20 de julho, de 2023 | 15:02
MPF é acionado sobre possível inconstitucionalidade da lei que instituiu Escola Sem Partido em Fabriciano
Divulgação
Lei veda a veiculação de conteúdo ou realização de atividades que possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos pais dos estudantes

Sancionada pelo prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinicius, e publicada em 15 de junho deste ano, a Lei nº 4.491 virou alvo de questionamento. A legislação, que institui o Programa Escola Sem Partido”, está sendo colocada em xeque pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). A parlamentar comunicou que fez uma representação ao Ministério Público Federal (MPF/MG), alegando que a lei é inconstitucional e solicitando que o MPF tome providências cabíveis.
Segundo o documento enviado ao MPF, a parlamentar argumenta que é a competência constitucional é privativa da União legislar sobre diretrizes e bases da educação. Compete aos municípios legislar apenas sobre assuntos de interesse local e de forma suplementar à legislação federal e a estadual no que couber, o que não é o caso da Lei Municipal nº 4.491”.
A lei
De acordo com a lei, deverá haver neutralidade política e ideológica em sala de aula; pluralismo de ideias; reconhecimento da vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relação de aprendizado.
A lei ainda veda a prática de "doutrinação política e ideológica" bem como a veiculação de conteúdos que possam estar em conflito com as convicções religiosas ou morais dos pais dos alunos.
Impõe, ainda, ao professor, que não se aproveite da audiência dos alunos para promover interesses/opiniões/preferências próprias; não faça propaganda político-partidária.
Movimento
A ideia da escola sem partido surgiu em 2004, pelo então procurador do Estado de São Paulo, Miguel Nagib, numa reação a um suposto fenômeno de instrumentalização do ensino para fins político ideológicos, partidários e eleitorais, que representaria a doutrinação e cerceamento da liberdade do estudante em aprender.
O movimento reivindica a imparcialidade e a objetividade do professor em sala alegando que, caso contrário, será negado ao aluno o acesso a outras explicações e abordagens alternativas para os fenômenos estudados.
Essas propostas permaneceram inertes até 2014, quando o deputado estadual do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, convidou o procurador para escrever um projeto de lei para ser apresentado à Assembleia Legislativa daquele estado. No mesmo ano, Carlos Bolsonaro, irmão de Eduardo e vereador no Rio lançou o PL 864/2014 para apreciação da Câmara Municipal.
Censura
Para os críticos do projeto, haveria perseguição e censura ao trabalho docente, abrindo espaço para a perseguição política. Para os defensores, a imparcialidade e a neutralidade são fundamentais para que a formação do aluno ocorra sem influências ideológicas e partidárias.
Inconstitucionalidade
Tal projeto foi sancionado em Alagoas, numa lei estadual em 2017, mas ficou suspenso até 2020, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) a considerou inconstitucional, por nove votos a um.
A decisão teve validade apenas para o caso de Alagoas, mas a posição dos ministros indica o entendimento do tribunal sobre esse tipo de legislação.
O esperado é que sejam adotadas decisões semelhantes contra leis do tipo que vierem a ser questionadas no STF, que já impôs uma série de derrotas a leis municipais inspiradas no Escola sem Partido.
Administração municipal ainda não foi notificada
Procurada pelo Diário do Aço, a administração municipal de Coronel Fabriciano informou, por meio de nota, que ainda não recebeu notificação ou recomendação do Ministério Público sobre a referida Lei.
Destacou que a lei se limita a garantir aos seus estudantes que sejam educados e informados sobre os direitos que decorrem da liberdade de consciência e de crença asseguradas pela Constituição. Portanto, garantindo que, no exercício de sua função, o professor: não favorecerá, prejudicará ou constrangerá os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas”.
O Executivo ainda deixou claro que a lei municipal não faz qualquer menção ou alusão a pontos que têm suscitado polêmicas e debates atuais”.
Confira aqui o texto da lei que institui a Escola Sem Partido em Coronel Fabriciano
https://sapl.coronelfabriciano.mg.leg.br/media/sapl/public/normajuridica/2023/3399/lei_4491_-_altera_lei_2621.2015_programa_escola_sem_partido.pdf
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?guia Lu
21 de julho, 2023 | 07:27Esse prefeito bizarro quer calar a boca de todo mundo que discorda dele. Estas tais "escolas sem partido" é uma forma de perseguir servidores. O tal prefeito já falou em rádio que vai usar a caneta para demitir qualquer servidor que "ousar" falar algo que ele discorda politicamente. É um tatuzinho de bolsonaro que ama pregar "Deus, pátria e família", mas na verdade só persegue e maltrata quem pensa diferente dele.”
Chouriço
20 de julho, 2023 | 20:30Atualmente o Brasil vive em uma crise institucional sem precedentes, onde a sociedade já não possui a certeza do texto constitucional, uma vez que há entre os detentores dos Poderes legitimamente constituídos um choque de interesses tamanha grandeza que ao invés de trazerem harmonia e pacificação social, apresentam única e tão somente discursos ideológicos, fazendo com que os interesses particulares se sobreponham à coletividade.”
Maria das Graças Batista Lima
20 de julho, 2023 | 18:54Quem deve ter algum partido deve ser esse prefeito cujo nome combina muito bem com ele"Bizarro", Porque isso só pode ser algum tipo de bizarrice.”
Patriota
20 de julho, 2023 | 18:46O Olho Vivo, que estudou em uma Faculdade de Fabriciano, onde "só faltou colocar a foto do 'Che Guevara'", não foi doutrinado, e ele está certo: "professores doutrinadores são piores que traficantes".
Depois quer que a gente esqueça os bolsonaros. Eles não nos esquecem.”
Olho Vivo
20 de julho, 2023 | 18:06Os professores doutrinadores, e as pessoas que pensam igual, não tiram o "Bolsonaro" da boca. Graças a Deus, o povo está ficando cada vez mais esperto, não se deixando levar por "doutrinadores sindicalizados", que por muito tempo, doutrina nas escolas; e falo isso com convicção, pois estudei em uma faculdade de Coronel Fabriciano, que só faltou colocar a foto de "Che Guevara" nas salas e corredores.
Sou a favor de incentivar pensadores, debatedores de ideias, e não uma "cartilha" de doutrinas.
Todos que são contra a implementação da Escola sem partido; são, ou já foram daquele PARTIDO......
Parabéns prefeito de Cel Fabriciano.”
Paulo
20 de julho, 2023 | 17:50Os falsos moralistas só querem os votos dos inocentes, se soubessem como essa gente vive na intimidade ficariam horrorizados. Deus me livre!”
Gildázio Garcia Vitor
20 de julho, 2023 | 17:24As maiores provas de que os Professores não doutrinamos ninguém, por falta de competências e habilidades, são as eleições vitoriosas do Presidente Bolsonaro, dos Governadores Zema e Tarcísio e dos Prefeitos Marcos Vinícius e Gustavo Nunes.
Já passou da hora de mudar este disco. em nivel municipal, estadual e federal. A Educação enfrenta problemas muito graves e reais, fora do terraplanismo, que precisam ser solucionados sem delongas.”