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27 de agosto, de 2023 | 10:30

A história de sofisticação e decadência de uma fazenda em Coronel Fabriciano

Silvia Miranda - Repórter do Diário do Aço

A abertura de um loteamento em Coronel Fabriciano revela o cenário de uma antiga propriedade, antes escondida em volta de uma grande fazenda, localizada bem próxima ao centro urbano. O local agora é nostalgia para que o conheceu em seus tempos áureos e curiosidade a quem antes nunca tinha visto. Mas sua atual situação está longe da beleza, sofisticação e imponência da época em que foi construída, para ser residência de um importante pioneiro do Vale do Aço.

A casa no alto de um morro está localizada no loteamento Nova Fabriciano, próximo ao bairro JK, no distrito de Melo Viana. Boa parte de sua estrutura está em ruínas, em vários cômodos há portas e janelas arrancadas, paredes quebradas, muito lixo e vegetação invadindo os espaços. Mas ainda é possível perceber, nos detalhes, traços de sofisticação e elegância da época.
Arquivo Pessoal
Nilza Lentz, filha do pioneiro Joaquim Gomes, relembra os tempos de sofisticação do casarão Nilza Lentz, filha do pioneiro Joaquim Gomes, relembra os tempos de sofisticação do casarão

Origem da fazenda



O historiador Amir José de Melo conta à reportagem do Diário do Aço, que a casa foi construída para ser residência de Joaquim Gomes da Silveira Neto, à época, na década de 1940, superintendente da Companhia Belgo Mineira em Coronel Fabriciano. A importante empresa da época mantinha um serviço de exploração das matas para produção de carvão, para abastecer os fornos de sua siderúrgica de João Monlevade.

Ainda conforme Amir de Melo, a propriedade foi posteriormente vendida para a Arquidiocese de Mariana, que a revendeu para Fábio Pinheiro, seu último dono. Assim a propriedade ficou popularmente conhecida no município como “Fazenda do Fábio”.

Os tempos dourados

Nilza Maria Silveira Lentz Monteiro, de 85 anos, é filha do pioneiro Joaquim Gomes da Silveira Neto, responsável por desenhar e construir o casarão.

“O cume de um morro foi aplainado e ali foi construída a linda mansão que nos enchia de orgulho, com ampla visão para o colar de montanhas e para o Vale de Melo Viana. A mão de obra foi inteiramente local. A parte de carpintaria, uma obra de arte, foi realizada por um artesão espanhol que morava em Fabriciano, o ‘Seu Garrido’. O teto era forrado de madeira e tinha intricados desenhos que replicavam os tacos do assoalho”, detalha.
Roner Dawson Barbosa
Propriedade possui vários ambientes e detalhes que revelam sofisticação da época em que foi construídaPropriedade possui vários ambientes e detalhes que revelam sofisticação da época em que foi construída


Nilza Lentz, que teve outros seis irmãos, relata que a construção levou de dois a três anos, e foi inaugurada quando ela comemorou seu aniversário de seis anos, em agosto de 1944, na casa recém-construída. “A casa, linda, limpíssima e muito bem decorada com móveis da ‘Casa Confiança’, a melhor loja de Belo Horizonte. Era objeto de admiração e recebíamos muitos visitantes que pediam para conhecê-la. Ali foram recebidas figuras ilustres da Belgo Mineira e da alta sociedade de Belo Horizonte”, relembra.

A mudança de Manderley

A família de Joaquim Gomes teria residido por cerca de dez anos na fazenda e depois se mudou para Belo Horizonte. Por algum tempo eles visitavam a fazenda nas férias, até ser vendida para a Mitra de Mariana. A perda da casa deixou a família entristecida, mas eternizou os bons momentos ali vividos, na propriedade que eles chamavam de Manderley, nome inspirado em um livro.
Paulo Valadares
A casa está localizada no alto de um morro no loteamento Nova FabricianoA casa está localizada no alto de um morro no loteamento Nova Fabriciano

O sonho de restauração

Para a antiga moradora, a decadência da fazenda é motivo de tristeza. Ela sonha com a restauração e transformação da estrutura em um centro cultural, levando o nome do pai. Na página do Facebook “Fabricianense Memória Viva”, vídeos e fotos publicados protestam contra o atual estado da propriedade. Um abaixo assinado foi organizado para solicitar a preservação do local.

Casarão será leiloado


Em nota enviado ao Diário do Aço, a administração municipal de Coronel Fabriciano informou que o imóvel atualmente pertence ao município. “A área entrou como contrapartida, em favor da prefeitura, durante a execução do empreendimento particular inserido na Operação Urbana Consorciada (OUC). O terreno em que se encontra a fazenda será leiloada. O valor arrecadado será investido na complementação do recurso para a obra de pavimentação da estrada que vai ligar o Distrito Industrial, passando pela Apa da Biquinha, no bairro Belvedere, à BR-381”, explica o governo.


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Comentários

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Eu Compro

03 de setembro, 2023 | 11:56

“Até uns 7 milhões eu pago”

Prancheta

29 de agosto, 2023 | 19:06

“Por Enquanto

Legião Urbana

Mudaram as estações
E nada mudou
Mas eu sei que alguma coisa aconteceu
Está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente
Chegou um dia a acreditar
Que tudo era pra sempre
Sem saber
Que o pra sempre sempre acaba

Mas nada vai conseguir mudar
O que ficou
Quando penso em alguém, só penso em você
E aí então estamos bem

Mesmo com tantos motivos
Pra deixar tudo como está
E nem desistir, nem tentar
Agora tanto faz
Estamos indo de volta pra casa”

Chouriço

29 de agosto, 2023 | 19:04

“A vida me ensinou:
Que tudo tem sua origem.
Que tudo tem seu princípio.
Que tudo tem seu fim.
Ela também me ensinou que nada é para SEMPRE.”

Maria das Graças Batista Lima

29 de agosto, 2023 | 13:33

“Surreal”

Lucileia

29 de agosto, 2023 | 11:06

“Com essa história vimos que ajuntar tesouros nessa terra é perca de tempo ; devemos ter o necessários e nos preocupar com aquilo que o dinheiro não paga . Vale do Aço tem muita propriedade com história que já foi parte da história da cidade e hoje viraram ponto comercial ou loteamento . Então é isso ; ? do pó ao pó.? Pronto”

Carlos

28 de agosto, 2023 | 19:29

“Muito triste, ver como era e com.o está”

Cimar Teixeira Pinheiro

28 de agosto, 2023 | 17:56

“Estive na sede da fazenda do Fábio sábado 26/08/2023, e gravei a situação por fora e por dentro então postei no Facebook, algumas pessoas compartilharam e comentaram. É triste ver aquele aquele casarão naquele estado pois nos remete a várias histórias e lendas que só cabem na imaginação de um fabricianence.”

Bizarro

28 de agosto, 2023 | 14:22

“? BIZARRO”

Lucimar Vasconcelos

28 de agosto, 2023 | 11:58

“? uma pensa ver um imóvel histórico jogado às traças. Infelizmente o governo de Coronel Fabriciano não valoriza a história.. A ordem é desmatar e reduzir às cinzas toda e qualquer oportunidade do povo enaltecer sua cultura. E quem pode lutar contra tudo isto? Ninguém. Os vereadores são comparsas no mesmo propósito.”

Fernando Fernandes da Silva

28 de agosto, 2023 | 10:00

“Estou esperando o leilão para dar um lance e restaurar.”

Miguel Arcanjo da Silva

28 de agosto, 2023 | 08:42

“Nada de choramingar, tudo tem seu tempo. Quando derrubaram o antigo prédio da Estação Ferroviária, os mi-mi-mis nada falaram. O Prefeito atual é o melhor que já tivemos. Existe a Fabriciano antes e depois de Marcus Vinicius.”

Andrea

28 de agosto, 2023 | 08:01

“Esse prefeito destruiu o bairro jk agora vai destruir a biquinha tristeza daqui do jk dá pra ver o loteamento só desmatar o brasileiro não dá valor a natureza mas Chico Xavier disse 2029 passará um planeta pra levar almas que não aprenderam amar e só 45% voltará reencarnar quem não cuidar da natureza não voltará em vez de cuidar do rio que está secando mas o julgamento está muito perto”

Humberto de Souza Abreu

28 de agosto, 2023 | 07:56

“Esse casarão , lindo e histórico não seria conhecido como a Fazenda do Padre Rocha?”

Agustavio Fernandes Ferreira

27 de agosto, 2023 | 23:14

“deveria ter uma investigação pela promotoria ,porque 2a 3 anos atrás estava tudo funcionando na fazenda , o mesmo aconteceu com o Angélica acabaram com o Angélica aí venderam parte dele para o Coelho Diniz , em relação a fazenda uma máfia deu prejuízo em dona Vera com à anuência da prefeitura agora vem com essa de vender para investir na especulação imobiliária.”

Tinho Mortadela

27 de agosto, 2023 | 22:01

“Tudo tem seu fim.”

Osmar Barra

27 de agosto, 2023 | 20:39

“Este casarão tem que ser preservado para virar um museu.”

Nilzinha m

27 de agosto, 2023 | 20:26

“Sério que o indivíduo que está prefeito vai leiloar a propriedade de valor histórico e usar o dinheiro para DESTRUIR uma Área de preservação ambiental com asfalto??? Alô alô, MPMG!!”

Fabiana da Silva de Paulac

27 de agosto, 2023 | 17:06

“Que pena dona Vera ficaria muito triste se soubesse disso, Sr Fábio tbm que Deus o tenha. Pois o acordo é que seria um museu pra visitas , e o belíssimo prefeito não colocou nenhuma segurança,aí deu nisso arruaça destruíram um patrimônio,uma vida ,várias histórias vividas ali ! Lamentável”

Nilza Lentz

27 de agosto, 2023 | 15:38

“Parabéns a Silvia Miranda pela excelente reportagem”

Abelardo Siqueira Mendonça

27 de agosto, 2023 | 15:33

“Leiloando um patrimônio histórico pra construir uma estrada numa área de preservação ambiental. Isto é uma administração pública com preocupações culturais e ambientais.”

Jose Alberto Fernandes da Silveira

27 de agosto, 2023 | 13:10

“Sou neto de Joaquim Gomes da Silveira Netto e minhas lembranças de Coronel Fabriciano se resumem ao hospital, que me remete ao tio Albeny e seus filhos, ao Clube Casa de Campo, onde meu pai morou com meus avós e irmãos, e o Colégio Angélica, que leva o nome de minha bisavó, nome também herdado por minha irmã. Este casarão certamente significa muito mais para Fabriciano do que para minha família, pois está aí parte da história do município. E o grupo Belgo Mineira deveria se interessar em arrematar este casarão para ali montar um museu de sua própria história, entrelaçada à história de Fabriciano e de minha família também!”

Sérgio Antônio Dias

27 de agosto, 2023 | 12:50

“Parabéns pela Matéria, e principalmente por esse olhar de preservação da história, coisas que só uma boa repórter faz.”

Roner Dawson

27 de agosto, 2023 | 12:22

“Agradecemos pela reportagem.
Para mim, foi emocionante fazer as fotos do casarão e tentar captar a imponência da época áurea.
Continuamos na luta para que a casa seja propriedade do município e se teansforme numa CASA DE CULTURA E MEMÓRIA Fabricianense.”

Zeze

27 de agosto, 2023 | 11:22

“Aos poucos a nossa cidade vai perdendo suas lembranças de sua história. A estação ferroviária da EFVM não foi preservada, o Colégio Angélica tá a perigo, agora essa fazenda.”

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