos, é preciso persistência”, defende.

Para o padre Júlio Lancelotti, é impressionante o número de pessoas em situação de rua, principalmente jovens que passaram a viver em situação precária em razão da pandemia. “São pessoas que sofrem o desemprego, sem poder apoiar seus grupos familiares. Vivendo em uma sociedade que sempre aumenta o preconceito e toda forma de discriminação, onde o machismo está muito presente, a homofobia, o racismo e todas as formas de misoginia. Então é tempo para que a juventude faça uma grande festa, que seu grito tenha força e seja ouvido”, ressaltou.

Sobre o Grito

O Grito dos Excluídos nasceu a partir da Semana Social Brasileira de 1994, tendo a primeira edição em 1995, cujo tema “Vida em Primeiro Lugar” se repete até o 29º Grito que será celebrado este ano com o lema: “Você tem fome e sede de quê?” Mais uma vez dialogando com a temática da Campanha da Fraternidade que conclamou “Dai-lhes vós mesmo de comer!”. É realizado sempre no dia 7 de Setembro, questionando a Independência do Brasil e contrastando com os desfiles cívicos do Dia da Pátria. Dentre as perguntas feitas pelos manifestantes, estão: “Afinal vivemos em um Brasil independente? Independência para quem?”
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Comentários

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Tião Aranha

07 de setembro, 2023 | 14:28

“Bolsonaro está fora do jogo político. Mas quando se fala muito o nome dum indivíduo, de duas uma: ou é porque lhe admira muito ou tem forte paixão. Mas nas professias de Olavo de Carvalho, nas quais milhões seguem, que as sementes do bolsonarismo foram plantadas para sempre. O próprio Arthur Lira reconheceu na sua homenagem póstuma no Congresso que ele foi, realmente , uma sumidade de pensamento progressista dos últimos 20 ou 30 anos. Risos.”

Pablo

07 de setembro, 2023 | 11:34

“Os bolsonaristas vão dizer que não existe fome no Brasil, que tudo é mi-mi-mi. Que políticas sociais não deve existir, que devemos nos ajoelhar e agradecer ao patrão, que podemos ser intolerantes, preconceituosos e que está tudo bem...”

Tião Aranha

07 de setembro, 2023 | 10:24

“Tolerância com os políticos existe até demais. Não se constrói patriotismo sem respeito aos direitos fundamentais do cidadão; num ambiente sem órgãos de controle funcionando, onde todos só querem saber de roubar. Risos.”

Zeze

04 de setembro, 2023 | 22:24

“A intolerância começa na política brasileira, passa pela religião e alcança toda a massa popular. Tudo contribui para dividir opiniões, raças e povos.
Que Deus nos acuda!”

Paulo

04 de setembro, 2023 | 07:24

“Não consigo entender a pessoa que passou dificuldades e melhorou de vida e hj é intolerante. A intolerância é irmã da ignorância, uma absurdo maior a pessoa se a achar Cristão e ser preconceituosa, racista ou outras formas de intolerância. Se o maior ensinado do Cristo foi ser tolerante.”

Tinho Mortadela

03 de setembro, 2023 | 10:11

“O Brasil se dividiu de forma acirrada pós eleições 2014, entre os Coxinha ( eleitor Aécio) e os Mortadela ( eleitores do PT ). Mas em complemento acirrou pós eleição que definiu Jair Bolsonaro vencedor das eleições 2018. Pós isso a intolerância se aflorou e não foi controlada até hoje.
Famílias se dividiram, amigos se desentenderam e os políticos continuaram a política de pão e circo, colocando em prática o dividir para dominar.
Agora quantos as igrejas atuais, são as que mais excluem.”

Antonio

03 de setembro, 2023 | 09:31

“Olha aí a oportunidade de investir 30.000.000,00”

Gildázio Garcia Vitor

03 de setembro, 2023 | 08:39

“? muito difícil ser tolerante com os intolerantes, principalmente quando têm cursos superiores e são Professores.
Desvalorizar a nossa independência, pela qual muitos lutaram, é um desserviço à História do país.”

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