23 de agosto, de 2023 | 14:00

Ponte Queimada está interditada por tempo indeterminado

Prefeitura Pingo-d'Água
A PM, brigadistas da Cenibra e outros voluntários atuaram em conjunto para o combate ao fogoA PM, brigadistas da Cenibra e outros voluntários atuaram em conjunto para o combate ao fogo

O que antes já era precário agora está sem nenhuma condição de uso. A Ponte Queimada ficará interditada por tempo indeterminado devido a um incêndio criminoso causado esta semana. A travessia por ela já era arriscada, mas agora não é mais possível, nem mesmo caminhando ou pedalando. Ainda não há definições a serem feitas sobre reformas ou para a revitalização, que há anos é aguardada no Vale do Aço.

Na tarde de segunda-feira (21), a Ponte Queimada, como já é historicamente conhecida, sobre o rio Doce entre os municípios de Pingo-d'Água e Marliéria, foi alvo de um incêndio criminoso. Vídeos gravados na ponte mostram em chamas os dormentes que compõem o tabuleiro da ponte. O fogo, de origem criminosa, danificou de vez a passagem pelo local. Os danos levaram à interdição total da ponte.

A Polícia Militar de Pingo-d'Água e equipes que trabalhavam em uma plantação de eucaliptos, nas proximidades, foram para o local e apagaram o fogo, para evitar que se espalhasse por toda a extensão e ainda atingisse a área do Parque Estadual do Rio Doce, que fica em uma das margens.

10 metros queimados

Policiais Militares de Meio Ambiente informaram que o fogo danificou uma extensão de aproximadamente dez metros do tablado, levando à interdição total da passagem.

A ponte possui pilares de concreto e vigas de aço e apenas os travessões e longarinas são de madeira e foram danificados pelo fogo. Ficou constatado que uma testemunha passou pelo local por volta de 16h de segunda-feira e percebeu que havia sinais de fumaça. Ao chegar à ponte, viu que os dormentes (travessões) que compõem o tabuleiro da ponte estavam em chamas.

De imediato, a testemunha acionou a Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil do Município de Pingo-d'Água e os brigadistas da empresa Cenibra, que foram para o local combater o incêndio. Quando o fogo foi apagado, restava o dano que interditou a ponte.

Patrimônio
Prefeitura Pingo-d'Água
O fogo danificou uma extensão de aproximadamente dez metros do tablado da ponteO fogo danificou uma extensão de aproximadamente dez metros do tablado da ponte


A secretária de Cultura e Turismo da Prefeitura de Pingo-d'Água, Eliana de Souza, conta que a ponte esta inventariada no município como patrimônio histórico. Na próxima sexta-feira (25), haverá uma reunião com o conselho do Parque Estadual do Rio Doce (Perd) e a situação da ponte deve ser uma das pautas.

“A reforma da ponte hoje envolve vários outros órgãos, inclusive a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, e não depende somente da administração política. É uma obra que envolve o Parque Estadual, cujo acesso está diretamente ligado. Mas estamos sempre empenhados nessa reforma, a ponte hoje tem muito mais um valor histórico e turístico e não diretamente de logística”, esclareceu.
Notícias do antigo São Domingos do Prata/Arquivo
Depois da primeira ponte em madeira, no fim do século VIII,  foi construída uma segunda ponte, no começo do século XX, substituída depois por outra estrutura, que está no local até hojeDepois da primeira ponte em madeira, no fim do século VIII, foi construída uma segunda ponte, no começo do século XX, substituída depois por outra estrutura, que está no local até hoje

A redação do Diário do Aço tentou contato com a comunicação do Instituto Estadual de Florestas (IEF), mas até o fechamento desta edição não recebeu resposta.

Turismo

Atualmente, a ponte tem interesse turístico e ambiental. O local é frequentemente usado por ciclistas que fazem a chamada "Volta da Mata", por pesquisadores que atuam na área do Parque Estadual do Rio Doce e por pessoas que estão em Cava Grande e querem encurtar a distância para chácaras, sítios ou lagoas localizadas em Pingo-d'Água e Córrego Novo. A ligação dessas cidades também é feita pela MG-759, que liga essa região à BR-458.

Já publicado:
Incêndio criminoso danifica a já precária ponte queimada sobre o rio Doce

Ligação sobre o rio Doce existe desde o Brasil Colônia



A história oficial mostra que o então governador de Minas Gerais, Antônio de Noronha, mandou abrir uma estrada que, passando pelo vale do Rio Doce, fosse até o distrito de barra do Cuieté, em Conselheiro Pena. Ele governou Minas Gerais de janeiro de 1775 a fevereiro de 1780.

Os operários romperam cerca de vinte léguas, em meio a “Matas Nacionais”, das quais existe hoje apenas um pedaço, o Parque Estadual do Rio Doce. Foi seu sucessor no governo, Dom Rodrigo, quem completou e inaugurou a obra.

Ficou conhecida como Estrada Aberta, ou do Degredo. A “Aberta”, como era chamada, atravessava quatro grandes pontes neste Sertão: a do Piracicaba (Antônio Dias), a ponte Alta (Ribeirão do Mombaça), a Ponte Queimada, no Rio Doce, e a do Sacramento Grande (Bom Jesus do Galho).

A ponte do rio Doce, inaugurada no fim de século XVIII, ficava pouco abaixo da atual, numa corredeira entre os saltos Jacutinga e do Inferno. A ponte foi incendiada em meados de 1793, tomando então o nome de “Ponte Queimada”. Na época, os soldados acusaram os índios, que acusaram os soldados.

Depois da primeira versão, foram construídas mais duas pontes no mesmo lugar. A atual, que hoje precisa de reformas seria, portanto, a terceira.
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Comentários

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Priscila Doris Ed Roger

23 de agosto, 2023 | 08:12

“Quanta maldade no ser humano, destruir o que já precisava de reformas. Não é porque a ponte recebe o nome de Ponte Queimada, que um vândalo deveria ir lá e colocar fogo na mesma.”

H.

23 de agosto, 2023 | 07:23

“Podiam demolir os destroços e realizar uma reconstrução como a Igrejinha do Horto de Ipatinga em 2016, com o devido suporte estrutural. Talvez daqui a mais 100 anos pensem nisso.”

José

23 de agosto, 2023 | 00:03

“Isto que dá ficar chamando a ponte de queimada, vândalo ou alguém que quer reforma na ponte, políticos ruins”

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