
18 de julho, de 2023 | 12:04
Em ação contra a Usiminas, MPMG pede condenação de mais de R$ 346 milhões por danos morais e coletivos
Arquivo DA
Apesar de compromisso em reduzir o pó preto, MP ressalta que não se pode ignorar o fato de que há décadas de passivos ambientais e humanos que precisam ser solucionados

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) propôs Ação Civil Pública (ACP) contra a Usiminas, requerendo reparação de dano moral coletivo no valor mínimo de R$ 346.715.000, em razão da emissão de poluentes atmosféricos decorrentes do processo produtivo da unidade da empresa localizada em Ipatinga. Em resposta, a Usiminas informou que vem seguindo todos os compromissos assumidos com o MPMG e com a comunidade para a redução das emissões de partículas sedimentáveis.
Segundo apurado pelo MPMG, as partículas sedimentáveis (pó preto) causam incômodos e sofrimentos aos moradores da cidade, há décadas. Consta da ação ajuizada que, em Inquérito Civil instaurado, verificou-se que a sedimentação de partículas está em desacordo com os padrões especificados pela legislação em vigor. Relatório técnico da Gerência de Monitoramento da Qualidade do Ar e Emissões (Gesar) da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) e relatórios de automonitoramento elaborados pela própria Usiminas, demonstraram o descumprimento dos limites estabelecidos na legislação”, aponta o MP.
Em 2019, o MPMG e a Usiminas firmaram Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) para a implantação de medidas mitigatórias, no qual foram definidas metas de redução da deposição do material sedimentável a serem cumpridas até 2028. O cumprimento das obrigações vem sendo acompanhado pelo MPMG.
No entanto, segundo a ação, o acordo se volta a reduzir o impacto das operações da empresa nos próximos anos, mas "não se pode ignorar o fato de que há décadas de passivos ambientais e humanos que precisam ser solucionados. Afinal, a responsabilidade ambiental pela poluição não se restringe à mitigação da conduta aos padrões legais, abrangendo também a reparação dos danos ambientais e dos danos morais coletivos”.
Incômodo
Um estudo de percepção realizado com a população de Ipatinga em 2022 revelou que 93% dos entrevistados relataram algum nível de incômodo com a presença do pó preto. O assunto foi tratado em audiência pública convocada pelo MPMG e em reunião de associação de moradores de bairros afetados. Segundo relatado, em 2017, por moradores, "a precipitação do pó preto atingiu um nível insuportável e intolerável, prejudicando o dia a dia das pessoas, provocando alergias e doenças respiratórias, além do desconforto das sujeiras provocadas nas residências e locais de trabalho no entorno da siderúrgica".
Conforme descrito na ação, outros depoimentos de moradores dos bairros ao redor da planta industrial da Usiminas sobre o impacto da sedimentação do pó preto retratam "a violação de valores, a diminuição da qualidade de vida e o sofrimento da coletividade, traduzido nos sentimentos de constrangimento, frustração, desgosto, desesperança e impotência".
Diante disso, a ação requer, liminarmente, a decretação da indisponibilidade de bens da Usiminas no valor de R$ 346.715.000 para assegurar o ressarcimento dos danos à coletividade, e que, ao final, a empresa seja condenada a indenizar o dano moral coletivo no mesmo valor, com as devidas correções.
Assinam a ação o promotor de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Ipatinga, Rafael Pureza; o coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Carlos Eduardo Ferreira Pinto; o coordenador estadual de Meio Ambiente e Mineração, Felipe Faria de Oliveira; e a coordenadora regional das Promotorias de Justiça do Meio Ambiente da Bacia do Rio Doce, Hosana Andrade de Freitas.
Empresa destaca ações realizadas
Por meio de nota, a Usiminas informou que vem seguindo todos os compromissos assumidos com o MPMG e com a comunidade para a redução das emissões de partículas sedimentáveis. A empresa esclarece que além dos controles já existentes, diversas novas medidas já foram implementadas como a instalação de canhões de névoa em diferentes pontos da usina, aplicação de polímeros, revitalização do cinturão verde, reforço na varrição mecânica e na umectação de vias internas, entre outras ações. A empresa instalou, ainda, uma Central de Monitoramento e uma Rede Automática de Monitoramento de Particulado, uma iniciativa pioneira entre as siderúrgicas do país. A Central conta com seis pontos de monitoramento instalados na cidade, que indicam redução das emissões”.
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Opderario Oprimido
21 de julho, 2023 | 10:47Penso q o Vale do Aço precisa evoluir, e para isso precisa de atrair empresas limpas, q pruzem renda e qualidade de vida a esta população tão sofrida. Tem q acabar c esse monopólio miseravel desta siderúrgica q já ate metralhou trabalhadores q pediam comida p suas familias!!!”
Leandro
19 de julho, 2023 | 14:58No bairro horto e bom retiro está insuportável, tanto no pó que é visível a noite pela iluminação pública e pelo barulho alto que vira a madrugada”
Morador Antigo
19 de julho, 2023 | 14:25Precisamos entender que a usina foi construida primeiro. Daí as pessoas foram construir casas e prédios ao redor da usina e reclamam da poluuição. Não tem jeito. Pode levar a usina lá pro deserto do Saara, que as pessoas constroem casas ao redor e depois reclamam. Se virem, mudem-se para longe da usina. É sofrido? É. Tem incômodo morar longe do Centro? Tem sim senhor, mas quem não quer respirar gases e pó industrial, como eu fiz há 25 anos. Procure outro lugar para viver, bem longe. Prefiro o incômodo do trânsito diário do que respirar hidrocarbonetos aromáticos (benezeno).”
Wiler Batista dos Santos
19 de julho, 2023 | 13:09Ipatinga existe por causa da Usiminas, valorizo tudo q que ela fez pela existência desta linda cidade que amo muito, porém não posso ignorar os males que a poluição provocou em minha família , alergias, gripes etcetera, só concordo com a ação se for para ressarcir danos a saúde, não se for para beneficiar políticos, de qualquer forma, viva Ipatinga, viva esse povo abençoado que lutou por essa cidade e a ama, só não entendo porque uma ação depois de tanto tempo!”
Pablo
19 de julho, 2023 | 08:44Trabalhei nessa empresa e lá dentro, onde você andava 10 minutos sem máscara saia cuspindo preto e não tem nem insalubridade, pois segundo os "fiscalizadores" a área é isenta de particulados.
É um princípio básico: SE TEM DE USAR EPI, A ÁREA É DE RISCO!
Acidentei duas vezes na usina, na primeira enquanto trabalhava na aciaria 1 por conta de um defeito no oxigênio, onde o particulado voltou devido à má ativação do mesmo e voltou direto em meu olho esquerdo, tendo de parar no HMC para procedimento. O olho ficou tapado de um dia pro outro somente, onde fui orientado pelo meu ex encarregado Jaúl à remover o tampão e ir trabalhar normalmente no outro dia.
No segundo acidente machuquei a mão e pediram para ir à usina em horário administrativo para me demitir somente.
Empresinha boa com administração nojenta!”
Zeze
18 de julho, 2023 | 22:13SIDERURGIA NAO SE FAZ SEM MINERIOS, LOGO NÃO SE FAZ SEM POEIRA, FUMAÇA E GASES. ASSIM É IMPOSSÍVEL PARALIZAR A PRODUÇÃO DAS EMPRESAS QUE É UM GRANDE EMPREENDIMENTO E QUE PRODUZ RIQUEZAS PRA REGIÃO E O ESTADO.”
Antonio Ferreira
18 de julho, 2023 | 20:04Ao andar pelo centro da cidade e bairros adjacentes podemos sentir o ar pesado e carregado, é preciso jogar pesado com esta empresa que simplesmente ignora o bem estar social e ambiental da cidade . A usina trata os poluentes que produz em sua fábrica só se for assim: "bom dia dona fumaca, boa tarde, tudo bem?" KKKKKKKK”
José Geraldo Pereira
18 de julho, 2023 | 19:51Dia que ela Usiminas fechar as portas quero ver reclamar.”
Zé de Minas
18 de julho, 2023 | 19:03E vão repartir esta grana com a população afetada ou vai pro caixa 2 dos políticos ? Olha que vai dar um milhão pra cada Ipatinguense.”
Justiceiro
18 de julho, 2023 | 19:00Oba...e pra quem vai essa grana? Quero o meu $$$ por respirar essa poluição toda desde a infância...”