17 de julho, de 2023 | 13:28

Morre aos 88 anos o compositor e cantor João Donato

Divulgação
O corpo de João Donato será velado no Theatro Municipal do RioO corpo de João Donato será velado no Theatro Municipal do Rio

O pianista, cantor e compositor João Donato morreu, na madrugada desta segunda-feira (17), aos 88 anos, no Rio de Janeiro. A confirmação da partida do artista foi feita oficialmente por meio de suas páginas na internet, pela manhã.

A Casa de Saúde São José, que fica na zona sul do Rio, informou em nota que o falecimento foi às 3h20 desta segunda. A causa da morte não foi divulgada. No fim de junho, o cantor publicou uma foto com seu filho, Donatinho, “depois de 26 dias de molho no hospital”, mas não indicou a razão da internação.

Morador do bairro da Urca, na zona sul da capital fluminense, Donato era casado desde 2001 com a jornalista Ivone Belem. Ele deixa os filhos Jodel, Joana e Donatinho.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a perda de “um de nossos maiores e mais criativos compositores”, a quem chamou de “um dos gênios da música brasileira”.

“João Donato via música em tudo. Inovou, passou pelo samba, bossa nova, jazz, forró e na mistura de ritmos construiu algo único. Manteve-se criando e inovando até o fim. Que encontre a paz que tanto cantou. Sua música permanecerá conosco. Meus sentimentos aos familiares, amigos, músicos que nele se inspiraram e fãs no mundo todo”, escreveu Lula.



Artistas lamentam a morte de Donato



O mundo artístico também lamentou a morte do músico: “João Donato foi um dos seres humanos mais incríveis que conheci nessa passagem, um brasileiro sensacional… me chamava de Marcelinho e isso enchia meu coração. Vou sentir muito sua falta, meu amigo, descanse em paz”, escreveu o cantor Marcelo D2.

"Hoje um grande estruturador da moderna música brasileira nos deixa, aos 88 anos. João Donato é um gênio e fez com Gil uma paz invasora que inspira vários corações. Fez o não saber das bananeiras e com esse ritmo e melodia plantou nos pensamentos do Brasil um respeito maior ainda, as rítmicas que as canções promovem", afirmou o músico baiano, Carlinhos Brown.

"Além de ser um dos maiores de todos os tempos, sempre oportunizou os novos e buscou uma forma de estar caminhando e dando rumo a tudo que o Brasil produz em música. Ele é meu parceiro e tivemos oportunidades de termos músicas nossas interpretadas por Emílio Santiago, Carlos Santana, Bebel Gilberto, Timbalada, entre outros. Fica a falta e a saudade de um grande companheiro, mas fica principalmente um legado responsável que nos acordes do piano brasileiro ganhou mudanças com Johnny Alf, com Tom Jobim e com o imortal João Donato. Que seu espírito seja celebrado pelos céus, assim como é a sua música na Terra. João, um grande homem", concluiu Carlinhos.

O músico Wilson Simoninha lembrou Donato como “um dos grandes mestres da nossa música”: “Lembro com carinho da emoção de ter tocado com ele em um programa do Serginho Groisman e ter passado a tarde no camarim conversando e escutando suas histórias foi incrível. Meus sentimentos Donatinho e toda família. Seguiremos escutando seus acordes e suas canções.”

Um dos precursores da Bossa Nova

"João Donato é um dos precursores da bossa nova, por sua atuação como pianista e compositor desde o início dos anos 1950. É moderno para a época, e seu piano já apresenta um toque diferente de tudo o que existe no momento", relata a Enciclopédia Cultural do Itaú.

No fim dos anos 1950, trabalhou com a cantora Elizeth Cardoso, em seguida, viveu por três anos nos Estados Unidos, e também excursionou pela primeira vez tocando com João Gilberto.

“Enquanto nos Estados Unidos, sua canção “Minha Saudade” (1955), parceria com João Gilberto, permeia o repertório das primeiras apresentação e festivais de bossa nova, estilo musical de fins da década de 1950”, descreve a Enciclopédia do Itaú.

Fez trabalhos com artistas como Tom Jobim, Astrud Gilberto, Dorival Caymmi, e os estadunidenses Nelson RIddle e Wes Montgomery.

No início dos anos 1970, grava o disco “Quem é Quem”, onde o até então intérprete de música instrumental aparece cantando pela primeira vez.

Fez parcerias com Gilberto Gil, em sucesso como “A paz”, “Bananeira” e “Lugar Comum”, com Caetano Veloso, como a famosa “A Rã” e “Surpresa”, com Chico Buarque fez “Cadê Você”, com Martinho da Vila, por exemplo, “Gaiolas Abertas” e “Daquele Amor Nem Me Fale” e, com Cazuza, “Doralinda”.
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