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20 de julho, de 2023 | 14:00

Ex-prefeito João Magno lança livro sobre Chá Hoasca

Divulgação
Lançamento do livro O Edificar da Paz - A Regulamentação do Uso Religioso do Chá Hoasca no Brasil será no HortoLançamento do livro O Edificar da Paz - A Regulamentação do Uso Religioso do Chá Hoasca no Brasil será no Horto

Nesta sexta-feira (21), às 19h, no Sindicato dos Bancários do Vale do Aço, localizado no bairro Horto em Ipatinga, será lançado o livro "O Edificar da Paz - A Regulamentação do Uso Religioso do Chá Hoasca no Brasil" de autoria de João Magno de Moura, ex-prefeito de Ipatinga, ex-deputado federal e Mestre da União do Vegetal (UDV). A obra fala sobre como a hoasca (também conhecido como ayahuasca, daime ou vegetal), usada na UDV como um chá sagrado sofreu perseguições – inclusive do governo estadunidense – há anos e como se conseguiu a sua liberação no país e no mundo. O livro vem sendo considerado um registro histórico da defesa da liberdade religiosa das entidades hoasqueiras.

Criada pelo seringueiro José Gabriel da Costa (o Mestre Gabriel) nos anos 1960, no Acre, a UDV foi, durante muitos anos - juntamente com religiões como o Santo Daime, Barquinha, Alto Santo, Cefluiris, entre outras - perseguida pelas autoridades por utilizarem o chá hoasca em seus rituais.

O chá é preparado com a utilização do cipó Mariri (Banisteriopsis caapi) e folhas da árvore Chacrona (Psychotria viridis) que são plantas nativas da Floresta Amazônica. A hoasca é utilizada pelos sócios da UDV para efeito de concentração mental e com o objetivo de promover a evolução do ser humano no desenvolvimento de suas virtudes morais, intelectuais e espirituais. Há muitos anos estas plantas fazem parte da cultura dos povos da região amazônica, sendo empregadas em rituais religiosos e de cura.

Por falta de conhecimento, os discípulos destas instituições foram acusados de fazerem uso de uma substância considerada entorpecente. O livro de João Magno - "O Edificar da Paz - A Regulamentação do Uso Religioso do Chá Hoasca no Brasil" -, no entanto, vem desmistificar estes fatos e mostrar o trabalho feito por ele, juntamente com representantes de diversas religiões cristãs usuárias do chá, para o seu devido reconhecimento religioso. Para tal, o autor faz uso de farta documentação de reuniões que participou, relatórios técnicos e científicos.

Reunião decisiva

“Antes daquela reunião do Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD), disse para mim mesmo: ‘Vou encarar os doutores do Conad com o pouco que sei do Mestre Gabriel, o Mestre que procuro seguir, por sua inteira fidelidade aos ensinos de Jesus, e seja feita a vontade Deus”. A reunião a que o autor se refere no livro é a realizada em 2001 em Brasília. Sabendo do encontro de última hora, João Magno, então Deputado Federal, pediu para participar da reunião pois o futuro do uso do chá hoasca no Brasil seria definido naquela reunião.

É a participação do então deputado naquela reunião que desencadeia todo um movimento de João Magno e da UDV pela liberação do chá hoasca exclusivamente em seus rituais, tanto aqui quanto nos Estados Unidos, uma vez que naquele país o seu consumo esteve proibido por muitos anos.
“Os dirigentes da UDV, no Brasil e nos Estados Unidos, em uma arrojada batalha jurídica, apresentaram estudos científicos consistentes, sustentados por resoluções da ONU, comprovando ser o chá usado na UDV inofensivo à saúde humana. O governo dos Estados Unidos se pôs mais reativo em suas ações. A UDV, por precaução, no sentido de evitar algum indiciamento, havia entrado com um processo judicial na Justiça dos Estados Unidos, requerendo o pelo direito de seus associados comungarem o chá em seus rituais religiosos”, explica o autor.

João Magno diz que, no contexto da guerra às drogas liderada pelo governo de George W. Bush, nos anos 2001 a 2008, o chá hoasca começou a ser muito combatido por causa da falta de conhecimento do governo sobre o assunto e foi incluído erroneamente na categoria de drogas ilícitas e entorpecentes, como drogas sintéticas e processadas que foram traficadas para o mercado norte-americano.

Mas, o autor explica ainda no livro que a própria ONU (Organização das Nações Unidos) já havia, há muito, liberado o uso da DMT (dimetiltriptamina). Trata-se de uma molécula que produzimos em nosso corpo, principalmente quando dormimos e que também está presente nas folhas da Chacrona e que leva aos efeitos de mirações e visões quando consumida.


“Há resoluções da ONU que não deixam qualquer margem de dúvidas quanto às substâncias psicotrópicas e o uso do Chá Hoasca, onde consta comprovado cientificamente não ser a DMT uma substância alucinógena quando tomada via oral, sendo exatamente esse o modo de uso praticado pela UDV”, atesta João Magno. Estudos científicos descobriram que o princípio ativo das plantas que compõe a hoasca, que vem do seu cozimento, tem tido resultado no tratamento da depressão e dependência de drogas. Com base no Relatório Final do Grupo Multidisciplinar de Trabalho GMT – AYAHUASCA de 2006, homologado e publicado integralmente por resolução governamental em 2010, o Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (CONAD) do Brasil permitiu, finalmente, o uso da hoasca para fins religiosos.

Expansão

Com a regulamentação do uso da hoasca apenas em rituais religiosos, a UDV pode finalmente expandir no Brasil e no mundo, tomando como referência a resolução da Suprema Corte norte-americana. A religião, que foi fundada 22 de julho de 1961 pelo seringueiro e líder espiritual José Gabriel da Costa, o Mestre Gabriel, hoje já conta, além da Sede Geral, em Brasília, com 212 Núcleos e 23 Distribuições Autorizadas de Vegetal, localizados em todos os estados brasileiros e em dez países: Estados Unidos, Canadá, Peru, Portugal, Espanha, Reino Unido, Suíça, Itália, Holanda e Austrália. Na região, a UDV tem núcleos em Santana do Paraíso, Jaguaraçu e Governador Valadares.

O autor

João Magno de Moura é filho de Cirilo Pinto de Moura e Dalva Moura de Araújo. Nasceu em São Geraldo da Piedade, é Licenciado em Letras, Inglês e Português pela Faculdade de Filosofia e Letras de Caratinga. Foi bancário, sindicalista, professor, vice-prefeito de Ipatinga (1989-1982), prefeito de Ipatinga (1993-1996) e deputados federal por dois mandatos (1999-2006). FÉ sócio da União do Vegetal há 31 anos, sendo Mestre há 20 anos. Por seus relevantes serviços prestados a Minas Gerais e ao Brasil, foi condecorado com a Medalha da Inconfidência (2000) e a Medalha Oficial da Ordem de Rio Branco, por decreto presidencial de 16/03/2004.

Serviço
Lançamento do livro “O Edificar da Paz – A Regulamentação do Uso Religioso do Chá Hoasca no Brasil”
Autor: João Magno de Moura
Dia: 21 de julho (sexta-feira)
Horário: 19 horas
Local: Sindicato dos Bancários do Vale do Aço (R. Jacarandá, 612 – Horto, Ipatinga – MG)
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Comentários

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Denevalter Rodrigues Veloso

21 de julho, 2023 | 08:08

“Parece que o ex prefeito não tomou este chá pois na evolução moral e ética não teve efeito nenhum.”

Tião Aranha

21 de julho, 2023 | 08:05

“Boa observação a doTinho, deixemos as brincadeiras de lado. Para a ciência, só valem os dados da experiência. Se uma pessoa tem várias comorbidades, a tendência é de uma doença potencializar a outra - mesmo sem tomar nenhum remédio. No que tange a depressão, só se cura com o acompanhamento dum profissional da área e com medicação específica a base de lítio; pelo menos foi o que eu pesquisei. Mas se for for pra fazer o bem, a gente toma até injeção na testa, dizia meu avô. Risos.”

Rafael Lincoln Rodrigues Lopes

21 de julho, 2023 | 07:40

“Já fiz o uso em um ritual, não sei explicar, mas mudou muito minha forma de ver a vida. Posso dizer que meu humor, meu estilo de vida, minha forma de valorizar mais o ser humano, melhorou muito. Stresses, nervosismo, ansiedade, melhorou muito. Mas, deve se ter todo cuidado e cautela no uso, no ritual, tinha vários profissionais nos orientando e vigiando.”

Tião Aranha

20 de julho, 2023 | 23:14

“Se é empregado em rituais indígenas é dos bons. Dá pra fazer a cabeça. Pra quem é jovem e não tem comorbidades, pode até arriscar-se nas pequenas doses. Se tomar muito chá, além de perder a cabeça perde tb o resto do corpo. Esses políticos tão precisando tomar muitos chás pra ver se acertam no alvo. Risos.”

Tinho Mortadela

20 de julho, 2023 | 20:41

“Existem muitas pesquisas científicas que condena o uso deste chá. Não devemos glamourizar uma substância que causa dependência e alterações fisiológicas e psicológicas.
As pessoas confundem, por ser um chá, uma erva e ser usado por índios como algo natural e não prejudicial à saúde, mas foi demonstrado o contrário, que pode causar sérios danos para aqueles que o consomem.
Cuidado, devemos olhar a ciência e não o empirismo.”

Gildázio Garcia Vitor

20 de julho, 2023 | 17:03

“Parabéns ao Companheiro João Magno pelas suas pesquisas e lançamento do Livro!
Espero conseguir adquirí-lo. Não sou vegano, mas quando fui jovem, isso já faz tempos, esses chás psicodélicos sempre me atraíram, por curiosidade e loucura e vice-versa. Santo Daime nunca experimentei, como aprendi que devo viver com o espírito da minha idade, sem chances.”

Ventania

20 de julho, 2023 | 16:49

“Esse chá é do bom...”

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