26 de agosto, de 2023 | 14:00
Opinião: Melhore em você o que você critica no outro
Gregório José *
Muitas vezes nos deparamos com locuções que comparam as pessoas e enfatizam suas deficiências e imperfeições. Um conhecido provérbio diz isso claramente: quando mostramos um polegar para alguém, três de nossos polegares também apontam para nós mesmos. Este conceito sugere que reconhecer falhas nos outros é um reflexo de nossa percepção de nós mesmos. Perceber as imperfeições dos outros significa autoestima, ou mais. É um reflexo das próprias características de cada um. No entanto, confiar apenas em nossas próprias mensurações não é suficiente para verdadeira transmutação.O princípio de corrigir em si mesmo o que você critica nos outros” exige autoconsideração e autoaperfeiçoamento mais profundos. Vários filósofos, desde pré-socráticos até pensadores brasileiros contemporâneos, têm refletido sobre essa ideia, enfatizando a importância de olhar para dentro antes de apontar as falhas dos outros.
Sócrates, o filósofo grego, via o autoconhecimento como o caminho para a virtude. Convida-nos a explorar nossas próprias imperfeições para cultivar a sabedoria e a autotransformação. Confúcio já argumentou que cultivar as virtudes que criticamos nos outros é essencial para criar um ambiente equilibrado e moralmente elevado.
O filósofo germânico Immanuel Kant abordou essa ideia de um ponto de vista moral. onde a ética do dever é determinada pela intenção por trás da ação. Friedrich Nietzsche, por outro lado, viu essa tendência crítica como um reflexo de nossa própria fraqueza moral, e Carl Jung explorou as sombras que lançamos sobre os outros como o lado não resolvido de nossas próprias mentes.
Ao considerarmos as perspectivas desses pensadores, fica claro que a ideia de Melhore em você o que você critica no outro” pode ser vista como um convite a autorreflexão, crescimento pessoal e construção de uma base ética sólida para interações sociais saudáveis e harmoniosas.
educadores e filósofos contemporâneos como Paulo Freire, Rubem Alves, Leandro Carnal, Vivian Mose, Luis Filipe Pondé, Marilena Chauí, Márcia Tiburi e Mário Sérgio Cortella reforçam essa abordagem. Eles enfatizam a necessidade de autoconhecimento, autenticidade, autogoverno e compaixão pelos outros.
Leandro Karnal explica que podemos entender ao identificarmos aspectos que criticamos nos outros, temos a oportunidade de olhar para dentro de nós mesmos e reconhecer possíveis áreas de desenvolvimento. Assim, ao enfrentarmos nossas próprias contradições, estamos nos engajando em uma análise profunda de nossa própria subjetividade nos tornando mais tolerantes e compassivos pelos pensamentos de Márcia Tiburi.
Nesse sentido, ao incorporar essas reflexões, a ideia se transforma em uma jornada de autodescoberta, desenvolvimento ético e crescimento consciente, contribuindo para a nossa própria evolução pessoal e para a construção de uma sociedade mais justa e harmoniosa.
* Jornalista/Radialista/Filósofo, pós-graduado em Gestão Escolar, Ciências Políticas, Mediação e Conciliação e MBA em Gestão Pública
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Tião Aranha
27 de agosto, 2023 | 16:55Com certeza, estamos vivendo a ilusão dum falso progresso evolucionista sem visão futurista. É um erro de formação que passa de geração a geração no que tange a preocupação em investir mais no material em detrimento do espiritual do ser humano. Alguém tem que pagar pelo erro. Risos”
Gildázio Garcia Vitor
27 de agosto, 2023 | 10:42O Sr. Tião Aranha, meu amigo leitor deste Portal Diário do Aço, foi, mais uma vez, brilhante em seu comentário, ao relacionar o nivel cultural do indivíduo, que nunca foi sinônimo de Curso Superior, e muito menos atualmente, com os cursos EaD, à uma maior capacidade de mudanças.
Parabéns! Obrigado pela lição!”
Tião Aranha
26 de agosto, 2023 | 20:44Bom texto, alguns dos nomes citados até os conheci pessoalmente. Por incrível que pareça, conheço a linha filosófica de todos. O primeiro passo da mudança é o de mudar atitudes na forma de pensar. Quando a pessoa tem um alto nível cultural ela consegue mudar mais facilmente. Quando não se tem essa formação - torna-se mesmo impossível-, segundo Joaquim Barbosa, aquele juiz do Mensalão. A vida em si é um mero processo de pesquisas: é perigo por toda parte. Risos.”