27 de agosto, de 2023 | 09:30

Profissionais da saúde salientam benefícios da amamentação para a mãe e o bebê

Um alimento completo, produzido pela própria mãe, é capaz de dar ao bebê tudo o que ele precisa em seus seis primeiros meses de vida. Trata-se do leite materno. A amamentação é fundamental e engana-se quem pensa que os benefícios dessa prática se restringem apenas às crianças. A amamentação garante saúde ao bebê e à mãe. Em entrevista ao jornal Diário do Aço, três profissionais que atuam na área da saúde falaram sobre os ganhos gerados pelo aleitamento para mamães e bebês.

A reportagem traz a entrevista com a pediatra que atua em Ipatinga, Ana Luiza Barcelos, a médica radiologista Tereza Cristina Ferreira de Oliveira e a enfermeira Rosiane Almeida. Todas elas são unânimes quanto a importância da amamentação.

Alimento personalizado

A pediatra Ana Luiza, destaca que o leite materno é um alimento personalizado. “Precisamos lembrar que somos mamíferos, bebês são filhotes. O leite humano possui todo o aporte de calorias e nutrientes que o bebê precisa”.

Ela listou alguns dos benefícios gerados para a criança que se alimenta do leite materno, entre eles, um melhor desenvolvimento neurológico para os bebês. “Há alguns estudos que demonstram que crianças que foram amamentadas vão melhor na escola, tem maior coeficiente de inteligência”.

O leite produzido pela mamãe também garante proteção. “O leite materno é vivo e possui células de defesa e anticorpos que reduzem a chance de o bebê ter várias doenças infecciosas. Bebês amamentados também têm menos chance de terem asma e outras doenças alérgicas e também de serem obesos, hipertensos ou ter diabetes no futuro”, apontou a pediatra.

Saúde da mulher

A mamãe que amamenta também está fazendo um bem a si mesma. A médica radiologista Tereza Cristina falou alguns dos benefícios. “O risco de uma mulher que amamenta contrair câncer de mama é 22% menor que de uma mulher que nunca amamentou. E, mesmo para as que chegam a desenvolver a doença, a amamentação contribui para o aumento da sobrevida”, informou. Ainda conforme Tereza, as mamães que amamentam também têm menos risco de desenvolver diabetes tipo 2. E tem mais: “Há redução de crises de enxaqueca e auxilia na prevenção da obesidade pós-parto. Durante o período do puerpério (resguardo), a prática também facilita a recuperação da mulher, diminuindo os riscos de que ela tenha hemorragias e anemia”.

Troca, afeto e sentimentos

A professora de Enfermagem da Estácio, Rosiane Almeida, trouxe uma observação que vai além do que já foi pontuado até aqui. Durante a amamentação, mamãe e bebê experimentam e vivenciam uma troca única: um momento regado por afeto e sentimentos. “No momento em que a mãe tem o contato pele a pele com seu recém-nascido, aumenta o fluxo de ocitocina no seu corpo. Chamada de ‘hormônio do amor’ ou ‘composto químico do carinho’, é também liberada cada vez que o bebê suga no mamilo durante a mamada”, enfatizou a profissional.

Aprendizado e treino

É comum ouvir relatos de mães que tiveram certa dificuldade durante o período de amamentação. Alguns problemas podem surgir na fase do aleitamento materno, mas devem ser identificados o mais breve possível para que não provoquem sofrimento e, consequentemente, a interrupção da amamentação. Por mais que pareça que as mulheres já nascem preparadas e prontas para o processo da amamentação não é bem assim. Ana Luiza ressalta que é preciso buscar conhecimento. “A amamentação é algo natural, mas não é instintivo, é aprendido, treinado e também precisa de apoio”, salientou.

A médica alertou que os grandes vilões que comprometem a amamentação estão presentes nos itens de enxoval, como a chupeta e a mamadeira. “São causas de desmame precoce por confusão de bicos”, reforçou. Outros fatores que, segundo Ana Luiza, fazem com que muitas mães não consigam amamentar são: a falta de apoio, de ajuda profissional adequada e a cultura do desmame. “Olha que tristeza, a duração mediana de amamentação brasileira é de apenas 54 dias”, lamentou a pediatra.

Vale lembrar que a recomendação é de que os bebês até os seis meses de vida sejam alimentados somente com leite materno. Após essa idade, deverá ser dada alimentação complementar apropriada, mas a amamentação deve continuar até o segundo ano de vida da criança ou mais.